Existe um Brasil que os engajadinhos de Facebook nunca ouviram falar. É o país do “Bumbum Granada”.
Para quem nunca ouviu falar, “Bumbum Granada” é a magnum opus dos MCs Zaac & Jerry de Diadema (SP). Ela ultrapassou a marca de 54 milhões de visualizações no YouTube e é a música mais ouvida do Spotify Brasil e a mais vendida da iTunes Store do país. Zaac & Jerry chegam a dar oito shows numa noite por conta do sucesso.
Veja o clipe no final da postagem.
O vídeo mais popular da história do Porta dos Fundos teve 21 milhões de visualizações, menos da metade do “Bumbum Granada”. A marca atingida pelos MCs de Diadema não é pouca coisa, acredite.
O clipe é o que você imagina: homens em volta de mulheres levantando e chacoalhando o períneo embaladas por uma letra que diz que eles estão “carregando vários pente” e “se quiser pode vim que essa mina é preparada” porque tem “bumbum granada”. O refrão é “Vai, taca / Taca, taca, taca, taca, taca”.
Este estilo de dança já tem um termo correspondente em inglês: “twerking”, uma provável corruptela dos temos “twist” (girar, torcer) e “jerk” (babaca, idiota), ou seja, para os americanos “twerking” é dançar se retorcendo como um idiota. Miley Cyrus, na sua hipersexualizada versão atual, é uma adepta do “twerking” (traduzi e publiquei uma carta de uma mãe americana sobre ela, não deixe de ler aqui http://on.fb.me/17knFyv).
Enquanto o Brasil dança ao som do “Bumbum Granada”, não me recordo de ter lido algum textão de feminstas sobre as “mina” que aparecem no clipe ou que são diretamente influenciadas por elas. Alguém leu qualquer matéria de jornal relacionando a “objetificação” das mulheres de certo tipo de funk com a tal “cultura do estupro”, seja lá o que isso signifique?
Quem sabe você pode ver programas de TV com debatedores preocupados em “empoderar” as adolescentes de hoje, explicando as vantagens do desenvolvimento de uma vida sexual responsável, mais humana e menos fisiológica. Se viu, por favor me mande o link, eu desconheço.
Mais importante do que falar do “Bumbum Granada” ou similares, lembre que mais importante é não cair nunca na conversa hipócrita de blogueiros militantes, de sites financiados sabe-se-lá-por-quem ou das matérias jornalísticas influenciadas pelo que de pior é produzido em faculdades repletas de acadêmicos semianalfabetos, radicalizados e preconceituosos, gente que incentiva estilos de vida inimagináveis para os próprios filhos.
É hora de dar um basta nesse pessoal que diz lutar pela educação e que esperneia pelo MinC e pela Lei Rouanet mas, na prática, aplaude e patrocina todo tipo de lixo para consumo de quem eles consideram incapazes de apreciar entretenimento e arte de qualidade (sim, ela existe e não é um conceito “relativo”). Um dia é preciso que se entenda que este é o verdadeiro e mais odioso preconceito da parte da “intelligentsia” que acredita que só ela consegue admirar boa música, literatura, dança ou artes plásticas.
Não tenho qualquer problema com quem opte por consumir entretenimento ou arte de qualidade demonstravelmente inferior desde que façamos o possível para que o que de melhor a humanidade produziu em termos culturais esteja acessível a todos desde a infância.
O lixo cultural pode ser uma escolha, servir de catarse ou passatempo descompromissado, mas não pode nunca se tornar uma imposição pela falta de opção ou por uma perversão ideológica que trata “taca, taca, taca, taca, taca” como se fosse a Flauta Mágica de Mozart.
Ainda há inocentes que acreditam que uma sociedade liberal se constrói apenas com regras econômicas de livre comércio. O mercado é uma ordem espontânea da humanidade e esteve presente desde sempre na história, já os regimes realmente livres que conhecemos são fruto de idéias e tradições com raízes sócio-culturais identificáveis, entre elas uma imaginação moral construída com arte e literatura de qualidade. É a alta cultura, atemporal por definição, que leva à transcendência do espírito a superação da existência ditada e determinada apenas pela satisfação de instintos fisiológicos
Veja o clipe abaixo:
Por Alexandre Borges (clique aqui)
– Editor de nomes conservadores, Carlos Andreazza se firma como voz dissonante do mercado de livros – Jornal O Globo (clique aqui)
– Mídia Sem Máscara – Entrevista com o filósofo Roger Scruton (clique aqui)
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