15 de junho de 2016
Notícia do GLOBO:
Ele assistia dia sim, outro também, a assaltos na
vizinhança. Poderia ter se conformado e ficado apenas torcendo para não virar
alvo dos bandidos. Mas, indignado com a falta de segurança, o morador de
Piedade foi além. Há dois anos, assumiu um papel que deveria ser do poder
público e espalhou câmeras pelas ruas Sousa Cerqueira e Xisto Bahia, que
viraram território livre de criminosos.
Na rotina de ataques gravados, flagrou
desde um assalto em que uma mulher ficou sem a bolsa até o roubo de um carro a
apenas 20 metros de uma blitz da PM. A violência arquivada em pen drive, depois
das muitas queixas que não comoveram a polícia, ganhou um capítulo que o solitário
denunciante nunca imaginou ver em sua novela diária. Um bando invadiu, na
segunda-feira à noite, a Escola Municipal João Kopke, rendeu alunos que
assistiam à aula, roubou celulares, outros objetos e ainda espancou, com socos
e chutes, uma professora apenas porque ela se atrapalhou na hora de entregar a
chave de seu carro para a fuga.
Faltava pouco para as 21h de segunda-feira quando quatro
bandidos, com pistolas, entraram na escola, que, à noite, mantém turmas com
alunos da rede estadual. Alguns estudantes juram que um deles portava um fuzil.
Os criminosos percorreram o corredor do colégio, entrando nas salas para
assaltar os alunos. Alguns estavam em aula, outros faziam provas. Como uma
adolescente de 17 anos, que fazia avaliação de inglês, espanhol e português,
quando foi surpreendida por um ladrão. Segundo ela, o bandido mandou um outro
estudante recolher os celulares de todos.
— Fiquei muito assustada e tremendo. Eles nos ameaçavam, e
um deles chegou a soprar o cano da pistola. Depois que foram embora, larguei as
provas e abandonei a escola. Saí correndo. Não parei para nada — disse a jovem,
que será matriculada pela mãe numa escola particular depois de chegar em casa
traumatizada, aos prantos.
A professora que apanhou dos bandidos leciona matemática.
Ela tem 53 anos e ficou muito perturbada ao ser abordada pelos criminosos, que
pretendiam fugir em seu carro. Para alguns alunos, ela se atrapalhou para
entregar as chaves, o que teria motivado as agressões. Outros contaram que os
assaltantes podem ter achado que ela tentava esconder a bolsa para que não a
levassem. Há relatos de que a professora desmaiou, de tão nervosa. Ela chegou a
ir à 24ª DP (Piedade), mas, abalada, deverá voltar nesta quarta-feira para ser
ouvida pelos policiais.
— Um dos bandidos disse: “Está reagindo a assalto? Quer
morrer?” E partiu para cima da professora com socos e pontapés — contou um dos
jovens que, aterrorizado, assistiu à cena.
Esse é o cotidiano em muito bairro e escola do país. Como
esperar que esses alunos tenham condições de aprender o necessário para
competir no mercado? Como esperar que os professores tenham condições de
lecionar sem um ambiente com o mínimo de segurança e tranquilidade?
A ousadia dos bandidos é crescente. E a “desigualdade” não
explica isso, ao contrário do que diz a esquerda. Há alunos igualmente pobres
do outro lado, tentando estudar, aprender, para ser alguém na vida. São a
maioria. Enfrentam os obstáculos terríveis para tentar o caminho certo.
A esquerda adora tripudiar da polícia, vista como “fascista”.
Adora tratar bandido como “vítima da sociedade”, o que é um desrespeito com
todos os pobres que se esforçam diariamente para se sustentar ou se preparar
para a vida honesta de trabalhador.
Nosso ensino público é um tremendo fracasso. As causas não
têm ligação com o que aponta a esquerda. Não falta verba pública apenas. Há o
problema da doutrinação ideológica por parte de militantes disfarçados de
professores. Há a falta de segurança em muitas escolas, dominadas pelos
bandidos.
Há falta de disciplina a muitos alunos violentos e desrespeitosos. Há
uma mentalidade marxista de que o rico é opressor e o pobre, oprimido,
fomentada por Paulo Freire, o “patrono” de nossa “educação”. E há a mentalidade
igualmente paulofreireana de que os professores têm tanto a aprender com os
garotos do gueto como estes com os professores.
Enfim, está quase tudo errado. E nesse cenário não há como
imaginar o Brasil melhorando nos rankings internacionais do Pisa, disputando
vagas no mercado internacional de trabalho, liderando o desenvolvimento de
novas tecnologias. O PT esteve no poder por longos 13 anos, e não tivemos
melhora alguma nos resultados. A esquerda vai mesmo insistir em suas receitas
fracassadas, demandar somente mais recursos públicos para esse modelo falido?
Rodrigo Constantino
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