Por Mario Sabino
O
ataque em Nice é mais uma prova de que o governo francês é uma
porcaria, assim como a polícia e os serviços de informação. Como
jornalista, no entanto, eu não posso deixar de admirar o ritual
narrativo que segue cada atentado.
Depois
de descoberta a identidade do terrorista, ou terroristas, e
esclarecidos o número de vítimas e as circunstâncias gerais do ataque, o
procurador de Paris chama a imprensa para descrever tudo aquilo que as
autoridades sabem a respeito do assunto até aquele momento, bem como o
que não sabem.
O texto é cristalino e lido no tom certo — nem emotivo, nem monocórdio. A
gramática também escapa completamente ilesa, como sói acontecer nestas latitudes. Tradição literária ajuda nessas horas.
A
descrição do procurador de Paris confere sentido ao que parece não ter o
menor sentido. Organiza a investigação policial que ganhará mais
detalhes nas semanas seguintes, serve de ponto de partida para as
interpretações políticas que tomarão o noticiário e esboça outro
capítulo da história do país. Não menos relevante, dá início ao luto
nacional e aos lutos individuais de quem perdeu familiares e amigos. De
certa forma, é como o epílogo de uma tragédia grega.
Tudo é o exato contrário do que costuma ocorrer no Brasil. Quase
não temos narrativas e, quando tecidas, elas pecam pela obscuridade ou mentira deslavada.
É
na falta de tradição narrativa que Lula e os seus aliados apostam para
deturpar o que a Lava Jato vem contando de maneira ainda demasiado
técnica.
Talvez seja o caso de a República de Curitiba contratar o procurador de Paris para lhe dar mais clareza. O nome dele é François Molins.
Talvez seja o caso de a República de Curitiba contratar o procurador de Paris para lhe dar mais clareza. O nome dele é François Molins.
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