sábado, 9 de julho de 2016
Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
A guerra de todos contra todos os poderes tem um componente
preocupante e perigoso. Os esquemas organizadíssimos do crime
institucionalizado tentam, de todo jeito, desmoralizar o senso de Justiça. Para
isso, os mafiosos de plantão tiram proveito da falha estrutural do judiciário
em um País com regramento excessivo e péssima tradição de abuso do poder
estatal contra o cidadão. Infindáveis leis, regras, instruções normativas,
burocracia processual, combinada com a apologia ao crime e cultura da
impunidade, facilitam a Oclocracia (governo dos ladrões) em detrimento da
Democracia (segurança do Direito, através do exercício da razão pública).
Traduzindo para o popular essa base teórica que só não
enxerga quem sofre de cinismo - e não necessariamente de cegueira: em parceria
com a máquina corrupta estatal, os bandidos desafiam os cidadãos e agora abrem
fogo contra a banda do judiciário que tenta combater a corrupção - embora isso
seja o mesmo que enxugar gelo, se não forem mudadas as condições estruturais do
Brasil, um País concebido para ser uma rica e corrupta colônia de exploração
artificialmente mantida na miséria, apesar de suas riquezas. A classe política
- que fatura alto para obedecer às ordens de seus patrões e financiadores
transnacionais para deixar o Brasil como sempre esteve - abre fogo contra
magistrados e promotores.
A ministra Nancy Andrighi, Corregedora do Conselho Nacional
de Justiça, já arquivou 14 reclamações contra o juiz Sérgio Fernando Moro,
transformado em "Herói Nacional" por sua atuação nos processos da
Lava Jato. As diferentes acusações contra o titular da 13a Vara Federal em
Curitiba são sempre as mesmas: usurpação de competência. Indiretamente,
advogados que acionam Moro reclamam que ele abusa de autoridade. Este é
exatamente o mesmo argumento do Projeto de Lei 6418, do ano de 2009, que agora
Renan Calheiros - presidente do Senado e notório réu na Lava Jato e em vários
outros processos - comete a ousadia de defender.
A Associação dos Juízes Federais do Brasil critica duramente
as intenções dos políticos, justamente no momento em que juízes,
desembargadores e ministros do poder judiciário promovem um intenso
enfrentamento contra a corrupção: "A Ajufe rechaça quaisquer medidas que
enfraqueçam as garantias da magistratura, em especial aquelas que têm o
objetivo de gerar, nos juízes, o receio da punição em desacordo com os trâmites
constitucionais e legalmente previstos na Loman - Lei Orgânica da
Magistratura".
A Ajufe bate forte: "A independência judicial existe
para assegurar julgamentos imparciais, imunes a pressões de grupos sociais,
econômicos, políticos ou religiosos. Ela garante que o Estado de Direito será
respeitado e usado como defesa contra todo tipo de usurpação. Trata-se de uma
conquista da cidadania, que é garantia do Estado Democrático de Direito e
essencial à proteção dos direitos fundamentais do cidadão. As
prerrogativas da magistratura são invioláveis porque agem em benefício da
sociedade como um todo. Não cabe à lei ordinária restringi-las, nem, mais
gravemente, aboli-las. A Ajufe e os magistrados federais esperam ser
convidados para apresentar sugestões e debater publicamente matéria tão
importante para o País".
Enquanto o debate não acontece seriamente, decisões
judiciais polêmicas entram na berlinda... Mais uma vez, vigora a tese de que
ricos e poderosos ficam pouco tempo na cadeia. O ministro Nefi Cordeiro, do
Superior Tribunal de Justiça, determinou a soltura dos presos da Operação
Saqueador, entre eles o bicheiro Carlinhos Cachoeira, o ex-dono da Delta
Fernando Cavendish, o ex-diretor da Delta Cláudio Abreu e os empresários Adir
Assad e Marcelo Abreu. A Justiça Federal no RJ tinha aceitado denúncia contra
Cavendish, Cachoeira, Assad e mais 20 pessoas por envolvimento num esquema de
lavagem de pelo menos R$ 370 milhões em verbas públicas federais.
Diante de mais uma decisão judicial que alimenta o clima de
impunidade, o Brasil assiste à petética novela Eduardo Cunha. O cabra que
renunciou à presidência da Câmara, muito a contragosto, depois de já ter sido
afastado judicialmente pelo Supremo Tribunal Federal, faz de tudo para não
perder o mandato e garantir seu foro privilegiado para julgamento. A manobra
depende da eleição de um aliado para o comando da Câmara, contando com o
temerário apoio velado do Presidento interino Michel Temer. Se Cunha não for
bem sucedido, só lhe restará a alternativa que a maioria dos políicos não
deseja: partir para a "transação penal".
Uma delação premiada de Eduardo Cunha seria o maior passo
para as transformações institucionais no Brasil. Cunha é o homem bomba
perfeito. Ele tem plenas condições de revelar quem são e como operam os maiores
promotores da corrupção no Brasil. Por enquanto, excelente ator, Cunha insiste
na complicada tese de "inocência". Ele não vai admitir que cometeu
qualquer crime, a não ser que perca o mandato ou que sua mulher e filha acabem
presas preventivamente por ordem do juiz Sérgio Moro. Cunha ainda aposta na
remota chance de continuar deputado e ora feito doido para que consiga trazer
de volta ao STF as broncas contra Claudia Cruz e Daniele Cunha.
A tática da politicagem corrupta é fazer de tudo para
garantir o foro privilegiado de Cunha, para ganhar tempo. Aposta-se que o caso
dele, no STF, possa demorar uns dez anos para chegar a um julgamento final, com
aquele famoso "trânsito em julgado". Se Cunha não for bem sucedido na
manobra, ele se credencia como o mais perigoso delator premiado da História
brasileira. Concretamente, Cunha teme pela própria vida, caso chegue a tal
estágio. Por isso, enquanto nada se resolve concretamente, o negócio é meter o
pau nos magistrados
.
O jogo bruto promete capítulos de tirar o fôlego, a
liberdade e, em caso extremo, até a vida dos vários personagens envolvidos na
trama.
Cunha ainda pode escolher entre a delação ou a danação.
Tomara que o "Malfado Favorito" se torne o "Traidor Espetacular".
Defesa dos atacados
https://youtu.be/ikMhFqnBPAU
Defesa dos atacados
https://youtu.be/ikMhFqnBPAU
Desembargador Laercio Laurelli defende que é preciso agir
contra a corrupção em defesa da Magistratura e de Juízes atacados por acusados
desesperados.
Na entrada, durante e na saída
Tudo pela família
Sortudo na Câmara
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