FOLHA DE SP - 19/07
A internet, ao proporcionar comunicação instantânea e ilimitada, vem apagando as fronteiras entre profissionais estabelecidos e diletantes nos mais diversos ramos de atividade. Donos de carros agora podem fazer um dinheirinho como motoristas de Uber. Proprietários de imóveis são seduzidos para atuar no setor de hotelaria através de aplicativos como o Airbnb. O terrorismo não é uma exceção.
O fenômeno dos lobos solitários (ou das pequenas alcateias apenas tenuamente ligadas a centrais do terror como a Al Qaeda ou o Estado Islâmico, para não perder a metáfora) é marca dos ataques mais recentes, como os que vimos em Nice e Orlando. Em ambos os casos, o perfil dos perpetradores não se encaixa bem no de pessoas que se radicalizam aos poucos nas mesquitas e acabam sendo doutrinadas e treinadas pelas organizações terroristas. Seus motivos para o ataque parecem acima de tudo pessoais –e a conexão religiosa soa mais como pretexto conveniente do que como causa primária.
A socióloga Liah Greenfeld, em recente artigo para o "New York Times", levantou uma hipótese interessante. Para ela, casos como os citados, embora possam ser considerados atos de terror, seriam mais bem descritos como ações de indivíduos com sérios transtornos mentais. Lobos solitários tenderiam a ser pessoas com histórico de depressão e desajustes sociais. Teriam fortes ímpetos suicidas. Ideologias violentas, como o islã radical, seriam delírios "prêt-à-porter" que os ajudariam a forjar um sentido para seu desconforto existencial, convertendo o que seria um suicídio clássico em assassinatos em massa. O interessante da hipótese de Greenfeld é que ela também explica as ações dos atiradores que vêm alvejando policiais nos EUA.
Se isso é correto, dá para dizer que o terrorismo também foi "desregulamentado". Malucos dispostos a morrer podem atuar por fora como terroristas. Tempos difíceis os nossos.
A internet, ao proporcionar comunicação instantânea e ilimitada, vem apagando as fronteiras entre profissionais estabelecidos e diletantes nos mais diversos ramos de atividade. Donos de carros agora podem fazer um dinheirinho como motoristas de Uber. Proprietários de imóveis são seduzidos para atuar no setor de hotelaria através de aplicativos como o Airbnb. O terrorismo não é uma exceção.
O fenômeno dos lobos solitários (ou das pequenas alcateias apenas tenuamente ligadas a centrais do terror como a Al Qaeda ou o Estado Islâmico, para não perder a metáfora) é marca dos ataques mais recentes, como os que vimos em Nice e Orlando. Em ambos os casos, o perfil dos perpetradores não se encaixa bem no de pessoas que se radicalizam aos poucos nas mesquitas e acabam sendo doutrinadas e treinadas pelas organizações terroristas. Seus motivos para o ataque parecem acima de tudo pessoais –e a conexão religiosa soa mais como pretexto conveniente do que como causa primária.
A socióloga Liah Greenfeld, em recente artigo para o "New York Times", levantou uma hipótese interessante. Para ela, casos como os citados, embora possam ser considerados atos de terror, seriam mais bem descritos como ações de indivíduos com sérios transtornos mentais. Lobos solitários tenderiam a ser pessoas com histórico de depressão e desajustes sociais. Teriam fortes ímpetos suicidas. Ideologias violentas, como o islã radical, seriam delírios "prêt-à-porter" que os ajudariam a forjar um sentido para seu desconforto existencial, convertendo o que seria um suicídio clássico em assassinatos em massa. O interessante da hipótese de Greenfeld é que ela também explica as ações dos atiradores que vêm alvejando policiais nos EUA.
Se isso é correto, dá para dizer que o terrorismo também foi "desregulamentado". Malucos dispostos a morrer podem atuar por fora como terroristas. Tempos difíceis os nossos.
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