A ideia é: já que nós duas temos “vaginas”, e somos “oprimidas pelo
patriarcado”, devemos advogar uma em defesa da outra. Isso na prática
funciona? Evidente que não.
Você já ouviu falar em “sororidade”?
Não? Bem, talvez sim, caso você tenha o hábito de andar lá pelos rincões
do Facebook. Mas, se aceita minha explicação, aí vai:
Sororidade é a empatia
automática que uma mulher deve ter com outra mulher independentemente de
sua história pregressa e até mesmo de seu caráter. A ideia é: já que
nós duas temos “vaginas”, e somos “oprimidas pelo patriarcado”, devemos
advogar uma em defesa da outra.
Isso na prática funciona? Evidente que não.
Entendo como um grande erro mulheres que
insistem em carregar diversos estigmas umas sobre as outras. Não
adianta dizer que os estigmas não existem: está na música de uma
funkeira dessas, que recentemente foi alçada ao posto nobre de
‘feminista do povão’ – é mole?
A música da funkeira diz “O meu sensor
de periguete explodiu. Pega sua inveja e vai pra puta que pariu…” Que
inveja? Do que ela tá falando? Que coisa mais de gente com espírito de
porco.Você pode pensar: “ah a música é só uma
brincadeira”. É uma brincadeira ruim, você já viu a selvageria que é
quando uma mulher briga com a outra por causa de vagabundo? Vá ao
Youtube e veja. Faça o search “talarica”, veja a violência que é uma
briga dessas. Não há só mulheres, mas meninas se estapeando por disputa
de vaidade – muitas vezes alimentada pela música da “feminista
funkeira”.
Você acha tudo lindo? A funkeira é amiga dos gays? Vai vendo…
Outra que a gente pega na mentira é
Hillary Clinton, que eu considero uma imoral por ter fechado os olhos e
virado a cara para o boquete histórico no Salão Oval, mas ela ainda foi
além: passou a vender uma almofada femininistinha durante sua atual
campanha – só devemos lembrar que a mulher de Bill deixou Monica
Lewinsky sair de piranha sozinha nessa história toda.
Hillary jamais teve a tal “sororidade”
com Monica Lewinsky quando deveria ter. Cadê a sororidade com a
estagiária que fez sexo oral no seu marido? Tem não, alguns sentimentos
nossos são animalescos, principalmente aqueles que ferem nossa dignidade
de fêmea. Nunca a Sra. Clinton abriu a boca para falar nada para
minimamente defender Monica. Eu não me preocuparia com isso, se Hillary
agora não inventasse de bancar a feminista em 2015/16, porque vivemos
tempos de uma justiça social histérica e ela queria achar seu nicho e,
por ser mulher, achou legal virar feminista como quando era
universitária.
Ah, sabe o que eu lembrei? A Hillary tem
um “projeto” para os EUA, que é muito grande e bonito para ser
estragado por um boquete…
Aham.
Outro dia deu na TV que uma mãe largou
um bebê recém-nascido em um córrego, para a criança morrer mesmo. E o
neném morreu, de fato. Questionada, a mãe relatou que escondeu a
gravidez do avô da criança que era bêbado e violento e, quando nasceu
seu filho, achou que seria uma boa ideia descartar a criança no córrego,
no frio, ao relento. Se você tiver um pingo de sanidade, essa história
vai chocá-lo e você pensará “essa mulher deve ser presa, afinal ela é
uma assassina”, certo? Errado. Aliás, se for uma adepta do feminismo
contemporâneo, erradíssimo.
Uma dessas feministas, no Twitter, me
disse o seguinte: “você tem que olhar com ‘sororidade’ para a mulher
porque ela sofreu violência do patriarcado e por isso pirou e matou o
filho”. Percebem?
O pessoal tá passando a mão na cabeça em
nome da tal sororidade. Será que eu deveria ter sororidade com a Suzane
Von Richstofen e com o Sandrão sua ex- namorada sequestradora de
criancinha?
O feminismo da Hillary, assim como o da
funkeira, vem bem a calhar quando elas precisam “humanizar” sua imagem,
ainda que no passado elas próprias tenham jogado mulheres na fogueira
com o que disseram, cantaram ou mesmo deixaram de fazer.
Que sororidade é essa da Hillary e da
funkeira? Acredito que “sororidade” a gente deva ter com mulher que
tenha bom caráter. Mas aí é respeito e isso se tem com qualquer um
independentemente do sexo. Sororidade não existe.
Camilla Lopes
é jornalista, trabalha há mais de 7 anos com conteúdo online. Também é
orgulhosamente mãe e dona de casa. Gosta de escrever sobre a mulher na
sociedade. Mantém com Sarah Bergamasco e Karina Audi a página Margaretes. Escreve no Implicante às terças-feiras.
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