7 de Junho de 2016
Por Mario Sabino
Muitos
leitores de O Antagonista perguntam se o Brasil tem jeito. A
pergunta traduz uma angústia circunstancial -- ligada à crise política e
econômica dos dias que correm-- e outra de fundo: existe chance de o
país vir a civilizar-se? Em relação à circunstância, acho que o Brasil
sairá da crise política, caso finalmente releguemos Dilma Rousseff ao
passado. Uma vez que ela seja cancelada do nosso cotidiano, a economia
exibirá uma melhora inercial
que poderá ganhar velocidade se Michel Temer cumprir pelo menos metade
do que se propôs.
O
meu otimismo não vai além das obviedades que escrevi acima. Na
minha opinião, estamos condenados a ser um país de segunda categoria,
com altos pouco altos e baixos muito baixos.
Baseio-me
na geografia e história do Brasil. Estamos longe das nações
que poderiam nos proporcionar alianças ou integrações decisivas para o
nosso progresso material e espiritual. Não nascemos do idealismo que
criou os Estados Unidos, mas da cobiça, luxúria e tristeza de que falava
Paulo Prado, em "Retrato do Brasil".
Os
modernistas tentaram transformar
esses nossos defeitos em qualidades capazes de erguer um novo tipo de
civilização, mas nem a sua arte tinha qualidade, nem os seus propósitos,
realidade.
Quando
se observa o universo partidário, a fatalidade fica mais clara.
PMDB, PT, PSDB, PP, PTB e que o mais for não são apenas siglas, e sim
o sequenciamento de uma genética histórica infeliz. Os políticos
brasileiros não estão divorciados da maioria dos eleitores, sejam eles
pobres, remediados ou ricos.
São a expressão máxima das suas ambições e
dos seus apetites. Estamos condenados a ser ávidos, libertinos,
melancólicos.
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