sexta-feira, 24 de junho de 2016

Brexit pode nos ferrar ainda mais?

sexta-feira, 24 de junho de 2016

2a Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net


Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net


O que vai ou pode sobrar para o Brasil com o Brexit? Quem melhor respondeu foi o rubro-negro e ex-Presidente do Banco Central do Brasil, o economista Carlos Geraldo Langoni, diretor do Centro de Economia Mundial da Fundação Getúlio Vargas. A entrevista de Langoni ao jornal Valor Econômico representa um chute no saco no otimismo que o Presidento interino Michel Temer tenta vender ao mercado. A equipe econômica de Henrique Meirelles sabe que estamos diante da recessão mais brutal e da mais grave crise estrutural da História. O Brexit só vai ajudar a atrasar as soluções para o Brasil.


Langoni foi realista com o Brexit: "O timing não poderia  ser pior para o mundo e principalmente para o objetivo brasileiro de uma saída rápida do ciclo recessivo. Essa decisão vai tornar as coisas, que já eram difíceis, mais difíceis". O economista da FGV prevê alguns movimentos: Haverá fugas de capitais de economias emergentes que dependem de commodities e que estão convivendo com déficit em conta corrente elevados ou com desequilíbrios internos, o que é o caso brasileiro.




Carlos Langoni traça uma previsão sobre o Real: "O câmbio vinha com um viés de valorização que vai ser interrompido em função  dos desdobramentos da saída do Reino Unido do mercado comum. A tendência nos próximos meses é de que o real, que vinha se acomodando num patamar de R$ 3,50 ou até um pouco menos, sofra alguma correção de rota".



Os banqueiros e rentistas especuladores certamente adoraram o que Langoni classificou como ruim em função do efeito Brexit sobre o Real: "A valorização do real frente ao dólar e a melhoria da inflação poderia dar um espaço ao Banco Central para reduzir os juros internos já no terceiro ou quarto trimestre do ano. E essa possibilidade poderá ser postergada ou mesmo afastada".



Sob ponto de vista da geopolítica, Langoni antevê uma grande instabilidade internacional: "A saída do Reino Unido dá espaço a um bloco mais protecionista e menos liberal, com peso maior para países como França, Itália, Espanha e a própria Alemanha, que hoje é uma economia com um viés liberal. Essa é uma consequência muito importante para o Brasil e para os países que querem fazer um acordo com o bloco no futuro. Vai ficar mais  difícil com a saída do Reino Unido".



Langoni acrescenta: "A segunda consequência é o efeito cascata. Em 2017 vamos ter eleições em países-chaves como Alemanha, França e Holanda. É bem provável que o exemplo do Reino Unido seja imposto por partidos nacionalistas ou até ultranacionalistas com um viés populista. Isso pode, sim, aumentar as dúvidas com relação ao futuro do bloco".



O problema brasileiro fica muito mais grave do que muito bem aponta o companheiro flamenguista Langoni com a decisão popular para o Reino Unido deixar a União Europeia. O Brasil continua não levando a sério, com amplo debate democrático, as soluções para a brutal crise estrutural - que é mãe das outras crises: política, econômica e moral. Se o Brasil avança na vontade de combater a corrupção, permanece estagnado na hora de tomar decisões corretas de política-econômica. Seguimos reféns do improdutivo Capimunismo rentista, em que o Estado é uma máquina de moer quem trabalha e os vermes de uma zelite parasitária.



Uma maioria apertadinha de britânicos (apenas 52%) resolveu dizer não a um modelo supranacional, globalitário, rotulado pela tal União Europeia - que é uma mistura artificial e falsa de países. Os controladores ingleses da economia transnacional foram tão malandros que nunca aderiram ao Euro, embora fingissem fazer parte daquela zona (sem trocadilho).



Agora, permanecer na UE interessava aos objetivos de controle deles sobre o resto do continente. Sem entender direito como o globalitarismo funciona, mas percebendo que algo não ia bem, o dividido povo da Inglaterra jogou seu peso sobre a turma do País de Gales, Escócia e Irlanda, para votar em favor da "imaginária" soberania da ilha...



O mundo ainda vai assistir a situações inimagináveis muito em breve. prometem ser tensos os dois anos de complexas negociações para o Reino Unido deixar a União Europeia. E tudo pode ficar ainda mais "zoneado" dependendo do resultado da eleição presidencial de novembro, nos EUA, entre Hillary Clinton e Donald Trump.
Se os otários do Brasil não tomarem vergonha na cara, definindo um rumo para o nosso País, sofreremos, aqui na periferia, os piores efeitos da briga de cachorro grande lá nas metrópoles globalitárias. 



Volatilidades e dificuldades de crescimento global vão nos impactar, diretamente, mercados merdejantes como o nosso.




Como diria Joel Santana, o Brasil já está "exit" do jogo. Por isso, cabe indagar: Como de costume, vamos para o resignado "seja o que Deus quiser"? Ou, por um milagre, aproveitaremos a merda reinante para promover a inédita "Intervenção Cívica Constitucional" - única quimioterapia institucional que pode nos salvar?



Leia o artigo do Carlos Maurício Mantiqueira: God save the Brexit!


Releia a primeira edição desta sexta de São João: Entre Brexit e PTexit, bandidos tentam se salvar apostando na suprema judicialização da politicagem




Recado Joanino


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