quarta-feira, 22 de junho de 2016

O dia em que Bolsonaro aprendeu o que significa “homenagem ao Coronel Ustra”



O dia em que Bolsonaro aprendeu o que significa “homenagem ao Coronel Ustra”

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No dia da votação do impeachment, o deputado Jair Bolsonaro entrou para a história, de maneira negativa, ao elogiar o Coronel Ustra, torturador dos tempos do regime militar.


Muitos dos adeptos de Bolsonaro passaram a defender a memória do falecido coronel. Vários se orgulhavam de estar “reescrevendo a história, e contando as coisas do jeito certo”. Era incrível notar, porém, que eles todos pareciam (e ainda parecem) ter entrado em estado de histeria, não percebendo o absurdo em seu comportamento: em pleno 2016, víamos alguém que deveria defender a liberdade – contra a tirania petista – se posicionar a favor de uma ditadura militar.


Mais curioso ainda era notar como eles pareciam se espantar com o espanto das pessoas de direita em rejeição a esse discurso. Era quase como se dissessem: “Como você pode ser contra os elogios aos militares?”. Enfim, ficava claro que eles não percebiam o quanto pareciam insensíveis à razão.


Pois hoje Bolsonaro foi vítima de uma ação ditatorial. A atitude do STF, ao decidir torná-lo réu em uma absurda acusação de “apologia ao estupro” é uma das posturas de maior opressão e autoritarismo da Suprema Corte em muito tempo. O STF desrespeitou a liberdade e a civilização. Se valeu do poder estatal em escala tirânica para perseguir alguém por um único motivo: oposição política.


Lembremos que foi o PT que determinou em uma resolução a perseguição a Bolsonaro:


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Não tem conversa. Não há espaço para papo furado. Tudo está mais claro do que a neve: o STF usou seu poder de coerção para perseguir um adversário político do PT. Não há como negar. Decerto não partiram para a tortura, mas se valeram do autoritarismo, da tirania e do desrespeito à sociedade civil.


Não tivemos aqui a mesma violência que fora praticada nos porões da ditadura militar. De resto, o STF agiu igualzinho ao Coronel Ustra quando este se posicionava contra os adversários políticos, perseguidos com o uso da força e do aparato estatal.


Quando aquelas pessoas republicanas, adeptas da liberdade, se incomodaram com os elogios de Bolsonaro ao Coronel Ustra, parecia que os adeptos do deputado não entendiam nossa repulsa. Agiam como se conseguissem dar explicações coerentes. Na verdade, defendiam o indefensável.


Mas para que eles compreendam adequadamente do que estávamos falando, basta que os eleitores de Bolsonaro avaliem como estão se sentindo. Muitos deles estão se sentindo afrontados, humilhados, provocados e oprimidos por uma ação ditatorial. Caso estes sejam os sentimentos, eles estão justificados a tal. Eles foram vítimas de uma ação ditatorial. O mínimo que o ser humano deve sentir neste momento é uma sensação de profunda revolta, jamais de torpor.


Só há um detalhe: todos aqueles que rejeitaram a ditadura sentiram similar asco quando Bolsonaro defendeu Ustra. Questionava-se sobre como Bolsonaro teve a coragem de defender alguém que usou a força do estado para perseguir divergentes políticos. No fundo, o STF de hoje e o Coronel Ustra pertencem à mesma categoria daqueles que abusam do poder para praticar perseguição política.


No fim das contas, hoje deve estar claro para Jair Bolsonaro o quanto foi repulsiva a sua homenagem ao torturador no dia da votação do impeachment. É algo tão nojento quanto glorificar a vergonhosa atitude praticada pelo STF neste 21/06.


Podemos repudiar as ideias de Bolsonaro, mas é imperativo que ele seja defendido da violência praticada pelo STF. Assim como defendíamos as vítimas do Coronel Ustra. Tanto o Ustra dos tempos do regime militar como o STF dos tétricos momentos atuais vão juntos.


Espero que ao menos os eleitores de Bolsonaro – e quem sabe talvez até o próprio candidato –  tenham descoberto finalmente o quão repulsiva foi aquela “homenagem ao Coronel Ustra”.

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