No começo do dia os principais veículos repercutiram a delação do executivo da Andrade Gutierrez Flávio Gomes Machado Filho, que afirmou aos investigadores da Operação Lava Jato que o ex-tesoureiro do Partido dos Trabalhadores João Vaccari pediu R$ 30 milhões de propina para a campanha de Fernando Haddad para a prefeitura de São Paulo. Segundo o executivo, Vaccari pediu dinheiro para outras cinco empresas para bancar a empreitada de Haddad.


Isso foi de manhã, no começo do dia. E até agora Fernando Haddad não se manifestou. Ele também não se manifestou em nenhuma das ocasiões em que sua campanha foi citada. Como suposto beneficiário da corrupção ou acusado de ser beneficiado pelo crime, caberia a Haddad uma atitude rápida e certeira. É assim que os injustamente acusados se comportam. Não se tergiversa, não se enrola o cidadão. O homem público deve por obrigação de ofício, prestar contas ao eleitor. Haddad aparentemente não se sente obrigado a agir como homem.


Será que aprendeu com Marina Silva? Sim, depois que a porta-voz da Rede foi citada por Pedro Correia, sua campanha ainda foi implicada nos esquemas criminosos descobertos pela Operação Turbulência. Marina que havia participado do Roda Viva no dia anterior alegando “completa confiança em Eduardo Campos” e reafirmando a transparência e legalidade de sua campanha, foi constrangida pelos fatos menos de doze horas após sua defesa pública. Lisa como enguia, Marina acabou beneficiada pela prisão de Paulo Bernardo. Sua assessoria chegou a divulgar uma coletiva de imprensa que não aconteceu, e desde então Marina não tocou no assunto.


Diferente de Marina, que ainda tem a proeza de enganar alguns poucos incautos, Haddad já não engana ninguém. É repudiado por 70% dos paulistanos, e 55% avaliam sua gestão como ruim ou péssima. O prefeito que usa as disposições do cargo para perseguir críticos de sua gestão e movimentos sociais pró-impeachment, que brinca em serviço e persegue moradores de rua sempre deixou claro que governa apenas para a pequena elite progressista de São Paulo. 


Se fosse algo envolvendo as ciclofaixas superfaturadas, provavelmente Haddad se apressaria em prestar esclarecimentos. Mas não é o caso, são só R$ 30 milhões de propina para a campanha do cliclofascista. Coisa pouca. Como sempre repetimos aqui, são gestos nebulosos como esses que fazem algumas dúvidas se tornarem certezas.