terça-feira, 26 de julho de 2016

Olimpíada e aflição - ELIANE CANTANHÊDE

ESTADÃO - 26/07

Num ambiente tenso e polarizado como o atual, nada mais compreensível que a reação à prisão de 12 suspeitos de serem potenciais terroristas tenha ido de um extremo ao outro: muitos concluíram precipitadamente que eles são mesmo terroristas e haverá atentados na Olimpíada, outros tantos, ao contrário, estão convencidos de que as prisões foram uma grande palhaçada. Como tudo na vida, é melhor o bom senso, o meio-termo.

Há mais de um ano os órgãos de inteligência vêm monitorando tentativas de cooptação de “lobos solitários”, via internet, e o sinal amarelo brilhou com intensidade quando o Estado Islâmico (EI) passou a traduzir suas mensagens para o português. O Brasil está fora do radar de terroristas, mas a Olimpíada não é brasileira, é um evento internacional sediado no Brasil.

Como o seguro morreu de velho, o governo não teve outra alternativa senão prender os suspeitos para ouvi-los, tirar dúvidas, confrontar versões. Se os Estados Unidos tivessem sido mais diligentes quando o sinal amarelo acendeu, pelo menos as 49 mortes de Orlando poderiam ter sido evitadas. Os rastros do assassino foram negligenciados.

Evidentemente, nenhum dos 12 alvos da Operação Hashtag tem qualquer culpa até que se prove o contrário e ninguém pode ser acusado ou virar suspeito por professar a religião muçulmana, ou qualquer outra crença. Mas, se houve troca de mensagens, conversas, encontros ou sinais de que podem representar algum perigo, eles precisam ser investigados.

Com algumas coisas não se brincam, ainda mais com essa sensação desconfortável de que o tsunami está chegando: Paris, Orlando, Nice, Istambul, Cabul... O Brasil está inserido num mundo em que atentados e lobos solitários deixaram de ser peças de filmes de ação e passaram a ser estratégia de grupos sanguinários como o EI.

Em conversas com o ministro Raul Jungmann (Defesa), os generais Eduardo Vilas Boas (Exército) e Sérgio Etchegoyen (Gabinete de Segurança Institucional), o brigadeiro Nivaldo Rossato (Aeronáutica) e o prefeito Eduardo Paes (Rio), todos eles repetem a mesma coisa: não há nenhuma evidência de risco, mas não se pode descartar a probabilidade. Ou seja: é preciso ficar alerta.

Agora, diante das prisões, o tom de Jungmann foi um, o do também ministro Alexandre de Moraes (Justiça) foi outro. Talvez tenha faltado coordenação, ou combinação. Talvez não, tenha sido simplesmente proposital. Sabe o morde e assopra? Ou a tática policial do “bonzinho versus o malvado”? Pois é...

Para Jungmann, que é político e vem de muitos anos no Congresso e sabe da importância de tranquilizar a população, as delegações e os turistas que estão de malas prontas para a Olimpíada, convém reduzir os 12 presos à condição de “porras-loucas”. Para Moraes, que é da área de segurança e menos sutil, é preciso mostrar firmeza, pecar por excesso, não por omissão.

A nosotros, que olhamos tudo com perplexidade e um certo temor, vale ficar um pouco com a versão de Jungmann, outro tanto com a de Moraes e torcendo para que as prisões tenham sido, sim, uma bravata brasileira, ou uma palhaçada mesmo. Melhor mais um vexame, entre muitos, do que uma real possibilidade de atentados.

O fato é que a Olimpíada nem começou e já coleciona prisões, suspeitos de serem terroristas potenciais, autoridades batendo cabeça, o grito de desaprovação da delegação da Austrália e até o prefeito Paes reconhecendo, naquele seu jeitão, que as instalações dos australianos são ruinzinhas mesmo.

Bilhões de telespectadores pelo mundo estarão vendo os jogos e espiando de rabo de olho para o Brasil, para suas virtudes e mazelas. É por isso que a Olimpíada vai começar com muito brasileiro torcendo para acabar logo, para essa aflição passar rápido, junto com o medo de atentados e de vexames.



A hora mais escura - CELSO MING


ESTADÃO - 26/07

Espalha-se pelo mundo a desesperança e mais do que respostas definitivas, falta atitude de busca de saídas


O empresário Donald Trump foi sagrado na terça-feira passada, 19,candidato à presidência dos Estados Unidos pelo Partido Republicano.

A maneira mais equivocada de enfrentá-lo é tratá-lo apenas como mais um xenófobo e mais um ultraprotecionista, sem antes identificar os problemas de fundo e sem antes procurar soluções adequadas para as mazelas que tomam o mundo.

Os países de economia avançada e, até certo ponto, também os emergentes passam por um momento complexo, em que as pessoas sentem que estão sendo espoliadas e alijadas do seu futuro.

A renda vai sendo dilapidada, os direitos básicos assegurados por lei estão ameaçados por Estados quebrados e pelo crescimento de mais mãos e bocas sobre um bolo cada vez mais minguado.

As relações de trabalho estão mudando, por muitas razões: o salário vem perdendo participação na renda, o emprego migra para regiões em que a mão de obra aceita remuneração mais baixa, aumentam as restrições ao acesso à previdência social e ao seguro-desemprego. A população está envelhecendo, há uma nova “invasão dos bárbaros” na Europa, na medida em que contingentes cada vez maiores da população vêm sendo escorraçados de seus países de origem, por guerras fratricidas ou pela pobreza endêmica.

Mais que tudo, espalha-se a desesperança, a sensação de falta de futuro, à medida que se fecham as oportunidades. A educação e o treinamento que até recentemente qualificavam os recém-chegados ao mercado de trabalho agora já não servem. Os diplomas e certificados de conclusão de curso vão perdendo utilidade. Nada disso é novidade, mas o acesso rápido e mais fácil aos meios de comunicação cria consciência e espalha frustração.

Os problemas vão nessa linha. As soluções apresentadas por líderes do tipo Donald Trump, nos Estados Unidos, por Marine Le Pen, na França, e os escapismos à Brexit são evidentemente equivocados e contêm enorme potencial solapador dos valores democráticos e do equilíbrio geopolítico.

É claro que o crescimento econômico mundial precisa ser retomado para que o bolo aumente e a fatia de cada dia, também. Infelizmente, não há receita fácil para isso. As soluções keynesianas clássicas já não respondem. Os Tesouros nacionais estão esgotados e os grandes bancos centrais já expandiram o nível de moeda que tinham de expandir. E, no entanto, os resultados chegam a conta-gotas, ou simplesmente não chegam.

Trump pode não se eleger, mas subsistem os problemas que alimentam sua retórica. E, no entanto, falta iniciativa dos atuais dirigentes globais. Mais do que respostas definitivas, falta atitude de busca de saídas.

Às vezes, como agora, não há clareza sobre o que fazer. Impor saídas forçadas é outro risco. Também nesse caso, é preciso respeitar a hora mais escura da noite, que é a que precede o amanhecer, como aquela a que se referiu em 1941 o então primeiro-ministro da Inglaterra, Winston Churchill. Foi o momento da prostração. A França estava de joelhos, Londres estava sob bombardeio e os aliados permaneciam na defensiva. O raiar do dia não tardou a chegar, mas foi preciso esperar.

CONFIRA:


Foto: Infográficos Estadão


Nos gráficos, a expectativa do mercado para a inflação (evolução do IPCA) e para a evolução do PIB neste ano.

Alinhamento de mentes

Por enquanto, o Banco Central vem conseguindo que os formadores de preços trabalhem com inflação mais baixa tanto para 2016 como para 2017. Em outras palavras, há hoje mais credibilidade na ação do Banco Central do que havia ainda durante o governo Dilma Rousseff. Em grande parte, isso se deve à percepção de que hoje o Banco Central atua com plena autonomia operacional.



Suplicy protagonizou circo político ao ser detido - KIM KATAGUIRI


FOLHA DE SP - 26/07

Na última segunda-feira (25), o ex-senador e candidato a vereador Eduardo Suplicy (PT) foi o protagonista de um verdadeiro teatro eleitoreiro. A Polícia Militar executava a reintegração de posse de um terreno na Zona Oeste de São Paulo, mas os invasores decidiram reagir fazendo barricadas, ateando fogo a um ônibus e jogando pedras e paus nos policiais. O petista, então, resolve liderar a "resistência", deitando-se no chão para impedir a passagem dos tratores que desmanchariam os barracos. A polícia o deteve e o levou à delegacia para prestar depoimento.

Relegado à irrelevância desde que perdeu a eleição para o Senado em 2014, o ex-secretário de Direitos Humanos de Fernando Haddad (PT) não tem o respeito nem da futura ex-presidente Dilma Rousseff, que o fez esperar três anos por uma audiência e só o recebeu depois de ter sido afastada. Agora, concorrendo a uma cadeira de vereador em São Paulo, busca desesperadamente os holofotes.

O oportunismo de Suplicy não poderia ser mais escancarado. Apesar de a reintegração de posse ter sido solicitada à Justiça pela Prefeitura de São Paulo, comandada por Haddad, o ex-senador escolheu criticar "a truculência da Polícia Militar do governo Alckmin", dizendo que, "se fazem isso com um ex-senador da República, imagine o que sofre a população que tanto precisa de apoio".

Ora, então Suplicy quer tratamento especial por ser ex-senador? Qualquer pessoa que atrapalhe o trabalho da Polícia deve, por lei, ser detida. Por que com ele seria diferente? Será que o candidato a vereador acredita que deve haver leis especiais para ex-autoridades?

É claro que não. Ele sabia que seria detido. E é por isso que armou toda essa encenação. Para, ao melhor estilo petista, se fazer de vítima e posar de herói dos oprimidos.

Suplicy foi Secretário Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, portanto, tinha poder para ajudar essas pessoas com quem ele tanto diz se preocupar. Por alguma razão, escolheu não fazer absolutamente nada. Além disso, a própria Prefeitura declarou que a área apresenta alto risco de desabamento, ou seja, caso os sem-teto continuassem lá, estariam arriscando as próprias vidas, e, se algo grave acontecesse, todos culpariam a administração municipal por nada ter sido feito.

"Ah, mas Suplicy não agiu contra a reintegração, mas contra os brutamontes da PM!". Ainda que o problema realmente fosse a suposta truculência da Polícia Militar, a atitude do ex-senador não faria o menor sentido. Se a questão é a violência dos policiais, então o correto a se fazer seria proteger os sem-teto, não seus barracos. Fica evidente que, independentemente da narrativa que Suplicy e seus acólitos adotem, não há conclusão coerente se partirmos da premissa de que o petista agiu de maneira bem-intencionada.

Em sua página no Facebook, o ex-senador publicou um vídeo intitulado "Eduardo Suplicy é carregado pela PM fascista de SP". A canalhice é evidente. Nas imagens, não há nenhum abuso por parte da polícia; as cenas simplesmente mostram o petista sendo carregado tranquilamente até um carro. Não há "fascismo". O que se vê é apenas um político desesperado por atenção criticando a polícia para alavancar a própria campanha.

Apesar da turminha descolada que gosta de defendê-lo por causa do seu jeito de vovôzão largado e seu apreço por obras-primas da música brasileira –como aquela dos "Racionais Mc's" na qual, traduzindo bem a alma do petismo, o eu lírico afirma "hoje eu sou ladrão, artigo 157"–, Eduardo Suplicy não passa de um artista político que fazia palhaçada federal e passa vergonha com seus teatrinhos políticos desde a redemocratização. Derrotado nas eleições para o Senado, Suplicy agora tenta fazer palhaçada municipal.

O triste é que, aproveitando-se da imbecilidade dos que odeiam cegamente a Policia e todos aqueles que defendem a lei, tudo indica que ele conseguirá voltar ao picadeiro.



Brasil de cara nova no G-20


Sem a incompetência arrogante dos tempos da presidente Dilma Rousseff, o Brasil apareceu de cara nova na reunião ministerial do Grupo dos 20 (G-20), em Chengdu, na China. 


Em vez de dar lições ao mundo, o presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, aproveitou os encontros e discussões para explicar a política de recuperação da economia brasileira e mostrar a evolução dos principais indicadores. A apresentação, segundo ele, foi bem recebida. 


“Eu diria que há uma percepção de que o Brasil está na direção certa e o clima está começando a mudar.” Há um toque de realismo e de humildade nesse balanço. Os porta-vozes do País admitiram a gravidade dos problemas nacionais, falaram sobre as medidas corretivas e mostraram as possibilidades de cura e de recuperação, se as condições políticas evoluírem de modo favorável.

A mudança deve ter ficado clara para todos – tanto da orientação econômica do Brasil quanto da atitude de seu governo em relação aos parceiros do G-20. Durante anos, a presidente Dilma Rousseff e seus ministros quiseram dar lições ao mundo, especialmente aos governos do mundo rico, sobre como cuidar da economia e vencer crises.


Em 2013, por exemplo, o então ministro da Fazenda, Guido Mantega, declarou-se preocupado com a política macroeconômica da maioria dos países avançados e apontou o risco de uma crise ainda prolongada.


No ano seguinte, a presidente Dilma Rousseff ensinou, na reunião de Cúpula de Brisbane, na Austrália, que os governos dos países mais desenvolvidos deveriam fazer mais para estimular a demanda e impulsionar o crescimento global.


As participações de Mantega e de sua chefe em reuniões internacionais foram geralmente marcadas por uma atitude arrogante, de permanente cobrança de políticas mais estimulantes no mundo rico. Mais que isso: os dois muitas vezes se permitiram falar como se o Brasil, mais próspero que outros e mais bem-sucedido no enfrentamento da crise, fosse um modelo a ser considerado pelos governos das economias mais avançadas.


Mas os fatos contrastavam – e cada vez mais fortemente – com esse discurso. Ano a ano aumentou o desajuste das contas públicas brasileiras, enquanto a inflação se mantinha sempre longe da meta anual de 4,5%, chegando em 2015 a 10,67%.


O crescimento foi sempre pífio, no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, com a economia perdendo vigor, até afundar na recessão e encolher 3,8% em 2015.


Enquanto o governo petista alardeava sucesso e oferecia lições de bom governo, os Estados Unidos voltaram a crescer e a criar empregos. No ano passado foram abertos, em termos líquidos, cerca de 200 mil postos de trabalho por mês na economia americana.


Na Europa, a área atingida mais severamente pela crise financeira de 2008, a maior parte dos países voltou ao crescimento.


A expansão média na zona do euro foi de 0,9% em 2014 e depois se acelerou. Enquanto isso, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil aumentou 0,1% em 2014, diminuiu 3,8% em 2015 e a economia continuou emperrada na metade inicial de 2016. Em 2015, o desemprego brasileiro superou a média da zona do euro. Em 2016, bateu em 11,2%, com 11,4 milhões de desocupados.


Os países do mundo rico poderão ganhar mais impulso, nos próximos meses, se os governos levarem à prática um dos principais pontos de concordância: será preciso dar mais importância aos estímulos fiscais (onde houver folga para isso) e depender menos dos incentivos monetários proporcionados pelas enormes emissões dos bancos centrais.


O presidente do BC brasileiro mencionou esse ponto em seu balanço. Mas, se quisesse ser mais detalhista, ele poderia mostrar um contraste.


No mundo rico, a recomendação é para políticas fiscais mais estimulantes e estratégias monetárias mais contidas. No caso do Brasil, os sinais são trocados: se o controle das contas públicas for mais duro, a política de juros poderá ser menos severa.


Aqui, arrogância e incompetência conseguiram juntar déficit fiscal, inflação e recessão.

Depois da Petrobras, Ministério Público e técnicos do TCU agora investigam o BNDES

Blog


Segundo o que corre nos bastidores, a coisa é grande.
Porto de Mariel Cuba financiado pelo BNDES
Porto de Mariel, em Cuba: obra controversa que foi financiada pelo BNDES.


A Operação Lava Jato, maior investigação já realizada em toda a história do país, também é chamada de “Petrolão”, já que seu foco inicial foram os casos de corrupção na referida estatal. Conforme as coisas foram progredindo, mais e mais empresas apareceram na alça de mira e chegou-se ao ponto atual, de podridão generalizada.

E agora a coisa tende a ficar ainda mais severa.

Isso porque, segundo informa a coluna Painel (FSP), investigadores do MP e técnicos do TCU estão há meses esquadrinhando documentos do Banco de Desenvolvimento. Evidentemente, os contratos no exterior estão na lista.

E mais: o atual governo agora dá LIVRE ACESSO à investigação.


Aguardemos.

Sororidade não existe

Coluna da Camilla Lopes


A ideia é: já que nós duas temos “vaginas”, e somos “oprimidas pelo patriarcado”, devemos advogar uma em defesa da outra. Isso na prática funciona? Evidente que não.


Hillary Clinton - Sororidade
Você já ouviu falar em “sororidade”? Não? Bem, talvez sim, caso você tenha o hábito de andar lá pelos rincões do Facebook. Mas, se aceita minha explicação, aí vai:
Sororidade é a empatia automática que uma mulher deve ter com outra mulher independentemente de sua história pregressa e até mesmo de seu caráter. A ideia é: já que nós duas temos “vaginas”, e somos “oprimidas pelo patriarcado”, devemos advogar uma em defesa da outra.

Isso na prática funciona? Evidente que não.

Entendo como um grande erro mulheres que insistem em carregar diversos estigmas umas sobre as outras. Não adianta dizer que os estigmas não existem: está na música de uma funkeira dessas, que recentemente foi alçada ao posto nobre de ‘feminista do povão’ – é mole?

A música da funkeira diz “O meu sensor de periguete explodiu. Pega sua inveja e vai pra puta que pariu…” Que inveja? Do que ela tá falando? Que coisa mais de gente com espírito de porco.Você pode pensar: “ah a música é só uma brincadeira”. É uma brincadeira ruim, você já viu a selvageria que é quando uma mulher briga com a outra por causa de vagabundo? Vá ao Youtube e veja. Faça o search “talarica”, veja a violência que é uma briga dessas. Não há só mulheres, mas meninas se estapeando por disputa de vaidade – muitas vezes alimentada pela música da “feminista funkeira”.

Você acha tudo lindo? A funkeira é amiga dos gays? Vai vendo…

Outra que a gente pega na mentira é Hillary Clinton, que eu considero uma imoral por ter fechado os olhos e virado a cara para o boquete histórico no Salão Oval, mas ela ainda foi além: passou a vender uma almofada femininistinha durante sua atual campanha – só devemos lembrar que a mulher de Bill deixou Monica Lewinsky sair de piranha sozinha nessa história toda.

Hillary jamais teve a tal “sororidade” com Monica Lewinsky quando deveria ter. Cadê a sororidade com a estagiária que fez sexo oral no seu marido? Tem não, alguns sentimentos nossos são animalescos, principalmente aqueles que ferem nossa dignidade de fêmea. Nunca a Sra. Clinton abriu a boca para falar nada para minimamente defender Monica. Eu não me preocuparia com isso, se Hillary agora não inventasse de bancar a feminista em 2015/16, porque vivemos tempos de uma justiça social histérica e ela queria achar seu nicho e, por ser mulher, achou legal virar feminista como quando era universitária.

Ah, sabe o que eu lembrei? A Hillary tem um “projeto” para os EUA, que é muito grande e bonito para ser estragado por um boquete…
Aham.


Outro dia deu na TV que uma mãe largou um bebê recém-nascido em um córrego, para a criança morrer mesmo. E o neném morreu, de fato. Questionada, a mãe relatou que escondeu a gravidez do avô da criança que era bêbado e violento e, quando nasceu seu filho, achou que seria uma boa ideia descartar a criança no córrego, no frio, ao relento. Se você tiver um pingo de sanidade, essa história vai chocá-lo e você pensará “essa mulher deve ser presa, afinal ela é uma assassina”, certo? Errado. Aliás, se for uma adepta do feminismo contemporâneo, erradíssimo.


Uma dessas feministas, no Twitter, me disse o seguinte: “você tem que olhar com ‘sororidade’ para a mulher porque ela sofreu violência do patriarcado e por isso pirou e matou o filho”. Percebem?


O pessoal tá passando a mão na cabeça em nome da tal sororidade. Será que eu deveria ter sororidade com a Suzane Von Richstofen e com o Sandrão sua ex- namorada sequestradora de criancinha?


O feminismo da Hillary, assim como o da funkeira, vem bem a calhar quando elas precisam “humanizar” sua imagem, ainda que no passado elas próprias tenham jogado mulheres na fogueira com o que disseram, cantaram ou mesmo deixaram de fazer.


Que sororidade é essa da Hillary e da funkeira? Acredito que “sororidade” a gente deva ter com mulher que tenha bom caráter. Mas aí é respeito e isso se tem com qualquer um independentemente do sexo. Sororidade não existe.


Camilla Lopes é jornalista, trabalha há mais de 7 anos com conteúdo online. Também é orgulhosamente mãe e dona de casa. Gosta de escrever sobre a mulher na sociedade. Mantém com Sarah Bergamasco e Karina Audi a página Margaretes. Escreve no Implicante às terças-feiras.

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Exame de DNA diz se alguém é gay com 70% de precisão, afirmam cientistas








Os cientistas afirmam que podem predizer se alguém é homossexual ou heterossexual, com até 70 por cento de precisão, analisando seu DNA. 

A pesquisa é a primeira a alcançar tais resultados, após anos de estudos sobre a relação da sexualidade com uma base biológica, nas quais determinados genes poderiam estar ligados à homossexualidade. Mas, devido ao grau elevado de precisão da pesquisa, muitos cientistas estão desconfiando dos resultados, além dela não mostrar se uma criança poderia ter sua opção sexual prevista. Embora os genes sejam determinados no nascimento, agentes influenciadores poderiam afetá-los ao longo do tempo, por conta de fatores ambientais ou presentes no útero – como os hormônios.

Este é o primeiro exemplo de um modelo preditivo para a orientação sexual com base em marcadores moleculares”, afirmou o Dr. Tuck Ngun, da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, EUA. Os gêmeos idênticos, geralmente – mas não sempre – , têm a mesma sexualidade. Esta descoberta levou os cientistas a acreditar que há um componente genético que possa definir ou não que alguém será gay.

Para identificar as áreas genéticas que estão ligadas a alguns homossexuais, Ngun e sua equipe estudaram os genes de 47 pares de gêmeos idênticos adultos do sexo masculino. O estudo envolveu 37 pares de gêmeos em que um irmão era homossexual e outro heterossexual, e 10 pares em que ambos eram homossexuais. Usando um programa de computador chamado Fuzzy Forest, eles descobriram que nove pequenas regiões do código genético desempenharam um papel chave na decisão de ser heterossexual ou homossexual.

A pesquisa analisou um processo chamado ‘metilação’ do DNA, que tem sido comparado a um interruptor, tornando um efeito mais forte ou mais fraco. Este processo pode ser desencadeado por efeitos hormonais sobre o crescimento do feto no útero. Embora gêmeos idênticos tenham exatamente a mesma sequência genética, fatores ambientais podem causar diferenças na forma como o seu DNA é metilado. Assim, ao estudar gêmeos, os pesquisadores puderam controlar as diferenças genéticas e destrinchar o efeito da metilação. Esta alteração do gene é conhecida como um efeito ‘epigenético’.


Os pesquisadores, que apresentaram suas conclusões na Reunião Anual da Sociedade Americana de Genética Humana em 2015, em Baltimore, dizem ter encontrado padrões distintos de metilação no DNA que parecem estar associados com a homossexualidade. “A atração sexual é uma parte fundamental da vida, mas não é algo que sabemos muito a nível genético e molecular. Espero que esta pesquisa nos ajude a compreender melhor e saber mais sobre nós”, disse Ngun.

Os resultados, no entanto, não significam que os cientistas poderiam prever a sexualidade de uma criança antes dela nascer, pois os testes foram realizados em adultos. Ao identificar padrões genéticos distintos que parecem desempenhar um papel determinante na opção sexual, isso pode representar uma “tendência gay”. Um teste de previsão seria altamente controverso, por levantar a possibilidade de cientistas tentarem decidir o futuro sexual de bebês.

No entanto, alterações epigenéticas tendem a ocorrer no útero ou logo após o nascimento devido à influência do meio ambiente. Eles também podem ser transmitidos de acordo com o estilo de vida dos pais, de uma pessoa e até mesmo seus avós. Mas, em uma possibilidade ainda bastante controversa, as descobertas podem levar à alteração de sexualidade de um indivíduo na vida adulta, modificando a metilação dos genes.

O professor Tim Spector, do Kings College London, na Inglaterra, um dos maiores especialistas em estudos com gêmeos e genética, disse: “Sempre foi um mistério saber por que os gêmeos idênticos que compartilham todos os seus genes podem variar em homossexualidade. Diferenças epigenéticas são óbvias e agora este estudo fornece evidência para isso. No entanto, o pequeno estudo precisa ser replicado”.

Darren Griffin, professor de genética na Universidade de Kent, é um pouco mais cético, por conta de tamanha precisão. “Reivindicar um valor preditivo de 70 por cento de algo tão complexo como a homossexualidade é ousado. Eu espero ansiosamente por um artigo completo revisado. Embora haja uma forte evidência com base biológica para a homossexualidade, a minha impressão pessoal sempre foi de existir vários fatores contribuintes, incluindo experiências de vida”, disse.

Gay e ativista dos direitos humanos, Peter Tatchell, disse: “Esta pesquisa afirma prever a orientação sexual com ‘até’ 70 por cento de precisão. Isso não parece inteiramente convincente ou confiável. Mesmo que os testes atinjam o máximo de 70 por cento de taxa de detecção, ele ainda deixaria 30 por cento sem ser detectado. Qualquer tentativa de explorar essa investigação para fins homofóbicos está fadada ao fracasso. A homossexualidade existe em todas as sociedades e em todas as eras. É parte do espectro natural da sexualidade humana“, concluiu.



[ Daily Mail ] [ Fotos: Reprodução / Guillaume Paumier via Flickr ]

“Escola Sem Partido”: entenda por que a esquerda já perdeu esse debate


Coluna do Fernando Gouveia

E pouco importa se vai ou não virar lei.
Escola sem Partido
Desde a semana passada, grupos de direita e esquerda disputam uma enquete promovida pelo site do Senado, obviamente sem qualquer valor oficial. Tal embate resulta de uma bandeira que passou a ganhar relevância mais recentemente, após uma série de campanhas organizadas e episódios bem lamentáveis de doutrinação nas salas de aula e em livros didáticos.


Em suma, virou uma causa. E a questão é exatamente essa: ao virar causa, pouco importa se haverá ou não uma lei para regular, o fundamental aí é inserir um debate até então inexistente. Sim, isso mesmo: o mesmo expediente usado pelos esquerdistas para levantar os temas de seu interesse.


Antes de tal tópico se tornar uma pauta relevante, a questão era simplesmente ignorada. E, a exemplo da ocupação das ruas, do colunismo da grande imprensa e da vendagem de livros de não-ficção, as salas de aula também eram trincheiras inexpugnáveis, hegemonicamente ocupadas pela militância canhota.


Chega a fazer parte do folclore a ideia de que os professores de determinadas matérias invariavelmente seriam defensores do socialismo e faziam tais defesas nas aulas. Também eram favas contadas os livros com lavagem cerebral e distorção dos fatos para encaixá-los na doutrina ideológica.


Com a extrema visibilidade que o tema ganhou, a coisa ficou complicada.


Autores e editoras agora sabem que serão fiscalizados quanto a isso, seja por parte de alunos, pais ou pessoas de fora das escolas. Os donos de colégio, também; e o mesmo vale para os professores. TODOS os operadores desse mecanismo tem agora plena consciência de que podem ser denunciados.


E essa é a principal e inapelável vitória, que independe da aprovação de uma lei. Caso clássico de advocacy por meio de campanha focada em mudança comportamental: um tema até então praticamente ignorado ganha relevância e passa a ser objeto de atenção/fiscalização.

Prova disso é o comportamento da militância esquerdista: primeiro ignorou, depois negou e agora passa a justificar como característica natural do ofício do magistério. Até tentaram fazer-se de bobos, mas não deu, a pauta os soterrou e tiveram de responder e reagir. Em suma: mais um ponto para a mudança comportamental.


Coisas desse tipo levam tempo e a inserção do debate é apenas o primeiro passo. O próximo será a natural adequação de colégios e chefes de departamento, seja por consequência das reclamações ou seja por medo de que algo assim prejudique a imagem do estabelecimento (ou do governo, no caso das escolas públicas).


Falta muito, é claro, e a eventual aprovação da lei evidentemente ajudará um bocado. Mas o principal é que agora existe tal debate e, com ele, existirá cobrança. Há muitos outros passos e a luta só aumentará daqui pra frente.


Mas o principal é isso: a participação de alunos e pais aumentará, com ela virão cobranças e quem usa as escolas para fazer doutrinação ideológica cedo ou tarde acabará parando, mesmo que não queira.
Portanto, se você acha que o Escola Sem Partido é apenas sobre a aprovação de uma lei, então você ainda não entendeu nada do que está acontecendo. Nem do que vai acontecer. E recomendo, afinal, a leitura da coluna do Cedê Silva, publicada na última sexta-feira.



Fernando Gouveia é editor e co-fundador do Implicante, onde publica suas colunas às segundas-feiras. É advogado, pós-graduado em Direito Empresarial e atua em comunicação online há 15 anos. Músico amador e escritor mais amador ainda, é autor do livro de microcontos “O Autor”.

"Socialista fabiano"e "careca"

 
 

 25 de Julho de 2016




Por Mario Sabino

Um ex-amigo meu costumava dizer que eu era "para-raios de maluco". Demorei a descobrir que ele também era maluco. Sou um para-raios de maluco muito lento.

O meu ex-amigo dizia isso porque, mesmo sem motivo suficiente, um monte de gente desconhecida gosta de me xingar. Não estou reclamando ou me vitimizando. É uma constatação. Basta dar uma espiada na área de comentários de O Antagonista. Sou mais xingado do que o Diogo e o Claudio, até quando não sou o autor dos posts que provocaram a ira dos leitores que partem para cima de mim. Até quando estou de férias me xingam.

Duas delicadezas: ser chamado de ”socialista fabiano” e “careca”. “Socialista fabiano”, acho eu, é porque vivo parte do tempo em Paris -- e, claro, todo francês ou simpatizante só pode ser socialista. Eu nem sabia o que é ser “socialista fabiano”, porque não me interesso por esse tipo de assunto, mas me senti compelido a fazer uma rápida pesquisa na internet. Concluí que o socialismo fabiano é parecido com a social-democracia. Se não errei na comparação, estou um tantinho à direita. Um Gregório Duvivier me definiria “hidrófobo”, como fez hoje na sua coluna na Folha de S. Paulo, em relação a colegas de jornal que não partilham do seu esquerdismo.

Quanto a “careca”, bem, eu sou careca. A minha calvície começou aos 19 anos. Fui um careca precoce de verdade, ao contrário do lugar-comum sobre calvície citado por Gustave Flaubert, no seu “Dicionário de Ideias Aceitas”: “Sempre precoce, é causada por excessos da mocidade ou a concepção de grandes ideias”. A ironia hormonal com a precocidade é evidente e, até o século XIX, havia quem associasse calvície a inteligência. Citei Flaubert, grande escritor francês, porque, obviamente, sou “socialista fabiano.

No início da queda de cabelo, não escondi o incômodo. Você acorda com o travesseiro cheio de fios soltos e, no banho, a sensação de perda é literalmente palpável. Nunca passei, contudo, do shampoo de babosa para tentar reverter um processo geneticamente inexorável. Seis meses depois de começar a ficar careca, abandonei o shampoo de babosa e não me preocupei mais com o assunto. Ser careca jamais me impediu de namorar moças bonitas, o único dado que interessa. Não acho que é dos carecas que elas gostam mais, mas tenho certeza de que a carência capilar masculina está longe de ser uma preocupação feminina.

Ao me tornar quarentão, descobri que, quando você é jovem, a calvície o envelhece; já quando você é velho, a calvície o rejuvenesce, se você deixar bem curto o que lhe restou de cabelo. Eu deixo bem curto porque o que me restou de cabelo cresce desigualmente -- a vantagem rejuvenescedora foi um bônus. De qualquer forma, ela não me distancia em demasia da minha idade real, 54 anos.

Hoje em dia, ninguém xinga outra pessoa de “perneta” ou “maneta”. Deficiências físicas não devem ser apontadas, em especial para depreciar alguém, porque é politicamente incorreto e talvez até renda processo. Tendo a crer que, ao me chamarem de “careca”, os meus detratores têm a sua revanche do politicamente correto, mas de forma segura -- apontam o que julgam ser um defeito físico, sem correrem riscos sociais ou judiciais. É uma bobagem, visto que a falta de cabelo não tem as implicações da falta de um membro superior ou inferior.

Quem me xinga de “careca” também acredita, imagino, que eu tenho o metro idêntico de quem fez implante, como Renan Calheiros e José Dirceu. Em hipótese nenhuma faria implante, assim como também não pintaria o cabelo se dispusesse de farta ou rala cabeleira, como Edison Lobão ou José Sarney. Sou o exato oposto dessa gente, inclusive em matéria capilar.

Para finalizar, quero dizer que podem continuar me xingando. De “socialista fabiano”, “careca” e o que mais for. Como não vejo nada errado em quem é gay, sintam-se livres, ainda, para me chamar de "veado" ou epítetos semelhantes. Uma das minhas poucas conquistas é não me ofender mais com esse tipo de coisa. Aos meus detratores, ofereço uns versinhos de Millôr Fernandes:

“Ontem hoje
E amanhã
O homem o cabelo parte
Parte o cabelo com arte
Até que o cabelo parte.”

sexta-feira, 22 de julho de 2016

Quem tem medo do Escola sem Partido?



O analfabetismo funcional é endêmico e Brasil lidera em violência contra professores – mas os petistas se revoltam é contra uma tabuleta

Coluna_Cede

A petezada está em polvorosa com o Projeto de Lei 193/2016, que inclui nas diretrizes da educação nacional ideias do Escola sem Partido.



Desde o impeachment de Dilma nunca vimos os petebas tão assustados. Leonardo Sakamoto, invertendo completamente a questão, teme “uma geração de zumbis”. Em seu texto, ele não cita o número do PL nem sequer a palavra “Senado”, talvez considerando o projeto uma espécie de Voldemort que não deve ser nomeado. André Gravatá, também blogueiro do UOL, responde à pergunta “[p]or que é importante votar contra o Escola Sem Partido?”. 



O ex-chefe do MEC Renato Janine, chamado para o cargo pelo grande mérito de não ser Cid Gomes e preterido em favor de Aloizio Mercadante seis meses depois, é outro que embarcou na cruzada, em entrevista concedida ao (quem mais?) UOL. Outros tantos blogs e revistas menos limpos, para os quais a higiene manda não linkar, também convocam a militância a lutar contra mais essa terrível iniciativa que ameaça o projeto de poder deles.


Vamos esclarecer algumas coisas neste debate:

1. Os petebas não estão nem aí para a educação


De janeiro de 2003 até abril deste ano, o Ministério da Educação foi ocupado por quem um presidente do PT decidisse. De lá para cá tivemos alguns avanços importantes, mas a qualidade do ensino continua sofrível. Dos 2,7 milhões de alunos brasileiros de 15 anos avaliados em 2012 pelo Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) da OCDE, 1,9 milhão tinha dificuldades em matemática, 1,4 milhão em leitura e 1,5 milhão em ciências. Em um ranking de 64 países, o Brasil ficou em 59º lugar em matemática e 60º em leitura e em ciências. Nas notas do Ideb, os resultados também estão bem atrasados.


Isso sem falar em aspectos para além das notas. Segundo a OCDE, o Brasil é líder mundial em agressão a professores. Quem visitar escolas públicas hoje tem grandes chances de ver pichações, janelas quebradas, alunos fora da sala de aula e consumo de drogas. Não è à toa que a escola em que a PM de Manaus tomou controle faz tanto sucesso.



O analfabetismo funcional é endêmico. De acordo com o Instituto Paulo Montenegro e a ONG Ação Educativa, apenas 8% das pessoas em idade de trabalhar são plenamente alfabetizadas. As mesmas organizações concluíram que 38% dos universitários brasileiros são analfabetos funcionais (o que não surpreende quem já visitou um DCE).



Em vez de cumprir uma agenda básica – cobrar que nossas crianças aprendam a ler, escrever e a fazer contas – a militância de sempre quer apenas ensinar nossas crianças a “lacrar”. Cobram uma quantidade cada vez maior de conteúdos nos currículos. Fazem das escolas centros de recrutamento para protestos do tipo “Fora Alckmin”. 



Aplaudem os temas do Enem. O fato de que milhões de estudantes não entendam o que estão lendo é um mero detalhe. Porque o importante na educação não é que os alunos sejam capazes de avaliar, esclarecer, comparar, aprofundar, etc; para os petebas, a escola é antes de tudo uma colônia de potenciais zumbis para gritar “não vai ter golpe”. Na qual o importante é ter “pensamento crítico”, desde que nunca crítico ao PT!



É absolutamente notável que para a petezada a maior ameaça à educação seja o Escola Sem Partido, e não a violência cotidiana contra os professores.

2. Para assuntos de interesse público, cabe a lei


Escolas públicas são pagas com dinheiro público e seus professores são funcionários públicos. Portanto, o funcionamento das escolas é de interesse público, da mesma forma que o funcionamento do SUS, da polícia, das estradas, etc.


Isso significa que a petezada não tem monopólio sobre como as escolas funcionam ou deveriam funcionar.


Entendo as críticas de alguns reaças ao projeto de lei: uma lei não vai mudar o jeito de um professor marxista dar aulas, o ideal é haver cobrança dos pais dos alunos, outros tantos podem preferir o homeschooling, a lei em si não muda o currículo ou as questões que caem no Enem, etc. Tudo isso é verdade. Mas o que o PL em questão pede, em essência, é colocar uma tabuleta nas escolas. Isto vai trazer o debate sobre o direito dos alunos a conhecerem perspectivas diferentes diretamente para dentro das mais de 200 000 escolas do Brasil. E isso não é pouco.

3. Lei não resolve problema de política pública


Nós brasileiros temos um problema cultural de querer resolver com leis problemas de política pública. Leis sobre moradia, saneamento básico e (principalmente) segurança pública estão aí para provar sua eficácia. A educação no Brasil é um problema de política pública e não será “resolvida” com uma lei. Mas a lei é um começo.


Isto dito, toda lei precisa de manutenção. Em 2011, o colunista da VEJA Gustavo Ioschpe sugeriu que toda escola tivesse do lado de fora uma placa com sua nota no Ideb. A ideia virou lei em Minas. Em uma tradicional escola pública perto de minha casa, em BH, vi a tal placa ser instalada. Hoje no lugar existe apenas a estrutura, como um feioso outdoor vazio…


4. As escolas são mais um campo de batalha



Os petebas perderam muitas batalhas nos últimos anos. Lula governou como um faraó, perdendo apenas uma disputa importante no Congresso (a queda da CPMF). De lá para cá, muitos adversários ao petismo se estabeleceram. As listas de best-sellers são dominadas por nomes como Olavo de Carvalho, Reinaldo Azevedo, Diogo Mainardi, Leandro Narloch. O próprio Reinaldo é líder de audiência com seu programa na Jovem Pan. Movimentos anti-PT tomaram as ruas em quantidades nunca antes vistas no Brasil. Apesar de toda a resistência de todo o projeto de poder, Dilma sofreu impeachment. E temos a Lava Jato.


No Congresso, nas livrarias, na imprensa, em Curitiba e nas ruas, o projeto de poder do PT tomou várias pancadas nos últimos anos. Até alguns DCEs de universidades eles perderam. Eles agora sabem que neste momento precisam conservar o que acumularam de mais precioso: o domínio das mentes impressionáveis, a fonte e origem de seus asseclas, onde militantes disfarçados de professores reinam quase absolutos. O que mais temem é que os alunos sejam expostos a perspectivas diferentes, que comparem diferentes autores, que entendam que “pensamento crítico” inclui criticar o livro didático e o professor, que, enfim, cheguem às suas próprias conclusões. O sistema educacional (incluindo as universidades) é a rainha-mãe do projeto gramsciano do PT. Chegou a hora de desinfetar.


Cedê Silva é jornalista. Escreve muito poucas vezes no medium.com/@CedeSilva e pouco muitas vezes no twitter.com/CedeSilva. Escreve no Implicante às sextas-feiras.



quinta-feira, 21 de julho de 2016

A UFMA tomada por animais



Bem, parece que aquelas aberrações vistas em universidades públicas ao redor do Brasil chegaram, enfim, ao Maranhão. Pessoas nuas em público, culto à decadência, falta de respeito, anarquia vazia, homogeneização do pensamento, falta de tolerância, falta de estudo, apologia ao uso de drogas, falta de senso estético e, acima de tudo, falta de vergonha na cara.

Até semanas atrás essas ainda eram características de um movimento que se esgueirava pelos cantos. Um movimento que tinha vergonha de se assumir enquanto tal. O que se via era apenas um desejo reprimido que encontrava vazão em fatos isolados. Fatos como protestos de gente pelada no meio do hall de algum prédio com palavras de ordem manchadas de batom nas nádegas. O que para este povo é o “auge” do ativismo político. Como as cenas abaixo…
Fora do movimento foi acesso o estopim para que as sombras do gueto criassem coragem e tivessem nome. Agora a massa de desvalidos e fracassados atende por “Juventude Porra-Louca”. E tudo começou com o levante da intolerância que caracteriza esses grupelhos de desocupados.

No próximo dia 5 de agosto, um grupo de alunos e professores da  Universidade
Federal do Maranhão (UFMA), irá realizar o I Encontro da Juventude Conservadora. Entre as palestras do tal encontro estão:


Como ser um conservador no Brasil; A Arte Moderna ou Os Símbolos da Decadência: notas sobre a sensibilidade de nosso tempo; William Blake, John Milton e Guimarães Rosa Rosa: a liberdade interior como base para um novo Brasil; Ideologia de gênero – mitos e realidades; O conservadorismo e o Brasil – uma apresentação sumário; Economia e Ordem Social.


Bastou a divulgação do evento, que deveria ser apenas mais um entre dezenas de eventos chatos e improdutivos da universidade, para que uma turva de selvagens começassem uma verdadeira cruzada santa de fanáticos ensandecidos e sedentos por sangue.


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A reação “pacífica e ordeira” dos “civilizados”
Ameaças de agressão, ameaças de coquetéis molotov, xingamentos, galhofas e muito mais. Tudo isso porque meia-dúzia de garotos e garotas iriam falar sobre monarquia, literatura, conservadorismo e economia.


Mas, as intimidações não bastavam. E o que fizeram os selvagens, os “porra-loucas”? Decidiram fazer um evento paralelo chamado “Encontro da Juventude Porra-Louca: Militância e Resistência”. A programação? Terá apenas uma palestra: “Conservador de Cú é rola: se joga, pintosa”.


O clímax da pequenez.Veja a razão de ser do evento nas palavras de uma das pessoas que organiza, mas não se acha um organizador.
  1. Este evento não tem conservadorismo. Não tem organizador, inscrições nem o escambau. É só chegar junto e dançar o Tchan na boquinha da garrafa.
  2. CCH é todo nosso, porra! Não tem essa dúvida de onde vai acontecer. Que pergunta é essa?
  3. Se alguém levar ponche, vai ter ponche. Tem uma galera aqui no grupo arrecadando uns trocados para fazer um. O Cageo já deu uma caixa de vinho. Quem dá mais?
  4. Vai vestidx (ou nux) como você quiser. Você decide! Eu, por exemplo, vou usar um vestido com a brusa (sic) aqui amarrada com a bota, e o meu cabelo solto de prancha.
Nunca a pequenez e a mesquinharia tiveram tanto orgulho de serem pequenas e mesquinhas naquela universidade. Observem bem: o evento se predispõe a “militar e resistir”. De que forma? Fazendo birra, nada mais que isso. Fazendo escândalo, mostrando as nádegas, gritando e dando chilique.


O fato, meus caros, é que a incapacidade deste pessoal os impõe estas práticas. Como são incapazes de ter alguma virtude, se refugiam na decadência. Como não possuem habilidade discursiva, recorrem a gritos. Incentivam a ignorância como forma de éthos político por limitação intelectual, essa é a verdade. Como não podem produzir nada “bonito”, tentam transformar o feio em algo aceitável.


Poderiam sim fazer um evento que desconstruísse o tal encontro conservador. Argumentando e debatendo, expondo e raciocinando. Isso não seria apenas louvável, seria necessário ao debate. Seria o clímax do que aquela universidade se predispõe a abrigar. Mas, quem disse que esse pessoal quer debater? Quem disse que esse pessoal tem capacidade o suficiente para raciocinar? Vão gritar e tirar a roupa, nada mais que isso.

Escória que são, pequenos que são, preferem a bagunça. A militância política com base na “boquinha na garrafa”, no “ponche” e na “brusa amarrada com a bota e o cabelo solto de prancha”.

Só para se ter uma ideia: estes “estudantes” têm em Inês Brasil seu maior referencial teórico… Dá até pena.

O que une essas pessoas, o que une essa tal de juventude “porra-loca” é a ignorância. E aí, meus amigos e amigas, a comparação com os “reaças” da juventude conservadora se faz muito necessária.
Enquanto uns se reúnem para estudar e aprender sobre William Blake, John Milton e Guimarães Rosa Rosa, outros vão dançar É o Tchan e vociferar com suas bocas sujas pelos corredores da universidade.

Esse tal encontro porra-louca nada mais é do que uma confissão da natureza dessas pessoas. Da completa e assumida incapacidade de aceitar um debate sério. Abraçam a miséria mental porque são incapazes de produzir qualquer riqueza intelectual.

Essas pessoas acham que arte é andar pelado pelos corredores. Acreditam piamente na ideia de que há algum tipo de virtude em passar bosta na cara. São pequenos, são assumidamente pequenos.


São limitados demais para produzir algo minimamente valoroso. Então se afundam na própria miséria e tentam fazer de suas nojeiras “arte”, “ativismo e resistência” política.

Andar nu não é arte. Encher a cara de ponche não é ativismo político. Qualquer ameba pode fazer isso. E isso, amebas, é o que esse pessoal é.

A cabeça dessas pessoas não passa de caixas coletoras de excremento. E, acreditem, elas têm muito orgulho disso.

Legado de Dilma: nunca o brasileiro sentiu tanto medo de ficar desempregado


Nem o impeachment serviu para acalmar o receio de perder o emprego

Os mais jovens não devem lembrar, mas a campanha que levou Lula à Presidência da República em 2002 era focada no desemprego. Se José Serra prometia gerar uma quantidade de postos de trabalho, o petista surgia no programa seguinte prometendo o dobro. 


E, enquanto manteve lógica do Plano Real em ação, de fato conseguiu. Mas tudo mudaria após a crise de 2008. O resultado seria a desastrosas gestão Dilma Rousseff a partir de 2011.


Treze anos depois, com 11 milhões de pessoas desempregadas, o PT legou ao Brasil o maior medo de desemprego da história, superando até mesmo o da crise cambial de 1999. 


O ÍMD é calculado pena CNI e registrou o pico em junho passado. Em relação ao mês anterior, o crescimento foi de 1,9%. Em relação ao mesmo período de 2015, houve um salto de 4,2%.


Os números foram levantados pelo ibope entre 24 e 27 de junho

Censura 2.0: acudam a bandeira nacional!

Coluna do Thiago Pacheco


Já ficou claro o interesse de quem pretende proibir que ela seja exibida


Na semana passada, a prefeitura de São Paulo, comandada pelo petista Fernando Haddad, proibiu que a FIESP exibisse, no telão do frontispício de seu prédio na Avenida Paulista, a bandeira nacional. A justificativa criada por meio da Comissão de Proteção à Paisagem Urbana, invocando como fundamento a Lei Cidade Limpa, é a de “uso político” do símbolo nacional, no contexto do movimento popular pelo impeachment da presidente afastada. A entidade já havia sido proibida de exibir no telão frases como “Fora Dilma” e “Impeachment Já”. 


Agora, não pode mais exibir o pavilhão nacional. A grita que se seguiu foi grande – e justificada. A bandeira transcende a “conjuntura” e as crises políticas – essas passam, a bandeira fica. Mas, veja só, não sou eu que estou dizendo, é a lei.


De acordo com a Constituição Federal, “são símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais”. A bandeira nacional, portanto, não é um “logotipo” de propaganda política, nem um estandarte partidário, é um “símbolo da República Federativa do Brasil”.


Existe meio legal e constitucional de proibir que ela seja ostentada? A lei 5.700/71 nos dá as respostas. Seu art. 10 diz o seguinte: “a bandeira Nacional pode ser usada em tôdas as manifestações do sentimento patriótico dos brasileiros, de caráter oficial ou particular”. A proibição paulista – feita, ironicamente, poucos dias depois da comemoração do 9 de julho – parece cada vez mais insustentável.



A lei prossegue disciplinando os modos pelos quais a bandeira pode ser apresentada. O inciso III, do art. 11, diz que ela pode ser “reproduzida sôbre paredes, tetos, vidraças, veículos e aeronaves”. Paredes, tetos e vidraças: a fachada de um prédio. Parece cada vez mais que a prefeitura de São Paulo só conseguiria justificar a proibição demonstrando que, ao exibir a bandeira, a FIESP não estaria engajada em “manifestações do sentimento patriótico dos brasileiros” – coisa impossível de ser feita, já que não há como dissociar, de maneira mentalmente sã, a manifestação popular sobre os destinos da nação (que passam, quando é o caso, pela destituição legal de seus mandatários) e o “sentimento patriótico”. 



Mas o que se alega é o “uso político” – na linha de pensamento recentemente defendida por Leandro Karnal, em entrevista ao programa Roda Vida, se “tudo é político”, parece que a proibição também seria. A discussão sob o ponto de vista de leis e da constituição parece ter um forte caráter “formalista”, mas a verdade é que há uma intersecção com o simbolismo. A mesma lei citada antes disciplina a exibição e hasteamento da bandeira nacional. Por exemplo, determina que, quando for hasteada em conjunto com outras, “a Bandeira Nacional é a primeira a atingir o tope e a ultima a dêle descer”. 



E não há hora certa para isso: o art. 15 dispõe que “a Bandeira Nacional pode ser hasteada e arriada a qualquer hora do dia ou da noite”. Fica cada vez mais claro o espírito da lei: não se pode cercear do cidadão a utilização do símbolo nacional. Neste campo simbólico, o “espírito” da proibição também fica cada vez mais claro: equiparar a bandeira do país a símbolos partidários, como o estandarte do PT ou da CUT. E nisso o “prefeitão” se revela o comissário político que, no fundo, todo esquerdista é e aspira a ser: tudo é reduzido à política partidária.



Embora haja partidos políticos envolvidos com o movimento pelo impeachment, a maioria das pessoas que protestou nas grandes manifestações pelo impedimento compareceu espontaneamente, não tem laços com qualquer agremiação política e não está habituada a protestar. A esquerda, entretanto, está na outra ponta do espectro: são verdadeiros profissionais do protesto, acostumados a organizar movimentos grevistas atrelados à agenda partidária; invasões de terra e destruição de propriedade; a pedir o impeachment de TODOS os presidentes democraticamente eleitos desde o fim da ditadura e que não fossem de sua base partidário-sindical. 



Por isso é que, quando os protestos pelo impeachment começaram – e os “contra-protestos” em sua esteira – a internet foi inundada de imagens comparando um ao outro, especificamente no que diz respeito aos símbolos usados pelos manifestantes: nas passeatas pró-governo, zero bandeiras brasileiras, e um verdadeiro mar vermelho (com detalhes amarelos) de estandartes da CUT, PT, PC do B, MST etc. Apareceram até vídeos de manifestantes esquerdistas queimando bandeiras nacionais: não é demais lembrar que a lei 5.700 proíbe “apresentá-la em mau estado de conservação” e “mudar-lhe a forma, as côres, as proporções, o dístico ou acrescentar-lhe outras inscrições” – coisas que acontecem quando se queima a bandeira, sem dúvida.



Nos protestos pelo impedimento, no entanto, se via um único símbolo: a bandeira do Brasil, em várias e diversas formas. Muitos usaram a camisa da Seleção Brasileira, talvez porque seja tão comum tê-la no armário e porque ela seja feita das cores nacionais. É um jeito, afinal, de dizer que se está lá pelo Brasil, não por algum partido político ou organização sindical.


É aí que chegamos a outro ponto importante: a constatação de que a esquerda põe seu programa partidário e seu projeto de poder acima de qualquer outra noção, seja a de “interesse nacional”, seja a do “futuro do país” (embora seqüestre esta tão freqüentemente), seja a de “patriotismo”, seja a de “unidade nacional”. As frases feitas que remetem a isso são várias e diversas: “o dever de todo revolucionário é fazer revolução”, “só pode haver uma revolução permanente”, “façamos dois, três, muitos Vietnã” etc. 



Chegada a “hora da verdade”, quando o governo foi seriamente desafiado pela possibilidade real de ser apeado do poder, a esquerda rasgou a fantasia, e, junto, queimou a bandeira do Brasil. Assim é que ela deixou claro: seu compromisso não é – e jamais foi – com o Brasil, mas com sua agenda ideológica e partidária, com um projeto de poder, e não de país. Proibir a exibição do principal símbolo nacional porque quem o exibe é contrário a esse projeto é uma clara manifestação totalitária, ilegal e inconstitucional.


Proibir a exibição da bandeira nacional seria algo muito parecido com recusar dinheiro como pagamento: a única forma de pagamento a que a lei obriga o recebedor, de acordo, por exemplo, com o Decreto-lei n. 857/69. Há um interessante julgado do STF, relatado por Eros Grau, em que ele observa que “a moeda assegura a liberdade e independência do seu titular” e também que “a moeda estabelece uma relação de igualdade entre os sujeitos de direito [entenda-se igualdade formal], na medida em que opera redução de complexidades”. Dinheiro pode não ser – formalmente – um símbolo nacional, mas, logo abaixo da bandeira, também nos torna todos iguais. A bandeira também é um símbolo de igualdade: de que todos somos brasileiros. E a essa altura já ficou claro o interesse de quem pretende proibir (ilegalmente) que ela seja exibida.


Thiago Pacheco é advogado, pós graduado em Processo Civil e formado em jornalismo. Escreve no Implicante às quintas-feiras.

terça-feira, 19 de julho de 2016

Cavalheirismo não é machismo, é só um sinônimo de gentileza

Desdenhar ou querer dar uma aula de sociologia em uma situação em que um homem tenta ser cavalheiro é de um pedantismo doentio. Não seja idiota
Cavalheirismo - Machismo
Há tempos o feminismo convencional tem mirado no termo “cavalheirismo” como algo ameaçador. Já li em algum lugar que o cavalheirismo é “o machismo envernizado”. Aparentemente, é como se um homem que presta honrarias a uma mulher fosse uma raposa disfarçada, esperando o melhor momento para enganar, ludibriar e se apoderar dessa pobre mulher vítima de um macho que se ofereceu para abrir a porta do elevador para ela. Que elas não me ouçam, mas esse é até um comportamento inconscientemente cristão, porque o diabo sempre se mostra sedutor e quando o incauto é seduzido pela fala mole do capiroto todos os males lhe acontecem porque no final das contas o diabo é o diabo. E assim tem sido visto o cavalheirismo masculino.



O que é um grande equívoco nessa história toda, além da óbvia desumanidade em encher o saco dos caras por nada, é que as investidas cavalheiras podem ser apenas uma tentativa de colocar em prática o melhor da educação que esse homem em questão recebeu da família. Famílias de rapazes simples podem apenas estar tentando educá-los para tratar com muita polidez uma mulher. E isso é tão bonito! Desdenhar ou querer dar uma aula de sociologia em uma situação em que um homem tenta ser cavalheiro é de um pedantismo doentio, reação tão infame quanto o ateu que responde “não acredito em Deus” quando alguém lhe deseja que fique com Ele. Em ambos os casos basta dizer “obrigado (a)”. Não seja idiota.



É comum, pelo Brasil, o conceito de que as mulheres são mais frágeis e portanto mais suscetíveis a certas situações que os homens. Nós somos latinos e em certo aspecto as mulheres são mais frágeis mesmo. Pela simples diferença da compleição física e nada mais, não há nenhuma outra teoria oculta, é coisa de biologia. O corpo masculino tem, em geral, mais capacidade cardíaca e pulmonar – ao menos que você seja uma atleta e tenha superado isso. Negar que somos biologicamente diferentes é uma perda de tempo que não leva a um lugar lúcido dessa discussão dos direitos inerentes aos gêneros e demais questões. Homens querem proteger mulheres. Que que tem? Isso não faz de nós seres incautos, frágeis e quase princesas anencéfalas.



Em uma busca simples pelo significado “cavalheirismo” se encontra apenas adjetivos que – desculpe essa frase de ursinho carinhoso – poderiam fazer um mundo melhor: nobreza, cortesia, gentileza. Não tem como dar errado um gesto cavalheiro que, prestem atenção, em nenhum lugar da história da nossa civilização está escrito que deva partir um homem para uma mulher. Já pararam pra pensar que mulheres podem ser cavalheiras? Sim, o substantivo existe na língua portuguesa na flexão do gênero feminino, ninguém precisou forçar a barra como no episódio recente do uso do “presidenta” – cruz credo, inclusive.



Toda essa desconfiança com o cavalheirismo me faz lembrar Dom Quixote: um homem que é gentil e sua gentileza faz dele um bobo ou um ser maligno como alguns acreditam nessa contemporaneidade. Sabe aquele sentimento de compaixão e admiração concomitantes? O sentimento que dá um nó na garganta como naquele filme “O Campeão” do Franco Zefirelli em que o John Voight morre no ringue? Porque vai haver um Dom Quixote nessa história toda, alguém simples que acha correto o seu cavalheirismo compartilhado com homens e mulheres e que de repente descobriu que seu jeito de ser, o que lhe ensinaram ser certo, na verdade é errado. Independentemente do cavalheirismo, a maldade, a grosseria e a violência vão existir. Pode reparar, a sociedade agora deu de querer acabar com as coisas bonitas da vida.


Camilla Lopes