segunda-feira, 3 de abril de 2017

Se forças contrárias a George Soros crescem, o mundo ganha


A Gazeta do Povo publicou dia 17 de março uma matéria traduzida do New York Times, com o título Depois da vitória de Trump, forças contrárias a George Soros crescem. No subtítulo, o bilionário americano conhecido por financiar agendas de esquerda e caras ao politicamente correto mundo afora é chamado de “liberal”, em tradução literal […]



A Gazeta do Povo publicou dia 17 de março uma matéria traduzida do New York Times, com o título Depois da vitória de Trump, forças contrárias a George Soros crescem.


No subtítulo, o bilionário americano conhecido por financiar agendas de esquerda e caras ao politicamente correto mundo afora é chamado de “liberal”, em tradução literal do termo equivalente em inglês. Tradução, aliás, sabidamente inadequada e propensa a confundir, pois “liberal”, nos EUA, se vincula à tradição “liberal moderna”, equivalendo, na prática, à “esquerda” daquele país, e não expressando a ideia de “liberalismo clássico” como no Brasil.



O texto aponta que, “fortalecidos pelos sinais encorajadores da administração Trump, os líderes populistas na Europa Central e Oriental elaboram ofensivas simultâneas às ONGs, que já foram protegidas por Washington e promovem o governo aberto, o auxílio a refugiados e, muitas vezes, servem como controle de governos autoritários”. A partir daí, o artigo relaciona, país por país, uma série de lideranças e governantes que comporiam a lista das tais aberrações “populistas” e que, por óbvia oposição às polpudas características aí listadas, seriam amantes do “governo fechado”, do “desprezo à dor alheia” e do “governo autoritário”.



O ministro Viktor Orban, na Hungria, o ex-primeiro ministro da Macedônia, Nikola Gruevski, o líder do partido governante na Polônia, Jaroslaw Kaczynski, líderes na Sérvia, Eslováquia e Bulgária; todos, diferentes entre si, teriam uma terrível mancha em comum: a sórdida iniciativa de denunciar os malefícios das teias internacionais de George Soros e sua Open Society! Todos acusando o bilionário americano de ser protagonista quando se trata de magnatas que financiam organizações de esquerda, ávidas por dissolver identidades nacionais e abrir portas ao chamado projeto globalista.



O texto, com horror, aventa que “as ONGs apoiadas pelos EUA estão ativas por todo o continente, muitas vezes chamadas para explicar o estilo ocidental do capitalismo democrático para aqueles que não conheciam nem um, nem outro”. Trump estaria estimulando esses amantes do autoritarismo e da “extrema direita”, porque tece comentários depreciativos sobre alguns princípios democráticos, “incluindo sua crítica frequente à imprensa” – como se as críticas às distorções e às propagandas travestidas de reportagens equivalessem à censura ditatorial.



Esse artigo é bastante pedagógico e ilustrativo; em primeiro lugar, porque evidencia que aquilo que a ignorância massiva faz parecer um obtuso conspiracionismo no Brasil é uma questão política e social seriamente discutida e articulada em países europeus. Lideranças e partidos estão enxergando o “Sorismo” como uma ameaça real aos princípios nacionais, à identidade cultural, à coesão social.



Se esses líderes e partidos são “populistas”, isto é, apelam a um diálogo pouco racional com as massas e subvertem certas instituições representativas e “republicanas”, é uma qualificação a ser feita em segundo momento; a realidade não é linear e, perfilados em uma mesma questão específica podem estar partidos e correntes distintos, tal como católicos e espíritas podem estar juntos no combate ao aborto. Um liberal como Nigel Farage e uma defensora do “protecionismo inteligente” (?) como Le Pen são, ambos, contra a União Europeia.



Contudo, para os “higiênicos e limpinhos democratas” que escrevem artigos como o de que falamos, basta ser patriota e erguer a voz para denunciar um estrangeiro milionário que comprovadamente semeia organizações no seu país para difundir estrovengas como a submissão a organismos supranacionais na determinação do seu fluxo de imigrantes e até em suas deliberações comerciais, o politicamente correto, o aborto, a ideologia de gênero, o desprezo a qualquer substância cultural e institucional que permita autonomia e coesão – em suma, basta falar contra isso, e você é o demônio na Terra. É uma força do atraso. É um retrógrado irracional.



George Soros é representante e financiador-mor de todas as iniciativas que visam construir um mundo “melhor, mais próspero, pacífico, igualitário, democrático, com liberdades individuais, sexuais, whatever”, e que fazem isso alimentando de tal monta ativismos coletivistas, “progressistas” e “internacionalistas” que acabam por – que coisa! – diluir as estruturas culturais e civilizacionais responsáveis por propiciar as ideias de ordem e liberdade que se gostaria de proteger.



Melhor dizendo, que se finge que se gostaria, bem sabemos; a verdade é que, como Soros e sua turma sabem o que é melhor para todo mundo, então que se danem aquelas pessoas e países que só querem ter autonomia para decidir o que vão fazer de seus próprios rumos. Tal pensamento utópico é muito mais persuasivo nos dias de hoje do que o mero comunismo clássico ou do que o fascismo e o nazismo, do qual, aliás, Soros fugiu na juventude. E Soros é uma das principais fontes de dinheiro (money, bufunfa, afinal o que funciona sem isso?) para os tiranos modernos – os “fascistas” atuais que, como previra Churchill, impõem sua tirania sob o pretexto de combater o “fascismo” que ficticiamente atribuem a seus oponentes.


Por isso, sem pestanejar, desprezemos as hipocrisias retóricas do artigo. Se forças contrárias a George Soros e suas teias de influência estão crescendo, em termos gerais, o mundo ganha com isso.

Esquerda: não deu certo… mas agora vai!

https://www.institutoliberal.org.br/blog/esquerda-nao-deu-certo-mas-agora-vai/



No famoso episódio d’Os Simpsons em que a família vem ao Brasil pela primeira vez (aquele que fez o Secretário do Turismo da cidade do Rio de Janeiro resolver ameaçar a Fox porque o desenho satirizava o Brasil naquele episódio, enquanto satiriza alegremente a própria sociedade americana em todos os outros), antes de toda a […]

No famoso episódio d’Os Simpsons em que a família vem ao Brasil pela primeira vez (aquele que fez o Secretário do Turismo da cidade do Rio de Janeiro resolver ameaçar a Fox porque o desenho satirizava o Brasil naquele episódio, enquanto satiriza alegremente a própria sociedade americana em todos os outros), antes de toda a barafunda que envolve o Brasil, Homer Simpson tenta conseguir sinal gratuito de TV a cabo mexendo nos fios elétricos de um poste.

Homer, profeticamente, começa tentando ligar o cabo no plug vermelho. E toma um choque. Tenta então no verde. Toma outro choque. E inicia individualmente o percurso social iniciado no século XX: “Vamos tentar o vermelho de novo!!” Desnecessário dizer que é seguido por um novo choque. Então tenta ligar o vermelho e o verde ao mesmo tempo. E lá se vai mais um choque.

Esta experiência, que deixaria B. F. Skinner e seu behaviorismo de cabelos em pé (aquela teoria psicológica de dar choques em ratinhos no labirinto para ensiná-los um comportamento na base dos reforçamentos positivo e negativo), é exatamente o que fez a humanidade no “curto século dos extremos”, no dizer do stalinista Eric Hobsbawm.

O mundo ocidental conheceu o socialismo pelas experiências fracassadas de Robert Owen, de Saint-Simon (de quem Auguste Comte, tão influente nas Forças Armadas brasileiras, foi secretário), da utopia natureba de Rousseau.

Era apenas uma bizarra e malfadada prática de aplicação de poder em pequena escala – algo como uma São Tomé das Letras que queria ser o Vale do Silício.

Vamos testar o vermelho?

Quem surge para criar uma vasta teoria para propor o socialismo, crendo ser o capitalismo um jogo de soma-zero, é Karl Marx, cujo primeiro grande aplicador foi Lenin, na Revolução Russa. Um evento de tamanho porte estremeceu não a Rússia, mas o mundo (já sacudido em seus pilares pela sanguinolenta Revolução Francesa).

O resultado é conhecido, ou ao menos foi conhecido no Ocidente a partir da queda do Muro de Berlim, 80 anos depois: o Gulag, os expurgos, os fuzilamentos, famílias destruídas, reeducação “cidadã” que chegou a dar choques em bebês, imprensa oficial censora e mentirosa, miséria, fome, mais de 100 milhões de mortes em menos de 80 anos. Em suma, a pior forma de totalitarismo até então inventada. E algo que faz os nazistas parecerem a seleção Dentinho de Leite dos genocidas.
Entretanto, toda vez que a esquerda precisa apresentar seu apelo perante aqueles de quem precisa de voto, dizendo-se defensora (os primeiros que serão futuramente por ela oprimidos), esta esquerda é a primeira a pintar a história com as cores do revisionismo. “Aquilo não foi socialismo”, talvez tenha sido até mesmo capitalismo (!), Stalin era de direita, o verdadeiro socialismo é uma maravilha e ainda está por vir.

Vamos agora testar o vermelho.

Claramente, este é o discurso feito para uma plateia avessa ao totalitarismo genocida. Entre os seus, quando não é preciso convencer seres humanos “de fora”, a esquerda inverte a jogada, e defende as supostas “maravilhas” do socialismo (como a superstição de que Cuba tem altíssimos índices educacionais e de saúde, embora os Mais Médicos, no Brasil, tenham acabado com a fábula da “medicina cubana que cura até câncer”), afirma que é preciso uma revolução bolivariana, que Stalin não foi tão ruim assim, ou menospreza e fala em tom de deboche (ou de perigo) que haja algo como “uma tendência anti-comunista” no Brasil – ridicularizando-se a “paranoia” e o “discurso de ódio” de “Rottweillers” que criticam o socialismo, ou veem algo de socialismo no PT pregando socialismo ou financiando ditaduras socialistas.

Este duplipensar (no linguajar de Orwell, um dos primeiros a estudar a linguagem totalitária da esquerda – e ele próprio um socialista), que poderíamos chamar de “dialético”, é a raiz do caótico abismo entre discurso e realidade política e factual, hoje.

Já é esboçado no próprio termo fantasioso de Marx, o “socialismo científico”, por nada ter de científico, ser a maior das “ideologias” que tanto critica, e que justamente o “socialismo utópico” anterior a ele ser uma aplicação, enquanto o seu é uma teoria assassina que, sempre que sai do hagiográfico e virginal reino das ideias, transforma-se misteriosamente em catástrofe.
Vamos testar o vermelho.

Mas é ainda piorado pela retórica propagandística do socialismo. Afinal, o chamado “socialismo científico” acabou sendo bem pouco científico na prática.

Assim, se não deu certo e gerou a ditadura de Lenin e Stalin, foi porque foi “traído”. Ou não era o verdadeiro socialismo – o verdadeiro socialismo ainda estava por vir.
Vamos testar o vermelho de novo.

Mas tivemos a experiência também na China… e o saldo de mortes passou de cerca de 30 milhões para mais de 60 milhões. Então, novamente, o socialismo científico, aquela teoria que, sem falhas, explica e propõe uma sociedade justa e perfeita, foi misteriosamente traída mais uma vez.
Qual plug nos resta? Vamos testar novamente o vermelho.

E então a teoria foi surrupiada e traída – logo a teoria perfeita, aquela que nos livraria do odioso capitalismo, este sistema tão ruim que nos serve, produz para as massas, enriquece os pobres e em que o cliente tem sempre razão – novamente na Iugoslávia. E na Polônia. E na Romênia. E em Cuba.

E na Coréia do Norte. E no Azerbaijão. E no Camboja. E na Alemanha Oriental. E no Paquistão. E em Zimbábue. E no Laos. E em Uganda. E na Ucrânia. E na Venezuela. E na Tchecoslováquia.
Sempre traída, a pobre teoria perfeita, tão perfeitamente excelente na virgindade de contato com a realidade.

Restou, ao menos, o ódio contra o que dá certo – e a riqueza do capitalismo (ignorando-se que ela não surge por exploração, e sim porque estes ricos de agora eram pobres antes do capitalismo). Não é por coincidência que todo o argumento da esquerda brasileira, por exemplo, tenha se resumido a chamar o interlocutor de “coxinha”.

Vamos testar o vermelho mais uma vez!

Aliado a tal repetição de um discurso pronto e da negação da realidade mais inescapável, resta sempre o expediente de classificar que qualquer forma de esquerda no poder, por ser ruim, se tornou “de direita”, ou não-esquerda.

Assim, o nacional-socialismo passa a ser considerado “extrema-direita” (e o apelido pegou, como se algum nazista alguma vez tivesse se auto-declarado direitista), a União Soviética passa a ser chamada “capitalista de Estado” (como se isso significasse alguma coisa), nenhuma esquerda é verdadeiramente de esquerda, o PT é de direita e por aí vai.

A característica que une todas as esquerdas que deram certo é serem inexistentes.

É claro que, entre os esquerdistas, continua o horror a quem tenha uma “retórica reacionária” que não goste de comunistas, mas nunca isto é defendido em público.

Mesmo assim, vamos testar o vermelho dessa vez?

No Brasil, o discurso pronto pode ser resumido em meia dúzia de chistes que formam esquerdistas profissionais saindo de fábrica em linhas de produção fordistas.

A miséria cubana é culpa do embargo americano, mesmo que isto seja, ehrr, admitir que o livre mercado enriquece os pobres.

A Rede Globo é “golpista”, mesmo que chegue ao disparate de cobrir as imensas janelas de seu prédio em São Paulo, que dá para a ponte Estaiada, onde se realizava um protesto com o boneco “Lula Inflado” na ponte, apenas para (wait for it) um telejornal esconder uma notícia na janela dos âncoras, pela primeira vez na história deste país desde que ele virou a Coréia do Norte.

E a educação brasileira, dominada de cima abaixo por Paulo Freire e pelo socio-construtivismo, que nos legou os últimos lugares nos testes internacionais aos quais nossos alunos são submetidos, é considerada “muito pouco de esquerda”, e cada nova reforma educacional propõe… estudar Paulo Freire, porque dessa vez vai. Vamos testar o vermelho agora?

O expediente é sempre afirmar que nossa educação é ruim porque não é de esquerda o suficiente. De novo. E de novo. Afinal, ninguém ainda conhece Paulo Freire no Brasil, mesmo que toda discussão sobre educação seja citando Paulo Freire de cima abaixo. Afirma-se até que a educação é… direitista, como se na escola aprendêssemos que o Partido Republicano americano soube acabar guerras geradas pela esquerda (fato), que acabou com a escravidão (fato), que a esquerda começou com o terrorismo antes de a ditadura militar se instaurar (fato), que o socialismo matou ainda mais do que o nazismo (fato), que Auschwitz foi baseado no Gulag (fato) etc etc.

Isto se dá porque a retórica da esquerda é se fazer de vítima. E quanto mais a esquerda ganha poder (tanto poder estatal quanto poder cultural), mais pode se fazer de vítima, e afirmar que está sendo dominada por uma misteriosa direita inexistente.

Quanto mais nossa educação é paulofreireana, mais sentimos falta de uma “educação cidadã” que algum dia virá e nos tornará uma potência.

Quanto mais o PT está no poder, nas estatais, no jornalismo, na educação, dominando as notícias (e sua manipulação), mais se faz um discurso de vitimismo em que todo o país é “golpista”. Quanto mais esquerdistas na Rede Globo, fabricando polêmicas e nos legando deputados de extrema-esquerda e atores que fazem propaganda do PT, mais se afirma que a Rede Globo é tucana e defende a ditadura.


Quanto mais as faculdades de Humanas só produzem politicagem, micareta psolista e alunos ricaços votando na extrema-esquerda, mais se considera que as salas “reproduzem as desigualdades da sociedade”, que a educação é ruim porque não é de esquerda, que os pobres não se identificam com a Universidade (no que, por um lapsus linguæ, estão até corretos).

Por que é justamente este o canto das sereias da esquerda: de que são coitadinhos, e quanto mais poder tiverem, mais poderão dizer que são os vencidos, os oprimidos, o futuro glorioso que ainda não veio.
Mas vamos desta vez apertar o vermelho? Vai que agora finalmente fiquemos inteligentes e competiremos com Japão, Coréia do Sul (que era tão pobre quanto o Haiti antes de se tornar uma potência liberal), a Alemanha, o Canadá, a Austrália e, claro, a América com suas trocentas Universidades de ponta e prêmios Nobel?

Claro, nos primeiros lugares em qualquer ranking internacional de educação, apenas países que, por mera coincidência, são também os primeiros lugares nos rankings de liberdade econômica (ou seja, mais capitalistas, menos estatais) – incluindo aqueles do “Estado de Bem Estar Social” da Escandinávia – que são incrivelmente mais capitalistas do que o Brasil do “neoliberalismo”.

Mas, só por desencargo de consciência, vamos apertar o vermelho agora? Vai que dessa vez funciona.