segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Terra de estrangeiros - DENIS LERRER ROSENFELD

ESTADÃO - 22/08

Urge mudar a legislação petista inspirada pelo MST, que custou ao País bilhões de dólares



Dentre os inúmeros anacronismos legados pela herança petista, um deles é ilustrativo por exemplificar os preconceitos que se tornaram correntes contra o capital em geral e, em particular, contra o estrangeiro. Nada aqui é ocasional, pois o peso ideológico terminou se traduzindo por limitações severas ao investimento estrangeiro na aquisição de terras no País.

Aparentemente, é como se o interesse nacional estivesse assim preservado, a partir, evidentemente, de uma posição preconcebida de que ele estaria ameaçado. Ameaçado por quem? Por empresas que investem no Brasil, gerando empregos, pagando impostos e contribuindo para o crescimento do PIB? Qual é o fantasma?

Os instrumentos utilizados pelos governos petistas foram dois pareceres, um de 2008 e outro de 2010, que revogaram, por sua vez, pareceres anteriores, de 1994 e 1997. Estamos diante de atos administrativos que abruptamente modificaram toda uma legislação anterior, produzindo enorme insegurança jurídica.

O cerne da discussão terminou se reduzindo à equiparação anterior (pareceres de 1994 e de 1997) de empresas brasileiras de capital estrangeiro a empresas brasileiras de capital nacional, tornadas essencialmente distintas pelos pareceres de 2008 e 2010. Uma posição viabilizava o investimento estrangeiro no Brasil, tornando atrativos a agropecuária e o agronegócio – aliás, o agronegócio acabou se transformando num setor que muito contribuiu para o avanço da economia nacional. A outra teve como desfecho inviabilizar o investimento estrangeiro, tornando-se um fator de mero atraso.

Para ter uma ideia, quando dos pareceres petistas, falava-se que entre R$ 60 bilhões e R$ 70 bilhões deixaram de ser investidos no País. Considerando a necessidade de alavancagem do capital estrangeiro para o crescimento da economia nacional, tem-se uma melhor noção dos prejuízos, hoje provavelmente maiores.

Os pareceres petistas são preciosidades de manipulação ideológica. Entre as “justificativas”, constam algumas que deveriam fazer parte do besteirol produzido pelos “movimentos sociais”, capitaneados pelo MST.

Chega a ser inacreditável que um grupo que se caracteriza pelo desrespeito ao Estado Democrático de Direito tenha sido alçado à posição de interlocutor privilegiado de toda uma legislação infraconstitucional. Um autointitulado movimento social que emprega sistematicamente a violência na invasão de propriedades privadas e órgãos públicos se torna artífice da elaboração de pareceres. Há algo de muito errado aí!
Dentre as pérolas, algumas merecem especial destaque. Seu objetivo consistiria em assegurar a segurança alimentar, como se o Brasil vivesse no limite da autossuficiência ou fosse importador. Isso ocorreu nos anos 1970, antes da pujança da agropecuária e do agronegócio brasileiros, que alçaram o País à posição de um dos maiores exportadores de alimentos. O Brasil contribui decisivamente para a redução da fome no mundo!

O mundo globalizado já não comporta entidades autárquicas isoladas do mundo – salvo se o objetivo for a miséria e a pobreza. As cadeias produtivas são internacionais, assim como o conhecimento científico e o desenvolvimento tecnológico.

Assinale-se, a respeito, que o Brasil é um país de ponta nesses setores. O que o MST e movimentos afins temem é a ciência e a tecnologia, pois, para eles, o País deveria regressar a uma etapa camponesa e pré-capitalista, identificada, sabe-se lá por quê, com uma forma de socialismo. Deveriam transferir-se para a Venezuela, Cuba ou Coreia do Norte, sem direito a retorno. Dariam uma enorme contribuição para o progresso do País.

Outra amostra ideológica consistiria em que a aquisição de terras por estrangeiros seria feita com recursos oriundos da lavagem de dinheiro, do tráfico de drogas e da prostituição, como se estrangeiros fossem criminosos potenciais ou efetivos. Tal invencionice exibe apenas o uso da mentira para fazer que o espírito anticapitalista ou anti-imperialista prevaleça.

Como não poderia deixar de ser, o corolário de tal cadeia de pseudoargumentos seria o aumento do valor dos imóveis, que prejudicaria a reforma agrária! Ora, os assentamentos da reforma agrária já são superiores a 60 milhões de hectares, sem nenhum resultado efetivo. Jamais os governos petistas fizeram uma avaliação de sua produtividade e de seus efeitos sociais. Tornaram-se, muitos deles, apenas favelas rurais.

Hoje se sabe que as fraudes nesses assentamentos se multiplicam, os assentados abandonam ou vendem ilegalmente os seus lotes e todos ficam dependentes do MST e de seus agentes, que assim os controlam. Não há titulação dos assentados, de modo a eles poderem tornar-se proprietários, que dessa forma se inseririam em todos os benefícios da agricultura familiar. Permanecem uma clientela política.
Ora, os pareces petistas sobre aquisição de terras por estrangeiros continuam vigentes e são um poderoso obstáculo à vinda de capitais estrangeiros para as mais diferentes áreas, do setor florestal e de celulose ao de energia, passando, entre outros, pelos de etanol e biocombustíveis, além da questão do financiamento rural pelas tradings.

O presidente Michel Temer já se manifestou favoravelmente a uma mudança no setor, mostrando que o País vive uma nova era, aberta ao mundo e à captação de investimentos estrangeiros. Neste período de transição, que deve agora chegar ao seu término, a Advocacia-Geral da União, consoante com essa orientação, sob a liderança do dr. Fábio Medina Osório, realiza os estudos necessários a modernização dessa legislação. O diálogo tem sido a sua pauta.

O seu aprimoramento certamente se traduzirá por uma abertura do País ao investimento estrangeiro, voltando a equalizar as empresas brasileiras de capital estrangeiro a empresas brasileiras de capital nacional. Urge que tal mudança se faça, pois só assim o País retornará ao que pode simplesmente ser considerado bom senso. Acontece que temos vivido na insensatez.

*Professor de Filosofia na UFRGS. 


Para que serve um velho - PAULO GERMANO


ZERO HORA - RS - 22/08

Se os jovens agora gozam de poder e saber, que serventia têm os velhos?



Sinto falta dos velhos. Eles sumiram. Há os que se esconderam, porque ninguém mais quer ouvi-los, e há os que se portam como jovens, na ânsia de serem ouvidos. O velho mesmo, o velho clássico, o velho sábio que nos fazia baixar as orelhas e sentar de perna de índio em volta da cadeira, esse velho nós estamos matando.

Ponha-se no lugar dele: quando era jovem, há algumas décadas, sua meta era entrar no mundo dos velhos – porque eram os velhos que detinham o poder, o saber e o sucesso na carreira. Agora que virou velho, sua meta é entrar no mundo dos jovens, porque são os jovens que detêm o poder, o saber e o sucesso na carreira. Quem aguenta uma rasteira dessas?

O publicitário Dado Schneider, 55 anos, repete em suas palestras que, justo na vez dele, justo na hora de ele ficar velho, houve essa transformação inédita na história da humanidade: um volume brutal de conhecimento passou a ser transmitido das gerações mais novas para as gerações mais velhas. E há um efeito hediondo nessa inversão de papéis.

Porque, se os jovens agora gozam de poder e saber, que serventia têm os velhos? Se o nosso guru se chama Google, se o modelo de sucesso é Zuckerberg – 32 anos –, se a compreensão do mundo parece melhor na juventude, qual é a vantagem da velhice? Quem vai parar para ouvir um velho? Pior: quem vai aceitar ser velho?

É triste que o velho mesmo, o velho clássico, o velho sábio que nos fazia baixar as orelhas e sentar de perna de índio em volta da cadeira, morra no momento em que mais precisamos dele – um momento em que "estamos nos afogando em informações mas famintos por sabedoria", como disse o biólogo E. O. Wilson.

Quer dizer: temos acesso ao conhecimento como ninguém jamais teve, mas falta quem nos oriente. Falta quem nos situe nessa biblioteca de fragmentos, quem nos ajude a filtrar essa enxurrada de informações que mais atormenta do que educa. Falta quem nos ensine a lidar com essa nova vida – ou, em outras palavras, nos falta sabedoria. Que nada mais é do que saber empregar o conhecimento.

Em toda a história da civilização, os velhos exerceram um papel crucial. Na Roma antiga, o conselho de anciãos, que já era comum nas sociedades orientais, ganhou o nome de Senado – e os anciãos passaram a fiscalizar autoridades e a controlar as finanças públicas. Porque o jovem, ele é importante quando precisamos de iniciativa, ímpeto e energia, mas nada disso basta sem prudência, traquejo e paciência. Aos 30 anos de idade, Alexandre, o Grande, já havia conquistado o mundo, mas seu maior conselheiro era o velho Aristóteles.

Que conselheiro nós temos hoje? Qual foi a última vez que você parou para ouvir um velho, frente a frente, sem qualquer obrigação familiar, apenas pelo prazer de beber um pouco de sabedoria? Ainda dá tempo, mas seja rápido. Porque esse velho nós estamos matando.



sábado, 20 de agosto de 2016

Como Serra pode ajudar a destruir o PT

Como Serra pode ajudar a destruir o PT

Venezuela, Uruguai, OEA e legisladores estrangeiros são elementos de um partido essencialmente internacional


Quatro palavrinhas estão faltando de todas as análises e reportagens sobre a atual briga entre o ministro José Serra e o governo da Venezuela: Foro de São Paulo. Parece incrível, mas em pleno 2016 ainda existem jornalistas e acadêmicos ignorando a variável mais relevante da política internacional da América Latina na última década. 


Apenas o Foro de São Paulo pode explicar por que o Brasil do PT, tão carinhoso com a maior parte dos vizinhos, tratou a tapas Paraguai e Honduras quando da deposição de Fernando Lugo e Manuel Zelaya. Apenas o Foro de São Paulo pode explicar um programa como o Mais Médicos. E apenas o Foro de São Paulo explica porque o Brasil de Dilma não apenas expulsou o Paraguai do Mercosul, como aproveitou essa ausência para malandramente incluir a Venezuela no clube.



A presença da Venezuela no Mercosul virou um tabu para os acadêmicos e analistas de plantão, como se ela tivesse direito divino a um assento. Como petistas magros não lutam sumô, eles não querem eslarecer se a presença do país no bloco faz sentido em termos comerciais – para citar um exemplo, as exportações brasileiras para a Venezuela despencaram 63% no primeiro semestre deste ano, porque os empresários daqui têm medo de não receber. Um quilo de frango lá pode custar mais de 300 reais



Esta reportagem do Daily Mail mostra parte da destruição causada pelo chavismo: prateleiras vazias, famílias procurando comida no lixo, filas de centenas de pessoas para comprar um litro de óleo, uma moça chamada Marlene que perdeu 20 quilos de tanto passar fome. Os “analistas” também evitam a questão básica de se a Venezuela cumpre ou não o Protocolo de Ushuaia (ou seja, se é um país democrático e portanto pode fazer parte do Mercosul).  A documentação sobre a situação política da Venezuela é vasta e não preciso citar exemplos aqui (mas podemos lembrar como foram tratados nossos senadores).



Como os “analistas” de sempre não querem nem saber do Foro de São Paulo, não conseguem enxergar o que está acontecendo. E o que está acontecendo hoje é resultado de um ponto cego no horizonte de consciência dos líderes do Foro: eles jamais previram o que poderia acontecer a seus planos no caso de alternância de poder (ou seja, José Serra no Itamaraty). Isto porque a cartilha do Foro consiste justamente em perpetuar os partidos-membros no poder:


– Chávez (Venezuela), Morales (Bolívia), Correa (Equador) e Ortega (Nicarágua) alteraram as constituições de seus países para obter mais mandatos;

– Zelaya (Honduras) tentou fazer o mesmo e foi deposto;

– Mujica (Uruguai) não teve necessidade porque passou a faixa para seu antecessor Tabaré;

– Lula flertou com a possibilidade de um terceiro mandato até meados de 2010 (e cogitou o Volta Lula em 2014), decidindo-se por eleger Dilma e viajar pela Odebrecht (primeiro mandato) ou virar ministro (segundo mandato).



Na narrativa “progressista”, a “integração latino-americana” é um fim em si próprio, pouco importando forma ou conteúdo. Ela avançaria sempre, com tropeços ou obstáculos, mas nunca dando um passo para trás. Eis porque a presença da Venezuela no Mercosul vira um tabu.



Mas porque este assunto é tão importante para os petistas? Porque o PT é um partido essencialmente internacional. Com a maior facilidade do mundo, o partido pareceu “angariar” em meses recentes simpatizantes na OEA, na ONU, na Argentina, etc. Fez um júri simulado para gringo ver, tendo na banca da acusação Marcia Tiburi, autora do livro Como Conversar Com Um Fascista (vi a bibliografia do livro. Não consta um só autor fascista). E lançou agora uma cartilha em quatro idiomas para defesa internacional do réu Lula.



Ocorre que todo esse esforço do PT de conquistar simpatias estrangeiras não é amador e nem recente. É parte essencial do partido desde no mínimo a fundação do Foro de São Paulo em 1990, quando o PT tinha apenas 10 anos e acabara de perder uma eleição para Collor. O PT passou muitos anos costurando essas alianças internacionais; não é à toa que tantos aliados vêm ao seu socorro agora.


Ao colocar em risco parte do “legado” do PT – neste caso, a presença da Venezuela no Mercosul e o total silêncio sobre as credenciais democráticas de Caracas – José Serra está atacando uma parte muito sensível do esquema peteba de poder. Ainda tontos com o impeachment, e obviamente com medo de uma prisão de Lula, eles se fecham na defesa de seus camaradas estrangeiros.



Cedê Silva é jornalista. Escreve muito poucas vezes no medium.com/@CedeSilva e pouco muitas vezes no twitter.com/CedeSilva. Escreve no Implicante às sextas-feiras.

Meu amigo, já teve intervenção militar e você nem notou!!!

 O Exército já é a maior empreiteira do país com 12 mil soldados atuando em obras que vão desde a transposição do Rio São Francisco até a duplicação da BR 101.



Às Forças Armadas couberam planejar e coordenar a segurança pública durante a Copa do Mundo de 2014 e agora durante os Jogos Olímpicos. Assumimos a ocupação e a fase inicial do processo de pacificação de comunidades dominadas pelo tráfico no Rio de Janeiro. Anualmente recebemos milhares de jovens de 19 anos e procuramos transmitir a eles valores hoje tão escassos na sociedade, em especial o que significa "servir".


Graças aos nossos programas de apoio a atletas de alto rendimento, 1/3 dos atletas brasileiros competidores nos Jogos Olímpicos são militares (ganham eles com o patrocínio e apoio em passagens, estrutura adequada de treinamento, complementação alimentar, apoio esse que nenhum outro órgão público ou privado resolveu dar, ganhamos nós com o salto de qualidade no desenvolvimento da atividade desportiva militar). Praticamente todas as medalhas conquistadas pelo Brasil nos Jogos, foram de militares.


Tudo isso porque é fácil apoiar o atleta pronto? Não! Porque se assim fosse não teríamos em nossos quartéis o Programa Força no Esporte, que beneficia hoje aproximadamente 21 mil crianças de baixa renda, incluindo as mesmas através do esporte dentro do quartel, e de quebra transmitindo para elas valores morais que cultuamos como sagrados. Dentro das escolas militares atletas são incentivados, treinados, apoiados. Treinadores civis são contratados. No Nordeste entregamos água para o brasileiro sofrido.


Na Amazônia Brasileira procuramos diminuir  o vazio deixado pelo Estado, levamos o médico na porta do ribeirinho, preservamos a soberania nacional e ainda lançamos fibra ótica nas calhas dos rios, na nossa eterna luta de integrar e desenvolver aquela região.

Meu amigo, já teve intervenção militar e você nem notou!!!


sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Escolas militares: o gemido dos medíocres

Opinião
15/08/2015

Ora, é preciso ver o programa pedagógico desses colégios antes de sair por aí falando asneiras

Paulo André Chenso

O Colégio Militar foi criado por D. Pedro 2º em 1889, e mantido pela República. Durante 126 anos nunca se viu qualquer comentário sobre essas escolas. De repente, descobriram o filão – e como o descobriram? Simples, as escolas militares encabeçam a lista dos melhores desempenhos nas provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), e isso, parece, incomodou alguns setores da nossa "educação civil".


É como se o sucesso dos colégios militares causasse inveja aos colégios civis. São 12 colégios do Exército e 93 da Polícia Militar, com um total de mais de 30 mil alunos atendidos. Bastou aparecer na mídia o brilhante desempenho e já emergiram de suas tocas os pseudopedagogos de beira de estrada para criticar o sistema de ensino dos colégios militares.


Na reportagem da Folha de São Paulo (12/8) afirma-se: o Colégio Militar "padroniza comportamentos", "inibe o questionamento" e "impede criar perspectiva de construção de identidade". Se durante mais de 100 anos foi assim, os colégios militares formaram uma multidão de alienados – que, no entanto, estão dando um show de desempenho. É, realmente, paradoxal.


Sou professor há 42 anos e acompanhei gerações de alunos do nível médio, e assisti, com imensa tristeza, a deterioração do comportamento, o desinteresse, o aumento da violência, a impossibilidade de se aplicar disciplina mais rigorosa, e necessária, pois, hoje, o aluno já sabe, previamente, que não importa o que aconteça, ele será aprovado. Vi professores sendo agredidos, desrespeitados, às vezes humilhados, e por que não, abandonados pelos próprios órgãos que lhes deveriam dar apoio, como é o caso dos núcleos de ensino, com pareceres quase sempre favoráveis ao aluno.


Ora, vendo tudo isso ao longo dos anos, a contínua corrupção (e corrosão) do ensino, com facilitações que chegam às raias do absurdo para justificar, alhures, que aqui não há repetências, e encerramos cada ano com alunos cada vez menos preparados. Como concordar? Alunos do nível médio que escrevem Brasil com z! Que nunca leem nada além de ridículos livrecos empurrados pelas grandes editoras - há um enorme contingente de alunos que chegam ao terceiro colegial sem ter lido um único autor clássico brasileiro. É uma vergonha!



E agora vem a mídia e seus "especialistas" em educação tecer críticas ao único sistema, hoje, que atua na educação do jovem de forma global e completa. Ora, é preciso ver o programa pedagógico desses colégios antes de sair por aí falando asneiras como se fossem os arautos da melhor educação. Se fossem, o ensino não estaria essa tragédia. Sem contar o desinteresse absoluto do Estado, o mísero investimento feito pelo poder público. O verdadeiro abandono das nossas escolas. Dispensa comentários.


Não vi entrevistas com os alunos, nem com os pais. Vi declarações, sim, de pessoas que parecem ignorar a real situação de nossas escolas. Ninguém mencionou na imprensa se os milhares de alunos desses colégios militares gostam ou não. É explícito nos regulamentos: caso o aluno não se adapte à disciplina militar, é imediatamente transferido para colégios civis.



Ninguém é obrigado a estudar lá. E mais, para estudar nesses colégios, participa-se de um concurso na qual a média de candidatos chega a 22 mil! Será que é mesmo tão ruim, ou são nossos "pedagogos" que estão impregnados com as ideias "supermodernas" introduzidas na educação brasileira nos últimos anos?

PAULO ANDRÉ CHENSO é médico e professor em Londrina

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Estado de Direito não deve permitir a exibição pública de mulheres-múmias - JOÃO PEREIRA COUTINHO


FOLHA DE SP - 16/08

1. Caminho pelo centro de Londres. Várias mulheres de burca passam por mim. Como sempre, sinto desconforto físico e moral.

Essas coisas não se sentem, dizem. Nem se escrevem. Que direito tenho eu de impor um código de vestuário sobre terceiros?

Admito: nenhum. Mas quando vejo uma mulher transformada em múmia, não penso em mim. Penso nela. Aquilo é uma escolha pessoal? Ou, na esmagadora maioria dos casos, uma forma de submissão ao poder masculino?

As mulheres caminham integralmente cobertas, repito. Mas o homem avança na frente, expressão pública e visível do lugar que a mulher ocupa na hierarquia dos sexos.

É também por isso que concordo com a proibição de burcas ou véus integrais no espaço público europeu –já acontece na França; há debate na Alemanha. Primeiro, porque é uma forma de respeito pelos outros: viver nas sociedades ocidentais significa partilhar um código mínimo de valores ou comportamentos.

E, como já escrevi nesta Folha, se eu não ando nu pelas ruas (apesar da minha costela panteísta), agradeço que os outros não andem tapados da cabeça aos pés.

Mas a proibição é também uma forma de respeito pelas mulheres. Excetuando casos extremos, defendo que o Estado não entre na casa dos cidadãos. Que o mesmo é dizer: se uma mulher deseja estar integralmente vestida ou despida entre quatro paredes, problema dela.

Coisa diferente é falar do mundo que existe fora das quatro paredes.

Será que um Estado de Direito deve permitir a exibição pública de uma mulher encerrada em presídios de tecido? Ou deve declarar, em alto e bom som, que não há qualquer tolerância para essas manifestações de brutalidade masculina?

Claro que alguns crentes afirmam o oposto: brutalidade é remover a burca e o véu integral sem respeitar "culturas diferentes". Engraçado: eu julgava que a violência sobre as mulheres não era uma "cultura" digna de respeito entre pessoas civilizadas.

E, já agora, relembro aos multiculturalistas que o Ocidente também é uma "cultura diferente". Por que motivo a "tolerância" perante a diferença se aplica aos outros –mas não a nós?

Seja como for, só posso aconselhar às brigadas a leitura da história que o "Daily Telegraph" publica sobre a libertação da cidade síria de Manbij.

Foram dois anos sob as garras do chamado "Estado Islâmico". A libertação chegou com as tropas americanas. E quando as mulheres viram os soldados entrarem na cidade, o que fizeram? Rasgaram as burcas e, para festejar, fumaram cigarros.

Admito que essas duas ações –rasgar burcas, fumar cigarros– possam ofender multiculturalistas e higienistas em partes iguais. Mas quando vejo uma mulher de burca nas ruas de Londres, é também essa a minha vontade: convidá-la a sair da masmorra e oferecer-lhe um cigarro para comemorar.

2. Estreou no Brasil "Amor & Amizade", o mais recente filme de Whit Stillman. Prometo escrever em breve sobre o assunto. Merece. Primeiro, porque Stillman filma pouco mas filma barbaramente bem (conheci-o com "Metropolitan" e virei cliente). Depois, porque o diretor pegou uma novela "menor" de Jane Austen ("Lady Susan") e acertou no essencial: a cínica misoginia de Jane Austen.

Essa verdade não cai bem em certas fãs da escritora, que veem em Austen uma espécie de feminista "avant la lettre". Não era. Os homens, na prosa dela, podem ser tontos ou vulgares. Mas as mulheres, exceções à parte, são retratadas como seres gananciosos ou reptilianos. Só uma mulher poderia escrever assim sobre as outras mulheres.

E o que é válido para a literatura, é válido para o desporto. Leio na "The Economist" que a Universidade Harvard estudou "padrões de reconciliação" entre homens vs. homens e mulheres vs. mulheres depois de jogos "confrontacionais" (tênis, ping-pong, badminton, boxe).

Conclusão: quando o confronto termina, os homens têm mais contato físico (cumprimentos, abraços, palmadas nas costas etc.) do que as mulheres. As donzelas, com má cara, despacham o assunto rapidamente.

Como explicar a diferença? Os antropólogos de Harvard não sabem. Um pouco de Jane Austen talvez fosse útil para eles. Da minha parte, prometo apenas que vou prestar mais atenção aos Jogos do Rio. Só para confirmar se a "guerra dos sexos" é samba de uma nota só.



Imprensa incentiva homossexualismo?

VERGONHA!!!


Por que a imprensa usa pesos e medidas tão diferentes para casos tão semelhantes?

A mesma imprensa que celebrou o pedido de casamento lésbico questiona o do casamento hétero

Enya aproveitou que vivia na Rio 2016 um momento único em sua vida para declarar seu amor por Cerullo, pedindo a namorada em casamento. É basicamente a mesma situação vivida por Qin Kai quando, menos de uma semana depois, fez a mesma proposta a He Zi. Mas basta olhar para os screenshots abaixo para comprovar que a imprensa deu tratamento tão distinto a casos tão semelhantes.

Enquanto celebrou como uma comovente história de amor o pedido envolvendo o casal lésbico, questionou se o homem do casal hétero não estava se aproveitando da situação para constranger a agora noiva dele. Deixando no ar uma questão ainda mais inquietante: por que a imprensa se permite pesos e medidas tão distintos mesmo num intervalo tão curto de tempo?

imprensa

O primeiro caso ocorreu em 9 de agosto. O segundo, menos de uma semana depois. O primeiro texto não traz autoria, enquanto o segundo é assinado por um jornalista da BBC internacional. Contudo, por mais que as notícias estejam publicadas na BBC Brasil, foram replicadas em vários outros veículos, por vezes com a mesma tradução.

O episódio fortalece a suspeita de que a imprensa está tomada por militantes políticos, quase todos eles de esquerda, que se aproveitam do noticiário para venderem suas causas.

E que isso não é uma particularidade brasileira. O que, claro, apenas piora tudo.

Alexandre Garcia: total de mortes no regime militar são “3 dias de assassinatos no Brasil de hoje”



O jornalista fez um relato inusitado e corajoso sobre a ditadura no Brasil. Em geral, jornalistas da chamada “grande mídia” preferem não mexer nesse vespeiro; sobretudo, não não da forma como ele fez.

Recentemente, bem recentemente mesmo, o jornalista global foi atacado por uma tal Associação Nacional dos Professores de História e a resposta simplesmente humilhou os “docentes”.

E agora, com bem mais polêmica, ele revisita o período militar. Mas resolveu, ao contrário de praticamente toda análise publicada na imprensa “mainstream”, abordar algumas particularidades quase nunca abordadas.

Ele começa desmentindo a lorota de que seria porta-voz do presidente Figueiredo. Mas, em seguida, surgem trechos realmente corajosos e de certa forma inéditos entre os analistas de maior alcance.

Confiram os trechos mais polêmicos:


“História e verdade (…) Se levassem História a sério veriam que (o porta-voz de Figueiredo) se chamava Saïd Farhat, que foi demitido, entrando em seu lugar o embaixador Carlos Átila.


Durante 18 meses fui literalmente o sub do sub, porque abaixo de Farhat, Ministro e portavoz, havia um secretário de imprensa e eu era subsecretário para a imprensa nacional. A raiva deles deve vir do seguinte: na edição de domingo, 17 de agosto de 1980, eu dei entrevista ao Correio do Povo, que era o jornal mais importante do Rio Grande do Sul, revelando que a sucessão de Figueiredo seria civil. O título da entrevista, com chamada na primeira página, foi O Sucesssor de Figueiredo será Civil. A revelação repercutiu no dia seguinte em todos os grandes jornais do país.


A raiva deles é que isso derruba no chão a tese de que foram eles que acabaram com o governo militar, por meio do movimento “diretas já”. Ora, esse movimento só apareceu quase três anos depois do meu anúncio (…) Disseram que lutaram pela democracia. Com bombas, sequestros, assaltos, execuções. Fui assaltado no Banco do Brasil em Viamão, pela Vanguarda Armada Revolucionária, quando era estudante de jornalismo.


Na luta armada, que durou menos de dez anos, morreram 364 ativistas, segundo o livro Dos Filhos Deste Solo, do Ministro de Direitos Humanos de Lula, Nilmário Miranda, ele próprio um dos que lutaram contra o governo. Somando-se aos que foram mortos pela esquerda armada, chega-se a um total inferior a 500 vítimas em 20 anos.


Isso equivale a três dias de assassinatos no Brasil de hoje. Pelo que contam alguns professores, a verdade está anos-luz à frente da versão ideológica. São dados para fazer voltar a realidade da História recente. Que os jovens talvez desconheçam, porque receberam informações mirabolantes de alguns professores (…) tenho a honra de ser reservista do Exército Brasileiro, onde aprendi a aprofundar minha formação de casa, de amor à Pátria, honradez, disciplina, respeito aos outros, às leis e à ordem.” (grifos nossos; a íntegra está em sua página oficial)

Uma aula, portanto.

E, claro, a militância de esquerda distorcerá ao máximo tudo isso. Mas, também é claro, aqui estaremos para corrigir a verdade sempre que eles tentarem fazer passar a mentira.

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

E não é que choveu mesmo...



Alegrai-vos Cidadãos de bem, cidadãos da nossa amada Capital da República Federativa do Brasil.


Alegrai-vos, pois nós, Cidadãos de bem, lhes trazemos as boas novas! Existe um Deus Vivo e Justo vivendo entre nós! e ele está aqui, agora, em sua onipresença, nos acordando...


Alegrai-vos Cidadãos de bem, onde a justiça reside em vossos corações, pois nosso cerrado começou a ficar mais verde. Isso significa que a seca está terminando e a vida, se  renovando mais cedo esse ano...


Alegrai-vos Cidadãos de bem, pois nossos pássaros já estão cantarolando, mais felizes do que nunca...


Alegrai-vos Cidadãos de bem, pois nós, Cidadãos de bem, que temos um Deus Justo em nossos corações, sabemos que as primeiras chuvas lavam a poeira avermelhada que estavam acumuladas em nossas casas, em nossas ruas, em nossas praças....


Vai começar a explosão da vida!por isso, Cidadãos de bem, alegrai-vos. É a renovação das nossas esperanças em vivermos em um mundo justo, governado pelo nosso Deus vivo!


Senhor Governador, nós, Cidadãos de bem, que somos os instrumentos do Deus vivo e justo, já sabíamos que a chuva viria mais cedo...


Por isso Senhor Governador, nós, Cidadãos de bem, nos colocamos de joelhos a suplicar...


Nós Cidadãos de bem, que sabemos ouvir as vontades do Deus Criador, plantamos a sementinha da justiça em vosso coração.


Com as chuvas Senhor Governador, essa sementinha irá germinar...


A chuva Senhor Governador, representa, para nós, Cidadãos de bem, o amor do Deus vivo em forma de água...


Será um processo longo e doloroso..., mas não tenha medo Senhor Governador, pois essa sementinha se tornará uma linda árvore cujos frutos alimentarão os  famintos por justiça.


Não se desespere Senhor Governador, nós, Cidadãos de bem, já passamos por esse processo um dia, e sabemos que é muito doloroso....


Não se desespere Senhor governador, enquanto essa plantinha for crescendo, vossos egoísmo e vaidades secarão...


Não se desespere Senhor Governador, nós, Cidadãos de bem, sabemos o quanto é doloroso reconhecer as atrocidades que somos capazes de fazer quando estamos entorpecidos pela vaidade, pelo ódio e pelo egoísmo da segregação...


Mas a sementinha já foi regada com muito amor Senhor Governador...


E não se assuste também, Senhor Governador, pois nós, Cidadãos de bem, que somos verdadeiros, faremos cair por terra todas as mentiras proferidas pelos os que não são Cidadãos de bem..


Senhor Governador, quando a árvore plantado em seu coração der frutos, o senhor se tornará um Cidadão de bem. Tomará consciência de suas atitudes indignas e verás o quanto esse processo é doloroso...


Será nesse momento Senhor Governador, quando o Senhor se tornar um Cidadão de bem, é que o senhor terá que se perdoar..., será, realmente, muito doloroso...


Amanhã, nós, Cidadãos de bem, sabemos que os policiais civis do DF , que são Cidadãos de bem, entregarão as chefias.


Nós, Cidadãos de bem, sabemos que essa atitude, somente nós, Cidadãos de bem, justos e honrados, somos capazes...


Nós Cidadãos de bem, que pagamos os nossos impostos, que fomos, somos e iremos ser vítimas da violência desenfreada, estaremos ombreados com os Senhores.


Nós Cidadãos de bem, que não somos bobos, sabemos que esse desmonte da PCDF será a verdadeira Disneylândia, um grande parque da corrupção e do caos... Onde somente os que NÃO são Cidadãos de bem, se divertirão. Será uma festa com nossos impostos, com nossos bens e com nossas vidas...


Mas nós, Cidadãos de bem, que temos um Deus vivo nos instruindo, estaremos ombreados com os Senhores, Nobres Policiais!


Ass. Cidadãos de bem


Alegrai-vos Cidadãos de bem, o Deus vivo, nos chamam! Sejamos nós, Cidadãos de bem, o instrumento da justiça do nosso Deus Vivo!


juntos somos fortes👊🏽👊🏽👊🏽


Juntos, somos, nós, Cidadãos de bem, a representação do amor de Deus aqui na terra!
Nós, Cidadãos de bem, juntos, construiremos uma grande nação ! 🙌🏻🙌🏻🙌🏻


Aguardem, já começou...

Associação Americana de Pediatras fulmina ideologia de gênero

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Grupo de médicos dos EUA emite declaração explicando, cientificamente, por que ideologia de gênero é nociva para as crianças.

Uma associação de pediatras dos Estados Unidos declarou, no último dia 21 de março, através de seu site na Internet, que "a ideologia de gênero é nociva às crianças" e que "todos nascemos com um sexo biológico", sendo os fatos, e não uma ideologia, que determinam a realidade.
A declaração da American College of Pediatricians expõe 8 razões para os "educadores e legisladores rejeitarem todas as políticas que condicionem as crianças a aceitarem" a teoria de gênero. A iniciativa dos médicos se soma a inúmeras outras, provindas das mais diversas áreas de informação, para conter o que o Papa Francisco chamou de "colonização ideológica". Em 2010, por exemplo, um importante documentário conseguiu desmontar, pelo menos em parte, a estrutura universitária que financiava essa ideologia na Noruega. O programa trouxe o parecer de vários especialistas, dos mais diversos campos científicos, que expuseram a farsa da teoria de gênero.
Agora, a medicina vem respaldar mais uma vez a verdade sobre a família.
A íntegra da nota escrita pelos pediatras norte-americanos pode ser lida a seguir.
A Associação Americana de Pediatras urge educadores e legisladores a rejeitarem todas as políticas que condicionem as crianças a aceitarem como normal uma vida de personificação química e cirúrgica do sexo oposto. Fatos, não ideologia, determinam a realidade.

1. A sexualidade humana é um traço biológico binário objetivo: "XY" e "XX" são marcadores genéticos de saúde, não de um distúrbio. A norma para o design humano é ser concebido ou como macho ou como fêmea. A sexualidade humana é binária por design, com o óbvio propósito da reprodução e florescimento de nossa espécie. Esse princípio é auto-evidente. Os transtornos extremamente raros de diferenciação sexual (DDSs) — inclusive, mas não apenas, a feminização testicular e hiperplasia adrenal congênita — são todos desvios medicamente identificáveis da norma binária sexual, e são justamente reconhecidos como distúrbios do design humano. Indivíduos com DDSs não constituem um terceiro sexo.

2. Ninguém nasce com um gênero. Todos nascem com um sexo biológico. Gênero (uma consciência e percepção de si mesmo como homem ou mulher) é um conceito sociológico e psicológico, não um conceito biológico objetivo. Ninguém nasce com uma consciência de si mesmo como masculino ou feminino; essa consciência se desenvolve ao longo do tempo e, como todos os processos de desenvolvimento, pode ser descarrilada por percepções subjetivas, relacionamentos e experiências adversas da criança, desde a infância. Pessoas que se identificam como "se sentindo do sexo oposto" ou "em algum lugar entre os dois sexos" não compreendem um terceiro sexo. Elas permanecem homens biológicos ou mulheres biológicas.

3. A crença de uma pessoa, que ele ou ela é algo que não é, trata-se, na melhor das hipóteses, de um sinal de pensamento confuso. Quando um menino biologicamente saudável acredita que é uma menina, ou uma menina biologicamente saudável acredita que é um menino, um problema psicológico objetivo existe, que está na mente, não no corpo, e deve ser tratado como tal. Essas crianças sofrem de disforia de gênero (DG). Disforia de gênero, anteriormente chamada de transtorno de identidade de gênero (TIG), é um transtorno mental reconhecido pela mais recente edição do Manual de Diagnóstico e Estatística da Associação Psiquiátrica Americana (DSM-V). As teorias psicodinâmicas e sociais de DG/TIG nunca foram refutadas.

4. A puberdade não é uma doença e hormônios que bloqueiam a puberdade podem ser perigosos. Reversíveis ou não, hormônios que bloqueiam a puberdade induzem a um estado doentio — a ausência de puberdade — e inibem o crescimento e a fertilidade em uma criança até então biologicamente saudável.

5. De acordo com o DSM-V, cerca de 98% de meninos e 88% de meninas confusas com o próprio gênero aceitam seu sexo biológico depois de passarem naturalmente pela puberdade.

6. Crianças que usam bloqueadores da puberdade para personificar o sexo oposto vão requerer hormônios do outro sexo no fim da adolescência. Esses hormônios (testosterona e estrogênio) estão associados com riscos à saúde, inclusive, mas não apenas, aumento da pressão arterial, formação de coágulos sanguíneos, acidente vascular cerebral e câncer.

7. Taxas de suicídio são vinte vezes maiores entre adultos que usam hormônios do sexo oposto e se submetem à cirurgia de mudança de sexo, mesmo na Suécia, que está entre os países mais afirmativos em relação aos LGBQT. Que pessoa compassiva e razoável seria capaz de condenar jovens crianças a este destino, sabendo que após a puberdade cerca de 88% das meninas e 98% dos meninos vão acabar aceitando a realidade e atingindo um estado de saúde física e mental?

8. Condicionar crianças a acreditar que uma vida inteira de personificação química e cirúrgica do sexo oposto é normal e saudável, é abuso infantil. Endossar discordância de gênero como normal através da rede pública de educação e de políticas legais irá confundir as crianças e os pais, levando mais crianças a serem apresentadas às "clínicas de gênero", onde lhes serão dados medicamentos bloqueadores da puberdade. Isso, por sua vez, praticamente garante que eles vão "escolher" uma vida inteira de hormônios cancerígenos e tóxicos do sexo oposto, além de levar em conta a possibilidade da mutilação cirúrgica desnecessária de partes saudáveis do seu corpo quando forem jovens adultos.

Michelle A. Cretella, M.D.
Presidente da Associação Americana de Pediatras

Quentin Van Meter, M.D.
Vice-Presidente da Associação Americana de Pediatras
Endocrinologista Pediátrico

Paul McHugh, M.D.
Professor Universitário de Psiquiatria da Universidade Johns Hopkins Medical School, detentor de medalha de distinguidos serviços prestados e ex-psiquiatra-chefe do Johns Hopkins Hospital
Por Equipe Christo Nihil Praeponere

sábado, 13 de agosto de 2016

Não, amigo petista. Você não é hippie nem fodendo…

      

por Renan Santos
Recentemente tornaram-se comuns nas manifestações pró-corrupção o uso de florzinhas na cabeça e visual hipponga numa vã tentativa de simular uma enragé sessentista pró-governo. Não que tal indumentária seja novidade – o hipponga de humanas é um animal fartamente documentado nas universidades públicas brasileiras. O que surpreende, porém, e que num momento de disputa política acirrada, nossos coleguinhas governistas não tenham sido capazes de criar absolutamente nada de novo em sua militância. Logo eles, os tais “… loucos. Os desajustados. Os rebeldes. Os criadores de caso. Os que são peças redondas nos buracos quadrados.”
O que houve com vocês, seus gênios?
O verdadeiro petista
Sejamos honestos, amiguinhos. Vocês não são, (e nunca foram) a cara do projeto de poder petista. Ainda que João Santana, o marketeiro puxa-cana (sim, era pra rimar) tenha tentado pintar a gerentona pedalera como a jovenzinha guerrilheira do “coração valente”, todos sabemos qual é a verdadeira face do partido. E ela é feia. Feia demais.
O PT é um partido de sindicalistas pilantras. Sua verve democrática fora forjada nas trocas de tiro entre chapas concorrentes e na extorsão de empresários durante as décadas de 70, 80 e 90. Ele não gosta de Caetano. Nunca teve paciência pra ouvir meninas histéricas e rapazes de discurso vago. Ah, mas teve o Lindbergh!, diriam alguns.  Sim, teve. E isso não muda nada. O Lindbergh sempre foi um merda.
O verdadeiro petista é gordo, machista e preguiçoso. É um bandido bufão desesperado pra comprar um apartamento no Guarujá e trair sua esposa com uma prostituta de bunda colossal. Ele gosta de coisas grandes. Ele gosta de dinheiro, de poder. Ele tomava cachaça com o Lula na Rudge Ramos e agora toma vinho tinto com gelo e viaja pra Las Vegas. O verdadeiro petista come costela de boi e se baba todo. Ele adora costela! Faz montanha de arroz, viaja de jatinho e emprega a amante na máquina governamental. Ele gosta de Faustão. Ele acha a porcaria do seu veganismo “coisa de veado”. Ele provavelmente acha você e seus amigos todos um “bando de veados“. A  não ser que vocês tenham o “grelo duro“. Aí, vá lá, vocês tem alguma serventia…
A cafonésima república sindical
Lula e seu barquinho de alumínio são o suprassumo do mau gosto. Seu triplex e sua coletânea de vinhos são óbvios demais para serem verdade. Vocês já imaginaram o que a dona Marisa faria com seu LP do Tame Impala? Não tenho idéia. Serviria, talvez, de anteparo para o vaso-decanter ressigificado pela madame .
A real é que gente desse tipo só poderia gastar demais. E com merda. É estádio superfaturado, é estouro das contas públicas, é escândalo multi-bilionário com empreiteira. Nada escapou à gula e a volúpia do petista de verdade. Deslumbrados com o poder, nossa vanguarda proletária fez da república o puteiro (com bundas enormes) que sempre imaginou em seus mais fecundos sonhos.
O PT entregou, após 13 anos, um Brasil feio, gordo, corrupto e desajeitado. Um Brasil que rouba objetos de hotéis, come caviar e arrota mortadela.
O Brasil ficou uma merda.
O eterno retorno
Humilhado em praça pública, restou ao petista gritar. É golpe pra cá, é sem teto pra lá, é “culpa do FHC” acolá. Hoje, o petista de verdade corre pra vender seus carros e escapar da Lava-Jato. Ele tenta , vá lá, um cargo comissionado nos governos da Bahia e de Minas Gerais. Não tem tempo para mais nada. Ainda que tente sumir, porém, tornou-se estrela. O verdadeiro petista já faz parte do imaginário brasileiro.
E eu sei o quanto isso te atrapalha!
Reconstruir a militância não será fácil. Como vender o sonho de “um mundo melhor” quando teu partido é aquele sindicalista escroto comendo torresmo (no iate?)? Fica foda! As tentativas de mesclar essa MPB fubanga do tipo “Tulipa Ruiz” com aquele beócio do Detonautas nunca deram certo. Você ficaram muito chatos. E o que lhes restou?
O eterno retorno. O útero da mamãe! Bora voltar aos anos 60, bora meter florzinha na cabeça e convencer deputado do PR que sua luta é “pela democracia” ( e se possível entregar um cartãozinho do Royal Tulip com o andar escrito no verso, pro papai Lula distribuir malinha de dinheiro e tomar um vinhão com o “guerreiro”, pois, afinal,  ninguém é de ferro e não vai ter arrego!).
Tem que ter saia colorida e olhar lânguido sim! Tem que falar de coisas etéreas e defender as “conquistas sociais do governo Lula”. Tem que manjar porra nenhuma de crime fiscal. Tem que ser contraditório, cinicamente contraditório, e rebelde a ponto de ser repreendido pelo chefe – algum assessor babaca que trabalha para o gordo escroto.
Tem que ser o merda, do merda, do merda, do merda.
Vocês não são hippies
Vocês são feios. Pior – são tão moralmente feios quanto o sindicalista ridículo que lhes financia. E não adiantar me roubar por 13 anos e vir aqui, na maior cara de pau, entregar florzinha pedindo “paz”. Guarde suas flores para o túmulo de Celso Daniel. Sua gente acabou com o meu país. Vocês são gente má.
Sinceramente, não espero nada de vocês. Tampouco senso do ridículo. Vocês são o contrário do espírito dos anos 60. Eles eram rebeldes, vocês adesistas. Eles eram livres, vocês submissos. Eles experimentavam, vocês repetem. Vocês são o pastiche do simulacro do cavalo do bandido. E quer saber? Está bom demais pra vocês.
Por enquanto.
A mamata vai acabar, amigos. O Estado brasileiro não vai mais bancar uma geração inteira de cosplays de Hair.
E vocês sabem disso.
Profundamente.

Beijos de Luz!

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

O fim das narrativas - MARCOS NOBRE


VALOR ECONÔMICO -08/08

O divórcio entre a sociedade e o sistema político vai perdurar

Desde que o impeachment apareceu no horizonte como possibilidade real, ali pelo final de 2015, qualquer coisa que se dissesse fazia parte de uma "narrativa". A formação forçada de dois grandes exércitos exigiu ajustes nos discursos ouvidos até então, exigiu uma unificação de posições conflitantes em nome de um objetivo comum. Durante o governo Lula, fixou-se a versão de que tinha sido inaugurada a nova etapa na história do país de classe média. A franja oposicionista concentrava seus esforços em denunciar esse projeto como pensado apenas para perpetuar um partido no poder.

A ideia do país de classe média perdeu seu pé em 2015, quando entrou em cena o ajuste fiscal de Joaquim Levy. Nesse momento, o PT abandonou a presidente em tudo o que dissesse respeito à política econômica. No mensalão, em 2005, o partido já tinha sido duramente atingido em uma de suas mais importantes bases ideológicas, a defesa da "ética na política". Conseguiu se recompor ideologicamente com o discurso do país de classe média, justamente. Mas ficou inteiramente vendido quando, em seu segundo mandato, Dilma Rousseff resolveu desdizer tudo o que disse durante a campanha eleitoral de 2014.

Porque não se tratava apenas de estelionato eleitoral, mas da exigência de que o PT realizasse uma segunda radical reconversão de seu discurso, de magnitude comparável àquela realizada depois do cataclisma do mensalão, dez anos antes. E já não havia nem condições econômicas nem de formulação para uma segunda guinada como essa. Entre outras coisas, também porque os artífices da ideia de país de classe média tinham construído o discurso em oposição às ideias de ajuste e de austeridade. E, no arranjo pemedebista da política, o partido líder do condomínio não pode deixar de sustentar o governo. Teria sido impossível a FHC sobreviver ao estelionato eleitoral que praticou na eleição de 1998 caso não tivesse contado com o apoio firme do PSDB à desvalorização cambial de janeiro de 1999.

A recomposição discursiva do campo liderado pelo PT só se deu com a consolidação da viabilidade do impeachment. Nesse momento, a economia e o ajuste puderam ser colocados em segundo plano, permitindo o surgimento da narrativa da defesa da democracia. Foi quando começou o curto reino da ideia de narrativa, chave-mestra para a guerra do impeachment.

Do lado do campo favorável ao impeachment de Dilma Rousseff, a unificação do discurso se deu em torno da corrupção. Foi uma continuidade da tentativa feita quando da eclosão do mensalão, retomada quando do julgamento pelo STF em 2012. A estratégia só funcionou depois de dez anos de insistência. A narrativa do campo pró-impeachment procurou identificar a corrupção exclusivamente ao PT e a seu aparelhamento do Estado.

A ideia de narrativa diz que política não é sobre convencer, mas sobre a exigência de estar sempre alerta contra um inimigo insidioso, que procura se infiltrar nas menores brechas do embate de versões para conquistar pessoas desavisadas. Ninguém pode se dar o direito de ignorar esse estado de guerra, as lâminas têm de ser permanentemente afiadas contra um inimigo que não descansa. As palavras são patrulhadas com minúcia detetivesca. Qualquer discurso é suspeito até que pronuncie as senhas que permitem entrar na trincheira: golpe, petralha, coxinha, mortadela.

Com o desenlace próximo do impeachment, o tempo das narrativas terminou. Sobrevive apenas no ritual de cartas marcadas do Senado Federal. E a razão é simples: as narrativas que serviram para mobilizar tropas durante o impeachment não têm serventia no mundo pós-impeachment. No campo contra o impeachment, o eficaz slogan do golpe não dá nenhuma pista para o futuro, não indica possíveis linhas de ação. Na situação atual, aferrar-se à narrativa do golpe como tática política limita a ação à denúncia, sem qualquer outra proposta positiva. Pode até ser uma tática de reconstrução. Mas é uma tática meramente defensiva, pressupõe o diagnóstico de que esse campo será capaz de se recompor em termos eleitorais apenas depois de 2018.

A narrativa pró-impeachment também perdeu seu lastro. O discurso contra a corrupção se enreda na teia universal de desvios escancarada pela Lava-Jato. A realidade do governo Michel Temer é um pesadelo para quem quer que tenha vendido a ideia de passar o país a limpo. A única sustentação efetiva do governo Temer até agora é a ausência de alternativa, somada ao cansaço com o trauma institucional de um impeachment que já fez aniversário de um ano, contado a partir da declaração de Temer de que o país precisava de "alguém" com "capacidade de reunificar a todos".

Em um quadro como esse, a recomposição das forças e dos discursos está longe de ser óbvia. Com menos brutalidade, mas com muitas trapalhadas, o governo atual repete a famosa ameaça de Zagallo: "Vocês vão ter de me engolir". Ao mesmo tempo, não consegue acomodar o arquipélago de forças que o entronizaram.

O campo contra o impeachment está perdido. Sobretudo, está fragmentado, sem qualquer perspectiva de agregação. O PT está inteiramente na defensiva e muitas outras forças querem agora fazer o acerto de contas sempre adiado com o partido que foi o líder do campo da esquerda desde a década de 1990.

Grande parte desses movimentos está se dando de costas para a sociedade. O sistema político continua com a firme convicção de que, em momento de eleições, toda a raiva social acumulada vai ter de se acomodar às opções institucionais que estão aí. É certamente a aposta política mais arriscada que já se viu desde a abertura democrática. 


O divórcio entre a sociedade e o sistema político ainda vai durar muito tempo. E não serão novas narrativas que poderão superar esse divórcio. A esperança que ainda se pode ter é continuar a caçar vagalumes de uma reorganização do debate e das forças políticas que projete imagens de futuro. No momento, o que se tem é apenas a áspera reafirmação de uma realpolitik sem qualquer outro lastro do que a própria sobrevivência do sistema político em sua configuração atual.

Marcos Nobre é professor de filosofia política da Unicamp e pesquisador do Cebrap.



Fica o "fora", cai o "fica" - RUY CASTRO

Segunda-feira, agosto 08, 2016



FOLHA DE SP - 08/08

À sua maneira deliciosamente alienada, desligada de qualquer realidade comprovável e sem o menor compromisso com os fatos, Dilma Rousseff, tendo agora 24 horas diárias de ócio ao seu dispor, começou a trabalhar na última preocupação que lhe resta: o julgamento da história. Ela quer ficar bem na fita diante dos pósteros. Assim, com a mesma desenvoltura com que compunha seus discursos patafísicos na Presidência, imagina poder sepultar no Senado as acusações que lhe fazem.

Ao insistir em que é uma mulher honesta e não fez nada de errado, Dilma continua sem entender que não é a cidadã que está em julgamento, mas a presidente. Isso denota a maneira airosa com que exerceu o cargo e explica por que, sem que ela soubesse -vamos dar-lhe este crédito- armou-se sob o seu nariz uma abismal rede de corrupção. Daí é bom ela não contar com a posteridade. Se ficar provada sua inocência, o futuro a verá como o caso mais agudo de palermice na história da República.

Mas não adianta. O mundo está desabando ao seu redor e Dilma trata as acusações como se estas fossem um surto de caspa que uma ou duas espanadas tirariam de seus ombros. Para isto, basta jogar a culpa nos outros -no caso, o PT. É encantadora a naturalidade com que ela tem transferido aos companheiros a responsabilidade pelo festival de propinas, caixa dois e pagamentos indevidos em suas campanhas presidenciais. Passou até a dizer que o PT precisa reconhecer "os erros que cometeu do ponto de vista das práticas, da ética, do uso de verbas públicas".

Apanhado no contrapé, o PT está tiririca e temos que, em breve, Dilma se verá falando sozinha. Se ela e o partido já se detestavam quando no poder, imagine fora dele.


O PT continuará com o discurso básico de "Fora Temer". Mas já não se ouve de ninguém um "Fica Dilma".


Por que intelectuais odeiam o povo? - LUIZ FELIPE PONDÉ


FOLHA DE SP - 08/08

Por que os intelectuais odeiam o povo? Afirmei isso semana passada em minha coluna ("Bom dia terrorismo!) e muita gente me perguntou a razão disso.

Vejamos um exemplo prático bem atual: Donald Trump.

Todo mundo se pergunta como o povo americano (pelo menos parte importante desse povo) pode votar num cara como Donald Trump. Não vou entrar no mérito do quão "idiota", "palhaço", "populista", "sexista", "racista" muita gente acha que ele é. Se ele é ou não isso tudo, não me interessa aqui.


O que me interessa é que toda a inteligência pública parece concordar que ele mereça todos esses adjetivos. Logo, parece haver uma discordância significativa entre o que pensa grande parte do povo americano e a inteligência pública.

Por que alguém em sã consciência votaria em Donald Trump sendo ele tudo o que achamos que ele seja? Existe a possibilidade de que ele não seja tudo isso de ruim e a inteligência pública esteja errada? Suspeito que não seja esse o caso.

Então, a pergunta que não quer calar é: o povo é burro, pelo menos do ponto de vista da inteligência pública? A resposta é: sim.

Mas o que seria essa "burrice" aqui? Antes, um reparo filosófico importante para deixar clara a razão de eu achar que intelectuais desprezam o povo, suas escolhas, seu mundinho medíocre de consumo, suas jantas, seus programas bregas na TV e suas férias em praias com milhões de pessoas.

Apesar de ter certeza que a democracia é o regime menos pior que conhecemos, não acredito que as pessoas escolham "racionalmente" em quem vão votar. Essa crença é, basicamente, uma lenda. Ninguém vota "racionalmente" –talvez 1% dos eleitores, e porque é gente obsessiva e monomaníaca.

Acho que ninguém está nem aí para política na maior parte do tempo, e quem está, está por taras pessoais do tipo gostar de mandar, mania de grandeza, messianismo ideológico; enfim, taras, e não porque seja excepcionalmente "racional".

Sei que você deve estar querendo saber o que eu quero dizer por votar "racionalmente". Já digo. Lembre-se: como dizia Hegel, conceitos exigem paciência.

Votar "racionalmente" é comparar programas, históricos, coerência de vida e trabalho dos candidatos. Passar algum tempo fazendo essa "pesquisa", discutir com amigos e, principalmente, inimigos, isto é, gente que não concorda com você, enfim, é "trabalhar" para escolher em quem votar.

Conclusão: a maior parte da humanidade que trabalha não tem tempo nem saco para isso. E quem faz, o faz porque é "profissional" militante (e militante, por definição, não é um ser que pensa, mas, sim, um ser obcecado por uma causa). E a coisa que menos importa para ele é comparar propostas, históricos, concepções de mundo. Quer apenas levar os outros a pensar como ele.

Dito isso, voltemos à "burrice". Intelectuais são pessoas que passam a vida pensando, colhendo dados, comparando-os e discutindo com parceiros. Quero dizer, isso seria o ideal. A realidade está, como sempre, entre o ideal e o inferno (mais perto deste do que daquele).

Para além desse ideal, muitos intelectuais se entregaram à falsa paixão pela lenda do "povo racional soberano da democracia", lenda criada pela Revolução Francesa. Mas, como toda lenda, esta fala mais de quem crê nela do que de qualquer outra coisa.

Portanto, os intelectuais recusam o fato de que o povo não vota "racionalmente". Detalhe: ele, o intelectual, também não necessariamente vota "racionalmente", mas a partir de suas taras ideológicas e lenda políticas.

A pergunta a fazermos é: quais são as taras que levam parte do povo americano a votar em Donald Trump?

Tudo de muito humano, demasiado humano: medo, raiva, insegurança, vontade de fazer o mundo parar de girar, fantasia de que a janta será sempre a mesma, com as mesmas pessoas, pânico dos EUA deixar de ser a potência número um, a ilusão de que se pode viver isolado do resto do mundo com barreiras.

Os intelectuais odeiam o povo porque o povo é a humanidade –banal, medrosa, insegura. E os intelectuais amam a ideia de humanidade "racional", mas detestam suas misérias.


Mordaça olímpica - BERNARDO MELLO FRANCO

FOLHA DE SP - 09/08

BRASÍLIA - A vaia no Maracanã foi só o começo. Desde que os atletas entraram em cena, as arenas da Olimpíada viraram palco de protestos contra o governo interino. As manifestações têm sido reprimidas pela polícia. Em ao menos dois episódios, torcedores foram expulsos da arquibancada depois de exibir cartazes com a inscrição "Fora, Temer".



No Rio, um homem foi retirado do Sambódromo por quatro agentes da Força Nacional de Segurança. Ele assistia ao tiro com arco ao lado da mulher e dos filhos. Seu crime: carregar um cartaz contra o presidente interino.



Em Belo Horizonte, a PM expulsou do Mineirão 12 torcedores que assistiam a uma partida de futebol. Eles exibiam cartazes em inglês contra o impeachment e usavam camisetas com letras gigantes, que juntas formavam a expressão "Fora, Temer".


As duas ações foram filmadas com celulares e já somam mais de 3 milhões de exibições nas redes. É bem provável que estimulem novos protestos nos próximos dias.


A organização dos Jogos disse apoiar a repressão policial. "Queremos arenas limpas", afirmou o diretor de comunicação da Rio-2016, Mario Andrada. O comitê alegou que a Lei Geral da Olimpíada, sancionada por Dilma Rousseff, proíbe protestos nas arenas. O texto veta cartazes "com mensagens ofensivas, de caráter racista ou xenófobo", mas afirma que "é ressalvado o direito constitucional ao livre exercício de manifestação".



Além de não ter amparo na lei, a mordaça olímpica contraria a Constituição. Um ministro do Supremo disse à coluna, em caráter reservado, que a proibição de protestos pacíficos caracteriza censura. "Impedir a livre expressão num espaço público é inadmissível", afirmou.


Nesta segunda (9), o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, defendeu a caça aos cartazes. Felizmente, o juiz federal João Augusto Araújo discordou. À noite, ele determinou o fim da repressão nas arenas.



Adeus, projeto criminoso de poder - MARCO ANTONIO VILLA


O GLOBO - 09.08


As sucessivas mobilizações de rua deram o golpe final em um projeto de poder que parecia invencível



Depois de longos 13 anos e cinco meses, o Brasil, finalmente, vai se livrar do projeto criminoso de poder. E, tudo indica, para sempre. Como os “sovietólogos,” que durante décadas estudaram a antiga União Soviética, aqui também os analistas do PT e da conjuntura nacional não conseguiram identificar o momento da crise final de uma forma de fazer política. Os arquivos são implacáveis: basta acessá-los para constatar que davam ao PT, a Lula e às suas alianças políticas uma longevidade que eliminava a História. Era como se o Brasil estivesse condenado, ad eternum, ao domínio petista e Lula fosse o deus ex machina nativo.

A repetição exaustiva dos supostos êxitos petistas, com o apoio da universidade, que fornecia o verniz científico, dava a aparência de que, mesmo com algumas dificuldades, o petismo no poder seria eterno. Tanto o DIP, do Estado Novo, ou a Agência Especial de Relações Públicas (Aerp), do regime militar, nunca alcançaram a eficiência da máquina de propaganda petista. Desta vez, o apoio dos acadêmicos, dos intelectuais, dos jornalistas, dos artistas não necessitou da violência do aparato repressivo. Não. Bastou, para alguns, o dinheiro; para outros, a sensação de que participavam do poder e, para os mais ingênuos, a reafirmação de antigas teses da juventude. O modo petista de governar foi louvado como uma contribuição brasileira para o mundo e Lula, incensado como a síntese das nossas melhores lideranças.

Os “petistólogos” ficaram tão impressionados com a propaganda, que acabaram dando uma sobrevida a uma forma moribunda de fazer política. Mas a história seguiu outro caminho. De um lado, a grave crise econômica, produto da famigerada nova matriz econômica, solapou a possibilidade de manter a base social do regime; as fontes tradicionais de recursos que drenaram para o grande capital bilhões de reais se esgotaram. E a classe média viu encolher seu poder de compra e os seus sonhos de consumo. Já a base da pirâmide sentiu os efeitos da inflação e do desemprego.

O autoconvencimento petista de que permaneceriam eternamente no poder e que controlavam o Judiciário — portanto, estariam salvaguardados frente aos atos de corrupção — fez com que ampliassem em escala nunca vista o saque do Estado brasileiro. O petrolão é apenas uma das faces do leninismo tropical, modo petista de governar, subornar e destruir os fundamentos do estado democrático de direito. A corrupção tomou o aparelho de Estado. Sem esquecer que socializaram seus beneficiários.

A ação da Justiça foi fundamental para desvelar o projeto criminoso de poder. Não bastou a Ação Penal 470, o processo do mensalão. As suaves condenações do núcleo político estimularam a corrupção. Não custa recordar que recursos do petrolão foram usados para pagar multas de sentenciados no mensalão, como no caso de José Dirceu. Decisivo foi o papel da 13ª Vara Federal do Paraná. A ação coordenada da Polícia Federal, do Ministério Público Federal e do juiz Sérgio Moro apresentou para o país o Brasil petista. As severas condenações determinadas pelo juiz Moro — e referendadas, quase todas elas, na segunda instância, em Porto Alegre — deram o combustível político para o enfraquecimento da legitimidade do bloco que estava no poder desde janeiro de 2003.

Mas não foram suficientes as crises econômica e ética. O governo de então contava com a passividade popular. Com a crítica vazia, estéril, com os rebeldes do sofá. A surpresa veio a 15 de março de 2015, quando as ruas do Brasil foram tomadas por milhões de manifestantes. Era o novo na política. A combinação da forte presença das redes sociais e de uma nova forma de organização de fazer política — longe dos partidos políticos. E as sucessivas mobilizações de rua, rompendo também com o passado — o velho comício, onde o povo não passa de participante passivo —, deram o golpe final em um projeto de poder que parecia invencível.

Apesar de todos estes fatores, analistas insistiam em dar sobrevida ao petismo. Superavaliaram a capacidade de organização do partido e de seus asseclas. Deram aos movimentos sociais, mantidos por verbas públicas, um poder que nunca tiveram. Iriam incendiar o país, inviabilizar as ações oposicionistas e despertar a base social do lulismo, os mais pobres. Nada disso aconteceu. As mobilizações foram pífias. Sem as benesses estatais, nada são. E as centrais sindicais que falaram até em greve geral?

O afastamento definitivo de Dilma Rousseff vai ocorrer em clima de absoluta tranquilidade. O país não aguenta mais o PT, sua forma de governar, de fazer política. Seus líderes viraram motivo de piadas. Lula, hoje, não passa de uma figura caricata. Sua maior preocupação é escapar da prisão. O PT apresenta claros sinais de divisão, que, tudo indica, deve ocorrer após as eleições de outubro. Isto se o partido não tiver cassado seu registro, pois violou inúmeras vezes a Lei 9096/95.

O julgamento de Dilma, de acordo com a Constituição, vai ocorrer sob a presidência do presidente do STF. É de conhecimento público que Ricardo Lewandowski não chegou à Suprema Corte pelos seus dotes jurídicos. Foi escolhido por razões paroquiais, de São Bernardo do Campo, onde começou sua carreira política. Se Rui Barbosa foi chamado de Águia de Haia, Lewandowski pode ser considerado o ministro da rota do frango com polenta — região de restaurantes daquela cidade onde se saboreia tal iguaria. E, suprema ironia da História, será ele que vai presidir o impeachment. Mais ainda, vai presidir o sepultamento político do seu amigo Luiz Inácio Lula da Silva.


Marco Antonio Villa é historiador



Tiros no pé - MERVAL PEREIRA


O GLOBO - 09/08

O senador petista Lindbergh Farias, exercendo seu papel de líder da oposição no Senado, tenta mais uma manobra para suspender o processo de impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff, alegando que o presidente interino, Michel Temer, ganhará imunidades constitucionais caso Dilma seja afastada definitivamente, e não poderá ser investigado pela denúncia de que recebeu R$ 10 milhões da empreiteira Odebrecht, conforme constaria da delação premiada de Marcelo Odebrecht.

Há, para início de conversa, controvérsia sobre as imunidades de Temer mesmo no exercício da Presidência. Constitucionalista respeitado que é, Temer tem a exata noção de seus direitos e da controvérsia em torno deles. Há especialistas que consideram que no exercício do cargo, mesmo sendo interino, Temer já não poderia ser investigado por fatos anteriores, assim como Dilma não pode ser investigada por fatos ocorridos quando exercia a chefia da Casa Civil, por exemplo, e até mesmo em seu primeiro mandato.

Mas há constitucionalistas como Thomaz Pereira, professor da Fundação Getulio Vargas no Rio, que acha o contrário. Ele está publicando um artigo hoje no site jurídico Jota, em que defende a tese de que "(...) No momento, Temer ainda é vice-presidente. Esse é o seu cargo. Com isso, não tem ainda imunidades presidenciais. Pode ser denunciado na Câmara por crime de responsabilidade por qualquer cidadão - como já foi. Mas pode também ser processado por fatos anteriores ao seu mandato e estranhos às suas funções. O foro é o Supremo. E, ao contrário do presidente da República, a denúncia no Supremo não exige autorização dos deputados. Depende apenas do procurador-geral da República e do tribunal. Caso haja indícios suficientes para fundamentar uma denúncia, o período de interinidade de Temer é uma janela importante para atuação dessas instituições".

Argumentando que "A responsabilidade vem da função, a imunidade vem do cargo", Thomaz Pereira acha que, efetivado no cargo, quanto aos crimes comuns, "Temer de fato estaria temporariamente imune quanto aos atos alheios às suas funções - mas apenas esses". Mas acha que Temer ainda poderia ser julgado por crimes de responsabilidade que tivesse cometido quando vice-presidente no exercício da Presidência, como no caso dos decretos assinados por ele, alegadamente do mesmo tipo dos assinados por Dilma que estão em julgamento no Senado: "Vice não assina decretos. Apenas o presidente - no caso, em exercício - o faz. Ou seja, a função exercida por Temer era a mesma, antes e depois do afastamento de Dilma. Mesmo se presidente, Temer ainda poderia sofrer impeachment por atos cometidos no cargo de vice, mas na função presidencial. Afinal, a responsabilidade vem da função".

Esse é um tema tão controverso que o Tribunal de Contas da União (TCU) não analisa as contas do vice-presidente, porque considera que até mesmo os decretos assinados por ele são de responsabilidade do titular do cargo. Além dessa controvérsia, que por si só mostra como seria difícil conseguir uma decisão do STF favorável à suspensão do processo de impeachment, há a questão política. A tese do senador Lindbergh Farias é um tiro no pé, no seu próprio, e no da presidente afastada.

Lindbergh é também alvo de denúncias de delações premiadas no âmbito da Lava-Jato, assim como sua companheira petista senadora Gleisi Hoffmann. Os dois, por esse critério, não poderiam fazer parte da comissão de impeachment. Além disso, Dilma está sendo citada em diversas delações premiadas por uso de caixa 2 e financiamento com dinheiro de propinas nas campanhas presidenciais.

Na mais recente e devastadora, o marqueteiro João Santana diz que combinou com ela, pessoalmente, os termos dos pagamentos no exterior. Aliás, as delações, fora poucas e honrosas exceções, estão atingindo praticamente todos os partidos, entre eles o PSDB, que teve seus principais líderes acusados em diversos depoimentos - o presidente do partido, Aécio Neves, e o ministro das Relações Exteriores, José Serra.

É uma boa oportunidade, comprovando-se ou não as denúncias, para alterar a legislação sobre o caixa 2 em campanhas. Como disse o juiz Sérgio Moro, o caixa 2 é uma trapaça eleitoral, e como tal deveria ser considerado um crime comum.



A cultura do feriado - CARLOS ANDREAZZA


O GLOBO - 09/08

Será razoável que se tenha tornado natural como bala perdida que uma autoridade imponha toque de recolher e diga quando as pessoas podem circular?



A cerimônia de abertura da Olimpíada teve três ausências muito educativas sobre o estado de calamidade do Rio de Janeiro: Lula, Sérgio Cabral e Eike Batista. Quem diria, em 2009, que esses três então heróis-estadistas mal pudessem, em 2016, botar a cara na rua, muito menos dar pinta no Maracanã?

Sejamos mais precisos, porém. Quem quer que se lembre do dia 2 de outubro de 2009 — aquele, redentor, em que, no reino da Dinamarca, a cidade foi escolhida sede dos Jogos ora em curso — deveria refletir sobre por que viemos parar aqui (e eles, quase lá), e sobre como não é acaso que coincidam um evento esportivo tão extraordinário e a própria decomposição do Rio, do Brasil.

Passados quase sete anos daquela fantasia em Copenhagen, o trio de heróis-fanfarrões derreteu — o BNDES minguou (subnutrindo os campeões nacionais do petismo), a Petrobras, saqueada, afundou (fazendo emergir a mentira lulista do pré-sal), as UPPs, farsa prolongada, já não existem nem como mistificação — e o Rio de Janeiro, ainda enganado-adiado pelo doping de um legado, logo tombará deprimido, com metrô, VLT, Porto Maravilha e tudo mais. Por quê?

A explicar e consolidar a história toda, a própria natureza do homem público brasileiro: a impostura. Nunca houve tanta, de todos os lados, desde todas as esferas de poder, quanto nos anos em que o Rio fingiu preparar-se para funcionar. (Falaram até em Barcelona, o modelo, isso enquanto, ali ao lado, fabricavam Macaé.) É ela, a impostura, a responsável pela miséria de estarem tantos entre os apaixonados pela Olimpíada — no momento mesmo em que ocorrem — preocupados com o que virá depois.

E como não?

Se é verdade que eles, os heróis derretidos, estão politicamente mortos, certo é também que aquilo que representam não será enterrado enquanto não enfrentarmos a realidade e estourarmos a bolha que ainda hoje o sobrevivente Eduardo Paes infla: a de que a Olimpíada, maior evento da história do país, acontecimento espetacular, é conquista de mentiras erguidas como ciclovia, e a de que a conta político-econômica de tamanho conjunto de irresponsabilidades — que reproduzirá sobre o município, em brevíssimo, a mesma falência que ora dilapida o Estado do Rio — pesará novamente sobre nós, leitor.

Ou você acredita na propaganda eleitoral de que as finanças da cidade estão sob controle? Se sim, os estelionatos marqueteiros de Dilma Rousseff e Cabral-Pezão nada lhe terão ensinado.

Prestemos atenção. Nós já pagamos o preço – na escassez de segurança, no sucateamento de hospitais e escolas — faz mais de dois anos. Há, contudo, um símbolo presente para essa fatura. Algo talvez banal (para uma população que se acostumou a avaliar riscos antes de pegar uma linha vermelha da vida), mas muito significativo. Porque não importa quanto investimento se faça em infraestrutura se — depois de todos os transtornos, na chamada hora H — o cotidiano das pessoas fica ainda mais comprometido. Ou será razoável que se tenha tornado natural como bala perdida que uma autoridade imponha toque de recolher e diga quando as pessoas podem circular? Nada contra a Família Olímpica. Tudo contra a barbaridade de que, para ela desfilar, nós devamos restar em casa. Que mensagem se quer passar com isso?

Que clima olímpico — que espírito pacificado — querem de nós, se o Rio de Janeiro, mais sitiado que nunca, está armado para uma guerra? Não há legado que legitime um estado de exceção. Ou será errado dar nome às coisas?

Penso também na indecência em que consiste este recurso de decretar feriados. Era como fazíamos nas brincadeiras de moleque, diante de um aperto, ao gritar “altos!” — e ainda lá, na farra infantil, algo de imoral havia naquilo. “Altos” é ao que nos obriga o prefeito — para disfarçar o caos, para camuflar a incompetência, a falta de planejamento. O país está quebrado, parado. A cidade, a poucos meses de se enxergar traída, vendida. Mas, ainda assim, os governantes decidem enfrentar a impossibilidade urbana multiplicando feriados.

É quase tudo que a cultura estatista pode oferecer. O resto está no chororô de se declarar falido para esmolar mais dinheiro público. É a melhor síntese da onipresença do governo entre nós: enfezou, faltou, imprimam-se reais, aumentem-se os impostos. Complicou, embolou, meta-se um canetaço e determinado estará que o cidadão não pode trabalhar, que as empresas não podem produzir.

Curiosamente, no entanto, a galera vibra nas arquibancadas. É como se o menino das argolas, a própria personificação da certeza, a definição exata de estabilidade, caísse, falhasse — e a torcida nacional comemorasse o tombo como um gol do Pelé. Claro. Um novo feriado é inveja no coração do brasileiro de outras partes e medalha de ouro no peito do carioca, quando a festa do esporte vira carnaval, micareta. Não importa se for também evidente programa de aceleração do desemprego. Depois a gente vê.

Carlos Andreazza é editor de livros