domingo, 2 de dezembro de 2018

ESSES FALSOS DEFENSORES DE DIREITOS HUMANOS


ESSES FALSOS DEFENSORES DE DIREITOS HUMANOS

por Percival Puggina. Artigo publicado em 


 Nem Bolsonaro, nem seus eleitores são contra os direitos humanos. Essa é mais uma narrativa insidiosa, despegada da realidade, construída pela malícia de alguns intelectuais para consumo de certos atores do palco político. O que milhões de brasileiros manifestaram nas urnas foi sua rejeição à conduta dos que tratam de direitos humanos como se fosse coisa sua, de sua conceituação e distribuição, para uso em benefício próprio e em prejuízo de muitos ou de todos.
Refiro-me, por exemplo, ao empenho no sentido de afirmar como “direitos humanos” meras reivindicações políticas de grupos sociais que só se viabilizam contra legítimos direitos alheios, sendo o aborto a mais eloquente delas. Há muitos outros, porém. Desencarceramento em massa, desarmamento geral da população ordeira, redução das penas privativas de liberdade, indiscriminada progressão de regime prisional, descriminalização das drogas, desmilitarização das polícias militares, demasias do ECA, reivindicações LGBTTQI com incidência nas salas de aula e mais as que confrontam direitos de propriedade. As pessoas simplesmente cansaram dessa conversa fiada! Perceberam no seu cotidiano aonde isso levou o país.
Quando militantes do MST invadem uma propriedade rural – e foram 4063 invasões entre o início do governo FHC e o final do governo Dilma – os ditos defensores dos direitos humanos repudiam toda reação policial ou judicial como “criminalização dos movimentos sociais”. Algo tão ilógico, tão falso, só pode ser afirmado e publicado nos jornais porque desonestidade intelectual é um desvio moral, mas não é crime. Mas é desse tipo de desonestidade que se nutriu, durante longos anos, o discurso dos tais defensores de “direitos humanos”. A nação entendeu e, majoritariamente, passou a rejeitar.
Pelo viés oposto, basta que a atividade policial legítima, desejada pela sociedade com vistas à própria segurança, seja compelida a usar rigor com o intuito de conter uma ação criminosa, para que os mesmos falsos humanistas reapareçam “criminalizando” a conduta policial. Anos de observação desses fenômenos evidenciaram a preferência de tais grupos pelos bandidos. Enquanto estes últimos prosperam e mantém a população em permanente sobressalto, aqueles, os supostos defensores de direitos humanos, inibem a ação protetora da sociedade. Assim agindo, elevam os riscos dos que a ela se dedicam e concedem mais segurança aos fora da lei. Vítimas e policiais não têm direitos nessa engenhoca sociológica.
Não bastassem os fatos concretos, objetivos, testemunhados milhares de vezes por milhões de cidadãos comuns, as correntes políticas que se arvoram como protetoras dos mais altos valores da humanidade mantêm relações quase carnais com ditadores e regimes que fazem o diabo em Cuba, Venezuela, Nicarágua, Coreia do Norte, Irã e África Subsaariana.
As pessoas veem e sabem que o nome disso é hipocrisia.

* Percival Puggina (73), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.


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STF E GLOBO, VILÕES NACIONAIS



STF E GLOBO, VILÕES NACIONAIS

por Percival Puggina. Artigo publicado em 02.12.2018

 Não hesito em afirmar que STF e Globo disputam o primeiro lugar, tanto num concurso de presunção e arrogância quanto num de antipatia, sendo igualmente rejeitados pela direita e pela esquerda.

O Grupo Globo, aqui denominado simplesmente “a Globo”, é rejeitado pela esquerda porque esse segmento político nutre inimizade por qualquer poder que não esteja totalmente subordinado a seus interesses. 

Vem daí a insistência do discurso petista em favor da “regulação da mídia”. O conhecido blog esquerdista Brasil 247 em matéria do dia 8 de janeiro deste ano publicou extenso artigo deixando bem clara, desde o título, a importância do tema: “Sem regulação da mídia, não tem saída para a esquerda”. 

Blogs de igual orientação, aliás, atacam comumente a Globo acusando-a de golpista em virtude da divulgação que fez dos achados da Lava Jato, da miserável ditadura venezuelana, das relações escusas do governo petista com ditaduras de esquerda na Ibero América e na África Subsaariana. 


Como para o PT tudo que pesa contra ele é falso, os petistas desajariam que tais matérias não fossem divulgadas ou, sendo, que o sejam apenas aos insones das altas madrugadas. Daí o ódio ... oops – ódio não porque os petistas não odeiam – dedicado à Globo. Para eles, escandalosa não é a corrupção, mas a notícia sobre a corrupção.

Por outro lado, do centro para a direita do leque de abano ideológico, espaço onde estão os conservadores, a Globo é rejeitada tanto em virtude do combate frontal e deletério que dela recebem os valores morais sedimentados na nossa tradição, quanto pelo seu apoio às pautas e causas da esquerda. A essas duas tarefas, inequivocamente, se dedica imensa maioria de seus programas, novelas e atores, jornalistas e comentaristas sistematicamente recrutados para manifestações de apoio político ao partido da estrela e seus cognatos ideológicos. A posição esquerdista da Globo ficou evidenciada no editorial em que o direção do grupo de empresas se desculpou pelo apoio dado à contrarrevolução de 1964.

Com o STF ocorre algo muito parecido. Nosso Supremo é rejeitado pela esquerda e pela direita. Aquela o detesta pela legitimação constitucional que deu ao processo de impeachment de Dilma Rousseff (malgrado a “mãozinha” final proporcionada por Lewandowski) e, principalmente, pelas “traições” de alguns ministros indicados pelo partido no julgamento de ações penais contra petistas, desde o caso mensalão. 


Há algumas semanas li, alhures, entrevista em que José Dirceu, referindo-se a isso, afirmou que as indicações para o STF durante os governos petistas foram extremamente rigorosas sob o ponto de vista da afinidade ideológica. No entanto, digo eu, em juízo criminal colegiado é muito difícil para um magistrado votar contra abundantes provas contidas nos autos que todos leram. Daí a diferença de conduta: o PT tem ampla base de apoio dentro do STF, aprova as pautas petistas que lá chegam e isso lhe causa o repúdio de quem não é de esquerda, mas na hora da ação penal, onde não há alternativa de prescrição ou nulidade viável, não havendo alternativa, condena. Como a defesa intransigente dos próprios criminosos é uma particularidade esquerdista, as demais condenações pluripartidárias só causam desconforto aos sentenciados.

Logo ali adiante, porém, o STF costuma resolver boa parte desses débitos soltando presos provisórios e condenados com uma liberalidade que restabelece a necessária impunidade sem a qual se corre o risco de acabar com a cadeia produtiva do crime. E aí, claro, a direita estrila.

Como se vê, STF e Globo são dois grandes vilões nacionais pelos motivos certos e, também, pelos errados, o que não deixa de ser um feito.

* Percival Puggina (73), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.


Cresce o número de jovens brasileiros que não pretendem ter filhos, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

Cresce o número de jovens brasileiros que não pretendem ter filhos, artigo de José Eustáquio Diniz Alves



“Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria”
Machado de Assis (Memórias póstumas de Brás Cubas)

razão de progressão de parturição

[EcoDebate] O Brasil, na maior parte de sua história, sempre teve taxas médias de fecundidade muito altas (acima de 6 filhos por mulher). Mas isto começou a mudar na segunda metade da década de 1960, quando o número médio de filhos por mulher começou a diminuir.
A percentagem de mulheres que não tinham filhos era muito baixa e, geralmente, estava relacionada a problemas de infertilidade ou em função da dificuldade de encontrar um parceiro adequado. O exemplo de Brás Cubas, imortalizado na obra de Machado de Assis, é um caso raro de uma pessoa que não teve filho e assumiu sua postura de maneira irônica: “Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria”.
Em 2005, o Brasil atingiu o nível de reposição da fecundidade (2,1 filhos por mulher) e o censo 2010 apontou uma taxa de fecundidade total (TFT) de 1,9 filhos. Mas, evidentemente, qualquer taxa de fecundidade representa diferentes níveis de parturição.
O gráfico acima (Cavenaghi e Alves, 2013) mostra que a percentagem de mulheres, no final do período reprodutivo, tendo 3 filhos ou mais tem diminuído para todas as coortes nascidas após 1956-1960. O percentual de mulheres tendo 2 filhos subiu, para a parturição observada, ficando em torno de 33% para as coortes nascidas entre 1960 e 1970. Contudo, os valores projetados mostram que as mulheres nascidas no início da década de 1970 e com parturição de 2 filhos representava 29% do total.
Já as mulheres com um filho cresceu de 10% para mais de 17% e deve chegar a 25% do total. As mulheres que não se tornam mães (zero filho) deve passar de pouco mais de 10% para cerca de 20% do total, conforme mostra o gráfico.
De fato, o Brasil mantém não somente taxas de fecundidade abaixo do nível de reposição, como também cresce o número de mulheres nulíparas (zero filho). Esta é a nova realidade do século XXI.
Pesquisa recente (16 e 27 de julho de 2018) do Nube – Núcleo Brasileiro de Estágios – perguntou para 41.389 pessoas, na faixa etária de 15 a 26 anos, em todo território nacional: “você pretende ter filhos?”. Embora, 57,97% das pessoas entrevistadas afirmarem a vontade de ter descendentes, mas uma grande parcela pretende ter apenas um filho.
Confirmando o estudo de Cavenaghi e Alves (2013), a pesquisa mostrou um montante significativo de 28,3% das pessoas entrevistadas que revelaram não considerar a ideia de ter filhos. Desses, 25,47% (10.543) afirmaram: “não quero ter filhos, tenho outras prioridades” e 2,82% (1.166) constataram: “o mundo já tem gente demais”.
Ou seja, o Brasil não será uma sociedade sem filhos (childless), mas tudo indica que a proporção de pessoas que escolherão “parturição zero” ou “parturição um” deve crescer de forma consistente no século XXI. Famílias pequenas será a norma e a TFT deve continuar abaixo do nível de reposição ao longo do século XXI.

José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

Referências:
ALVES, JED. GINK: Pessoas com inclinação verde e sem filhos, Ecodebate, 13/02/2015
http://www.ecodebate.com.br/2015/02/13/gink-pessoas-com-inclinacao-verde-e-sem-filhos-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/
ALVES, JED. PANK: Professional Aunt No Kids (Tia profissional sem filhos) , Ecodebate, 18/02/2015
http://www.ecodebate.com.br/2015/02/18/pank-professional-aunt-no-kids-tia-profissional-sem-filhos-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/
ALVES, JED. O mito do amor materno e as políticas pronatalistas, Ecodebate, 13/05/2015
http://www.ecodebate.com.br/2015/05/13/o-mito-do-amor-materno-e-as-politicas-pronatalistas-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/
CAVENAGHI, Suzana; ALVES, José Eustáquio D. Childlessness in Brazil: socioeconomic and regional diversity. In: XXVII IUSSP International Population Conference, 2013, Bussan. Proceedings of XXVII IUSSP International Population Conference. IUSSP, 2013. v. 1. p. 1-25.
https://iussp.org/sites/default/files/event_call_for_papers/ChildlessNessBrazil_Final.pdf
Nicole Tavares, analista de treinamento do Nube (Núcleo Brasileiro de Estágios) https://www.nube.com.br/blog/2018/08/30/os-jovens-querem-ter-filhos

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 30/11/2018
"Cresce o número de jovens brasileiros que não pretendem ter filhos, artigo de José Eustáquio Diniz Alves," in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 30/11/2018, https://www.ecodebate.com.br/2018/11/30/cresce-o-numero-de-jovens-brasileiros-que-nao-pretendem-ter-filhos-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/.

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