segunda-feira, 11 de julho de 2016

O debate mais imbecil da atualidade é o da “Reforma Política”


Coluna do Fernando Gouveia


Todos a defendem, todo mundo a quer, mas ninguém sabe dizer objetivamente o que seria reformado. Há muito grito e pouco foco, retrato de nosso debate político atual.


Todo mundo é a favor da “Reforma Política”. Todos a apontam como grande solução para os problemas estruturais do país e acreditam que sua implantação deveria ser urgente.

Ok, ok. Mas qual reforma? Pois é.

Assim como quando se fala em reformar uma casa, a expressão permite todo tipo de mudança. Desde algumas irrisórias, relativas à pintura, até a demolição de quartos, construção de andares e assim por diante. Dizer-se a favor da “Reforma Política”, sem especificar o que seria reformado, é algo um tanto bocó.

Sim, a expressão tem um efeito sonoro interessante, e o verbo “reformar” possui valor semântico de mudança que cai como luva nos anseios atuais. Mas, a rigor, não significa nada. Pode ser qualquer coisa e ao mesmo tempo coisa nenhuma.

Alguns pontos da “Reforma Política”, aliás, são opostos entre si. Parte da esquerda, por exemplo, defende a adoção de “lista fechada” (vota-se no partido e ele escolhe quem ocupa o parlamento). Mas muitos outros pleiteiam o voto distrital (cada distrito/região teria um candidato à Câmara). Como reformaríamos, nesse caso? E assim vão quase todos os tópicos.

No auge da crise, um “gif” fez sucesso nas redes: Lula, Dilma, Aécio, Marina, Cunha, Renan com as legendas “nem ele, nem ela, nem ele, nem ela” etc. Por fim, as frases de efeito: “FORA TODOS! QUEREMOS A REFORMA POLÍTICA!”. Era impressionante (de forma lamentavelmente negativa) o pessoal divulgando isso a sério, sem ser de forma sarcástica.

Em 2013, quando as “jornadas de junho” explodiram, e o governo e seus militantes ainda achavam possível capitalizar com a revolta (arrogantes que eram e são, jamais suporiam – e até hoje não aceitam – que a GRANDE MAIORIA era/é contra as pautas esquerdistas). Mas o que fez Dilma naquele momento? Depois de longos dias acuada, propôs medidas estapafúrdias, com especial destaque àquela voltada ao que seria sua “Reforma Política”.

Sem medo do ridículo, defendeu a convocação de plebiscito para uma “constituinte exclusiva” a deliberar sobre o que seria reformado. Os petistas, com sua empáfia ignorante, supunham eleger maioria favorável na tal assembleia e, com isso, mudar tudo de acordo com seus interesses.

Desnecessário dizer que, após algumas pesquisas, o próprio governo enterrou essa ideia de jerico. Motivo: tomariam uma surra nas urnas e a tal constituinte seria muito mais “reacionária” do que imaginavam. Tentaram usar as manifestações para emplacar suas pautas, mas perceberam que já tinham perdido apoio ideológico especialmente entre os jovens.

O resto é história: vaias na Copa, panelaços, manifestações com milhões de pessoas e enfim o impeachment. Essa ladeira, hoje praticamente no fim, começou a ser descida naquele momento de 2013.

Não existe uma única “Reforma Política”; cada partido defende a sua e cada militante a empurra para seu lado. Dizer simplesmente “PRECISAMOS FAZER A REFORMA POLÍTICA!”, sejamos francos, é ridículo já no nível em que fica difícil manter o respeito intelectual pela pessoa.

A revolta é compreensível, mas não dá para usar uma frase de efeito como solução de problema objetivo e específico (assim como gritar “TEM QUE ACABAR COM TUDO ISSO QUE ESTÁ AÍ” não costuma dar certo para acabar com nada que está aí). E é patético que o debate pare justamente nesse ponto. Pedem a “reforma” e fim de papo, sem nem dizer o que pretendem reformar – ou então até dizem, mas recuam quando percebem que os eleitores não estão propriamente favoráveis a tal causa.

E não adianta levantar falsas esperanças: simplesmente NUNCA haverá qualquer “Reforma Política” da forma como é proposta. Podem mudar alguma coisa aqui e ali, mas só a perfumaria. O motivo é simples: são os próprios políticos, já eleitos, não tem interesse em modificar as regras de um sistema que os mantem no poder.

Mudanças desse tipo acontecem de forma gradual, com etapas longas, pequenos passos, alguns recuos e muitas dificuldades. Há que se ter foco e estratégia. Mas não é isso que fazem. Vendem uma ideia genérica, com expressão que parece resolver todos os problemas, e no fim, por óbvio, não acontece nada. Sobra discurso e faltam ações.

Mais do mesmo. O de sempre.


Desse modo, meu humilde conselho é: parem de falar da “Reforma Política” sem especificar as mudanças pretendidas, como se expressão, por si, encerrasse algum significado objetivo. Isso já seria um bom primeiro passo.

Renuncie, senhora presidente!

O Brasil é dos brasileiros!
Assim o jurista Hélio Bicudo assinou as alegações finais do processo de impeachment que move contra a presidente da república.

Revelação de extrema importância, o renomado operador do Direito reverbera uma mensagem singela, porém de suma importância, ora desprezada pela maioria dos cidadãos brasileiros deveras esquecidos de uma verdade imanente.

Não fosse a ação da Justiça, a grande maioria dos brasileiros estariam vagando como zumbis, sem rumo certo e sem perspectiva, senão, engabelados pelos arautos da política, sobretudo, do partido dos trabalhadores, que ao longo de mais de dez anos no poder levou o Brasil à bancarrota.

O cenário atual se nos afigura ainda tenebroso e exige que cada brasileiro, cada cidadão, assuma o seu papel na sociedade e por meio de um esforço nacional busque uma saída honrosa para sua Nação.

O Brasil dos brasileiros é o Brasil que outrora era exultado, mormente em razão do seu futebol. Todos sabíamos os valores de nossos representantes futebolísticos e ufanavam seus grandes méritos. Antes mesmo ou paralelamente aos grandes feitos nas copas mundiais, tínhamos orgulho da nossa Petrobras, ora envolvida num dos mais sórdidos escândalos financeiros que abala a credibilidade do Brasil em sede internacional.

É certo, tal como se revela diariamente às manchetes dos jornais, outras entidades também se prestaram ao mesmo desiderato daquela empresa que a todos orgulhava, haja visto a exuberância de nossas riquezas naturais.  Os bancos de fomentos, BNDES, instituições, antes tidas como sérias, hoje pautam-se no rol das que se prestaram à fraudes e criminalidades. O próprio Banco Central, vê-se, à margem de seu papel, quando negligencia fiscalização que lhe é inerente e permite operações de bancos estrangeiros instituído para fraudar e sangrar a nação à exaustão.


Fruto de um política gestada e baseada em promover os apadrinhados do poder, sem se levar em conta a responsabilidade, acima de tudo, e a competência, o mínimo que se pode esperar de um gestor da coisa pública, alcançamos o mais alto índice de endividamento público da história deste país.
Há quem afirme — e com razão — que a corrupção é endêmica e assola este país desde antes do seu descobrimento.

Não obstante, consoante dito alhures, não se presta essa vertente a justificar o descalabro atual, a desordem, a desonestidade, o desmazelo que se espraia por todos os rincões do Brasil.
A métrica hoje se pauta pela Operação Lava Jato.

Uma investigação elementar que se operou em Brasília há pouco mais de dois anos levantou o véu da sujeira que insiste em não se dissipar facilmente. Ao contrário, sensibiliza e expõe instituições que não haveriam de se prestar a dúvidas e reticências sobre sua idoneidade.

O Poder Judiciário ao tempo em que promove a maior investigação de sua história, graças a um grupo de servidores públicos competentes e determinados, também a Polícia Federal e o Ministério Público, assistem, gradativamente, uma ferrenha oposição, algumas das vezes, da própria cúpula do Judiciário, claro, comprometida ainda com o clientelismo e fisiologismo inerente aos poderes Legislativo e Executivo.

O momento é de mudança e ainda que a forceps, com cena de comoção e comportamento de crocodilo, vimos o então todo poderoso ex-presidente da Câmara renunciar. O fez, claro, objetivando livrar-se de punição mais gravosa, sobretudo se vier efetivamente a ser cassado por seus pares, mas, jamais, certamente, haverá de exercer tamanho poder tão exarcebado quanto antes já tivera.

Ainda que o móvel que o levou a tal decisão se concentre em sua esfera pessoal, parece-nos, não deixa de ser revelador, um bom exemplo a ser  seguido pela Presidente afastada. Razões não lhes faltam, basta que Sua Excelência se debruce aos periódicos nacionais e internacionais para sentir o mal feito que causou ao Brasil.

O maior evento esportivo do mundo se avizinha, todos sabemos; o que ainda não imaginamos será a exposição constrangedora da nação – acéfala – escancarada, para o mundo inteiro.

Um total despropósito.

Portanto, fica o apelo no sentido de que alguém, com a mínima decência e ética – se preste a alertar o papel do gestor público a Senhora Presidente, sobretudo, a fim de não postergar, ainda mais, o que se revela mais consentâneo com a prática que se deseja mais adequada: renuncie, Senhora Presidente!


Resgate um pouco da sua história, se é que ainda possa fazer isto, pois, do contrário, lhe será reservado, não ao outro,  como tendo sido gestora do pior e mais pantanoso, sórdido e temerário anos da história da nação, que restará a ser lembrado como aqueles anos em que a Polícia Federal, em mais de uma dezena de operações, promoveu ou tentou promover a limpeza ética desta Nação, manhãs em que aguardávamos, todos, os que ainda acreditam neste Brasil, quantos e quais seriam às autoridades conduzidas a prestarem depoimento  ou mesmo serem presas em razões dos mais cabeludos desvios que o mundo já conheceu.

Neste assunto, sem dúvida e sem quaisquer méritos ou regozijos, ainda somos medalha de ouro e isto não nos envaidece em nada, Senhora Presidente.