terça-feira, 14 de novembro de 2017

El Mercurio (Chile) – Testimonios de Marcelo Odebrecht comprometen a Keiko Fujimori, Alan García y Ollanta Humala

El Mercurio (Chile) – Testimonios de Marcelo Odebrecht comprometen a Keiko Fujimori, Alan García y Ollanta Humala


Fiscales peruanos obtuvieron declaraciones clave para destapar la trama de corrupción. 
El empresario brasileño Marcelo Odebrecht confirmó que su empresa financió las campañas presidenciales de 2011 de los entonces candidatos Keiko Fujimori y Ollanta Humala y que las siglas "AG" que aparecen en una de sus agendas se refieren al ex Mandatario peruano Alan García.

El ejecutivo fue interrogado el jueves en la ciudad brasileña de Curitiba por los fiscales peruanos José Pérez, Rafael Vela y Walter Villanueva, a cargo de los casos Lava Jato y Odebrecht en el país andino.

Aparte del financiamiento ilegal de campañas, la justicia peruana trabaja también para seguir el rastro de 29 millones de dólares que Odebrecht admitió haber entregado a funcionarios peruanos entre 2005 y 2014 para adjudicarse obras, lo que comprende los periodos gubernamentales de Alejandro Toledo (2001–2006), Alan García (2006–2011) y Ollanta Humala (2011–2016).

En el tema del financiamiento de campañas, la prensa peruana reveló ayer que existía una anotación en la agenda del empresario que decía: "Aumentar Keiko para 500 e eu fazer visita".

Según el diario El Comercio, en el caso de Keiko Fujimori, Odebrecht dijo a los fiscales peruanos que "tiene la certeza" de la entrega de dinero para su candidatura presidencial, pero remarcó que el entonces representante de su empresa en Perú, Jorge Barata, debe corroborar el monto. Agregó que si puso la palabra "aumentar", infiere que fue porque ya se había entregado dinero anteriormente a la líder del fujimorismo, quien ha negado haber recibido dinero de Odebrecht.

Humala, a su vez, está en prisión preventiva mientras es investigado junto a su esposa, Nadine Heredia, por la financiación irregular de su campaña. Marcelo Odebrecht confirmó que solo en el caso de Humala él ordenó directamente que se le entregara dinero para la elección de 2011.

El Comercio informó que el empresario también confirmó que la anotación "Kuntur agora bom para Perú/AG..." se refiere al ex Presidente Alan García y a que este "incentivó" a su empresa a construir el proyecto del Gasoducto del Sur. Añadió que su empresa asumió este proyecto a pedido de García, quien también mostró "interés" en que se ejecutaran otras obras, como el metro de Lima, que finalmente construyeron.

García siempre ha negado ser el "AG" mencionado.

Sobre Toledo, quien se encuentra en Estados Unidos, existe una orden de extradición por presuntamente recibir 20 millones de dólares de esta firma, y hay 18 personas detenidas por el caso.

Tal ha sido la magnitud del escándalo, que el Congreso peruano aprobó el jueves una ley que impone restricciones financieras a los socios de empresas envueltas en casos de corrupción, como la brasileña Odebrecht, una medida que podría golpear a la mayor constructora del país, Graña y Montero.

Perseguição: A nova história oficial da Europa apaga o Cristianismo e promove o Islã

Perseguição: A nova história oficial da Europa apaga o Cristianismo e promove o Islã

10 de novembro de 2017 - 15:16:29
A Comissão Europeia determinou que a Eslováquia redesenhasse suas moedas comemorativas, eliminando os santos cristãos Cirilo e Metódio. 
(Imagem: Moeda – Comissão Europeia, Bratislava, Eslováquia – Frettie/Wikimedia Commons)
Há poucos dias, uma parcela dos intelectuais mais prestigiados da Europa, entre eles o filósofo britânico Roger Scruton, o ex-ministro da educação da Polônia, Ryszard Legutko, o conceituado intelectual alemão Robert Spaemann e o professor Rémi Brague da Sorbonne da França, emitiram “A Declaração de Paris“. Nesta ambiciosa manifestação, eles rejeitam a “falsa cristandade dos direitos humanos universais” e a “utópica e pseudoreligiosa cruzada em favor de um mundo sem fronteiras”. Contrapondo, eles defendem uma Europa calcada em “raízes cristãs”, inspirada na “tradição clássica”, rejeitando o multiculturalismo:
“Os patronos da falsa Europa estão enfeitiçados com superstições do inexorável progresso. Eles acreditam que a História está do lado deles e essa convicção os torna altivos e desdenhosos, incapazes de reconhecerem as impropriedades do mundo pós-nacional e pós-cultural que eles estão concebendo. Além disso, são ignorantes no tocante às verdadeiras origens da decência misericordiosa que eles próprios tanto estimam, assim como nós também estimamos. Eles ignoram, até mesmo repudiam as raízes cristãs da Europa. Ao mesmo tempo, eles tomam o maior cuidado para não ofenderem as susceptibilidades dos muçulmanos, que eles imaginam irão adotar entusiasticamente sua visão secular e multicultural de mundo”.
Em 2007, refletindo sobre a crise cultural do velho mundo, o Papa Bento XVI disse que a Europa está “duvidando da sua própria identidade“. Em 2017 a Europa deu mais um passo: criou uma identidade pós-cristã, pró-Islã. Os edifícios governamentais e exposições oficiais da Europa estão efetivamente apagando o cristianismo e acolhendo o islamismo.
Uma espécie de museu oficial foi recentemente inaugurado pelo Parlamento Europeu: “Casa da História Europeia“, ao custo de 56 milhões de euros. A ideia era criar uma narrativa histórica do pós-guerra em torno da mensagem pró-UE de unificação. O edifício é um belíssimo exemplo de Art Deco em Bruxelas. Conforme realçou o estudioso holandês Arnold Huijgen, o casarão é culturalmente “vazio”:
A Revolução Francesa parece ser o lugar onde a Europa nasceu, há pouco espaço para qualquer outra coisa que possa tê-la precedido. Ao Código Napoleônico e à filosofia de Karl Marx está reservado um lugar de destaque, enquanto a escravidão e o colonialismo são destacados como o lado mais negro da cultura europeia (…) O que mais impressiona na exibição do museu é que a narrativa não menciona nada sobre a religião, é como se ela não existisse. Na verdade, ela nunca existiu e nunca impactou a história da Europa (…) O secularismo europeu não briga mais com a religião cristã, ele simplesmente ignora todo e qualquer aspecto religioso da vida“.
A burocracia em Bruxelas chegou a ponto de apagar as raízes católicas de sua bandeira oficial, as doze estrelas que simbolizam o ideal de unidade, solidariedade e harmonia entre os povos da Europa. Ela foi concebida pelo designer francês, católico, Arséne Heitz, que ao que tudo indica, se inspirou na iconografia cristã da Virgem Maria. Mas a explicação oficial da União Europeia sobre a bandeira não menciona essas raízes cristãs.
O Departamento Monetário e Econômico da Comissão Europeia determinou que a Eslováquia redesenhasse suas moedas comemorativas, eliminando os santos cristãos Cirilo e Metódio. Não há menção ao cristianismo nas 75 mil palavras constantes no rascunho, cancelado, da Constituição Europeia.
O Ministro do Interior da Alemanha, Thomas de Maizière, do Partido Democrata Cristão de Angela Merkel, sugeriu recentemente introduzir feriados oficiais muçulmanos. “Em lugares onde há muitos muçulmanos, por que não pensar em introduzir um feriado oficial muçulmano?”, salientou ele.
“A proposta está indo em frente” respondeu Erika Steinbach, influente ex-presidente da Federação dos Desterrados – alemães expulsos de diversos países da Europa Oriental durante e após a Segunda Guerra Mundial.
Beatrix von Storch, líder política do partido Alternativa para a Alemanha (AfD), acaba de tuitar: “NÃO! NÃO! NÃO!”
A proposta de ‘de Maizière’ mostra que quando o assunto é Islã, o secularismo oficial “pós-cristão” está simplesmente engessado.
Há poucas semanas, a exposição financiada pela União Europeia: “Islã. Ele também é nossa história!”, foi apresentada em Bruxelas. A exposição mostra o impacto do Islã na Europa. O anúncio oficial sustenta que:
A evidência histórica apresentada pela exposição, a realidade de uma presença muçulmana antiga na Europa e a complexa interação de duas civilizações que lutaram uma contra a outra mas que também se entrelaçaram, sustenta um empreendimento educacional e político: ajudar os muçulmanos europeus e não muçulmanos a compreenderem melhor as raízes culturais que eles têm em comum e cultivar a cidadania que eles também têm em comum“.
Isabelle Benoit, historiadora que ajudou a projetar a exposição, salientou à AP: “queremos deixar claro aos europeus que o Islã faz parte da civilização europeia, que o Islã não é nada novo e que tem raízes que remontam 13 séculos”.
O establishment oficial europeu deu as costas ao cristianismo. O establishment parece desconhecer até que ponto o velho mundo e seu povo ainda dependem da orientação moral de seus valores humanitários, especialmente quando o Islã radical lança uma ameaça civilizacional ao Ocidente. “É como se um pacote tentasse preencher um “vazio”, ressaltou Ernesto Galli della Loggia no jornal italiano Il Corriere della Sera.
“É impossível ignorar que por trás do pacote há duas grandes tradições teológicas e políticas: a da Ortodoxia Russa e a do Islã, enquanto por trás do “vazio” há apenas o enfraquecimento da consciência cristã do Ocidente Europeu”.
É por esta razão que é tão difícil entender a “lógica” que está por trás da animosidade europeia oficial em relação ao cristianismo e a sua atração por um Islã fundamentalmente totalitário. A Europa poderia facilmente ser secular sem ser militantemente anticristã. É mais fácil entender a razão dos milhares de polacos que acabam de participar de uma manifestação em massa ao longo das fronteiras da Polônia para expressar sua oposição à “secularização e à influência do Islã“, que é exatamente a linha oficial da UE.
Durante a Segunda Guerra Mundial os Aliados evitaram bombardear Bruxelas porque ela deveria ser o local do renascimento europeu. Se a elite europeia continuar com este repúdio cultural de sua cultura judaica\cristã\humanista, a cidade poderá vir a ser a sua sepultura.

Giulio Meotti, editor cultural do diário Il Foglio, é jornalista e escritor italiano
Publicado no site do Gatestone Institute – https://pt.gatestoneinstitute.org
Tradução: Joseph Skilnik

Folha de S. Paulo – Cerco ao penduricalho

Folha de S. Paulo – Cerco ao penduricalho


Quando se trata de justificar privilégios, impressiona o jogo de cintura da alta burocracia estatal.

Veja–se o caso da resposta da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), entidade que representa mais de 14 mil juízes e desembargadores, à tentativa da Receita Federal de cobrar Imposto de Renda sobre benefícios extrassalariais hoje isentos.
Na teoria, tais valores têm natureza indenizatória e em geral não configuram remuneração. São reembolsos a agentes públicos por gastos efetuados no exercício de suas atividades; assim, a não incidência do IR estaria justificada.

Entretanto, na prática cotidiana, os abusos corporativos desvirtuaram o papel dos pagamentos.

O exemplo mais notório é o do auxílio–moradia: originalmente concebido como ajuda de custo a juízes designados para trabalhar fora de seus domicílios, a benesse foi estendida a todos os magistrados (e depois, a promotores), sem levar em conta onde residem.

Pagam–se quase R$ 4.400 mensais aos beneficiários, que não têm a obrigação de comprovar o emprego do dinheiro em aluguel ou outra despesa associada à habitação.
Em tal cenário, torna–se plausível argumentar, como faz a Receita, que a indenização virou renda —e, como tal, deve ser tributada.

A AMB, de modo previsível, considera que o auxílio não equivale a remuneração. No entanto o entendimento parecia o oposto em 2014, quando a entidade pleiteou nada menos que a extensão do mimo aos juízes apo

sentados: defendeu–se, então, a paridade de vencimentos entre ativos e inativos.
De todo modo, a questão fundamental nem é tributar ou não os penduricalhos das folhas de pagamento do Judiciário e do Ministério Público. Cumpre, antes, fechar as brechas pelas quais boa parte da elite do funcionalismo escapa do teto salarial de R$ 33,8 mil mensais fixado na legislação.

Equivalente ao valor pago a ministros do Supremo Tribunal Federal, esse limite máximo ainda hoje é letra morta, em razão da criatividade na distribuição de regalias de toda ordem.

Há, ao menos, avanços recentes no enfrentamento do problema. O Senado aprovou em 2016 projeto que disciplina a aplicação do teto.

O texto, que tramita na Câmara dos Deputados, ganhou nova atenção com o disparatado pedido da ministra Luislinda Valois, dos Direitos Humanos, para a acumulação do salário com a aposentadoria de desembargadora, o que totalizaria R$ 61,4 mil mensais.

A ruína orçamentária em todas as esferas de governo não permite que se tergiverse mais sobre o tema. Sustentar vantagens para trabalhadores no topo da pirâmide social não é fim justificável para recursos cada vez mais escassos.

O Estado de S. Paulo – MST procura outra freguesia

O Estado de S. Paulo – MST procura outra freguesia


Já que reforma agrária faz cada vez menos sentido, MST busca apoio a outros temas


O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) nunca se preocupou de fato com os agricultores sem–terra, mera massa de manobra para alimentar sua agenda política e ideológica, que se confunde com a do Partido dos Trabalhadores (PT). Sendo assim, não é difícil para esse grupo, que faz da baderna sua principal forma de atuação, escolher a clientela que melhor se enquadre em suas estratégias liberticidas, a depender das circunstâncias. E, no momento, a circunstância manda deixar os agricultores sem–terra de lado – já que a bandeira da reforma agrária faz cada vez menos sentido em um país que é hoje uma das maiores potências agrícolas do planeta – e procurar outra freguesia.

Recente reportagem do Estado mostrou com números a mudança de foco do MST. Em 2016, houve 83 invasões de terra promovidas pelo movimento, contra 502 em 1997. Já a invasão de prédios públicos, além de bloqueios de estradas para extorquir dinheiro de motoristas, disparou: houve 87 ações desse tipo em 2016, e neste ano o número saltou para 126. Já os protestos supostamente “contra a corrupção” foram de 72 em 2016 para 139 em 2017. Mesmo quando invadiu algumas fazendas neste ano, o MST não o fez para discutir a reforma agrária propriamente dita, e sim para reivindicar para o “povo” a propriedade dessas terras, porque teriam sido adquiridas pela “oligarquia corrupta” de forma violenta, “assassinando indígenas, escravizando e cometendo atrocidades no processo de formação da sociedade brasileira”, conforme explicou uma das líderes do grupo na ocasião.

Com isso, o MST pretende buscar apoio a outras reivindicações além da questão fundiária, como o combate ao desemprego e à corrupção, além da oposição pura e simples ao governo de Michel Temer.

Não se pode levar a sério a pauta do MST. Nenhum programa que o grupo diz defender é capaz de gerar mais empregos ou de reduzir a corrupção. Ao contrário, o ideário estatizante e antidemocrático que está na essência de seu discurso é responsável, por exemplo, pelo desastre econômico na Venezuela chavista, não por acaso um modelo para o MST. Uma versão “light” desse modelo foi adotada pelos governos do PT, e as consequências são bastante conhecidas tanto pelos milhões de desempregados que gerou como pelos milhões de cidadãos que a corrupção lulopetista lesou.

É evidente que o propósito primário do MST não é nem a reforma agrária nem a denúncia da corrupção. Se assim fosse, o grupo teria protestado com veemência contra o governo de Dilma Rousseff, que reduziu drasticamente o assentamento de agricultores sem–terra – um dos poucos acertos de sua gestão, é bom frisar –, e também contra o governo de Lula da Silva, sob cuja administração nasceram o mensalão e o petrolão, os maiores escândalos de corrupção de que se tem notícia no País.

Ademais, por ironia da história, foi no governo de Michel Temer, tão contestado pelo MST, que houve proporcionalmente o maior número de regularizações fundiárias no País. Neste ano, até julho, foram concedidos 7.356 títulos definitivos de posse de terra, contra 6.821 lavrados em 2006, o melhor ano dos governos petistas nesse quesito. Também até julho, foram assinados 58.837 contratos de concessão de uso da terra, enquanto o melhor desempenho petista foi de 47.073 contratos, em 2010, último ano do governo de Lula da Silva.

Portanto, as reivindicações do MST, seja para iludir os trabalhadores do campo, seja para engambelar os moradores das cidades, não valem as faixas em que estão escritas. Trata–se de simples pretextos estratégicos para explorar as liberdades democráticas contra a própria democracia, com o objetivo de instaurar no País um regime dito “revolucionário”. A ideia é fazer a sociedade habituar–se à violência e ao desrespeito à lei travestidos de “luta popular”, que os militantes lulopetistas do MST querem consagrar como legítima, em nome da democracia. Assim, para que a ordem democrática seja preservada contra esses farsantes, é preciso que eles deixem de ser considerados inimputáveis e comecem a sofrer os rigores da lei.

O Estado de S. Paulo – Tesouro em perigo

O Estado de S. Paulo – Tesouro em perigo


Explosivos e armas são para assaltantes vulgares. Nenhum deputado ou senador precisa de bomba ou revólver para estourar os cofres da União, distribuir favores à custa do contribuinte e desarranjar de forma desastrosa as contas do governo, com prejuízo para muitas dezenas de milhões de brasileiros. Basta juntar votos para aprovar alguns projetos de lei recheados de irresponsabilidade, para deformar propostas importantes para o Tesouro ou para frear iniciativas essenciais para o futuro do País. Uns poucos projetos em tramitação no Congresso podem produzir em um ano despesas superiores a R$ 20 bilhões e gastos consideráveis nos anos seguintes. O gasto adicional pode anular, já no primeiro ano, boa parte do esforço do Executivo para controlar as finanças oficiais e impedir a expansão do buraco fiscal.

O Orçamento federal para 2018 estabelece um limite de R$ 159 bilhões para o déficit primário, isso é, para o saldo negativo calculado sem a conta de juros. Enquanto a equipe econômica busca formas de restringir os compromissos e reforçar a receita, parlamentares, até da base aliada, movimentam–se no sentido contrário, apoiando projetos para ampliar os custos do Tesouro e dificultar a arrecadação.

Depois de terem deformado o projeto de renegociação das dívidas fiscais do setor privado, o chamado Refis das empresas, congressistas tentam agora criar enormes facilidades para o setor rural e para prefeituras. Se os projetos forem aprovados, municípios devedores da Previdência terão dívidas parceladas com enorme generosidade e benefícios escandalosos serão estendidos a fazendeiros devedores do Fisco. Só o Refis do setor rural, com parcelamento sem multa e sem juros, deve custar ao Tesouro R$ 5 bilhões.

Levantamento feito pelo Estado aponta vários projetos com grande potencial de dano às finanças federais. A lista inclui, entre outros itens, o Refis municipal e o rural, um reajuste de 11,4% para a tabela do Imposto de Renda, a obrigação de criar uma unidade de saúde para cada 100 mil mulheres e regras novas para a Lei Kandir.

Aprovada na década de 1990, essa lei foi elaborada para corrigir, por tempo limitado, um defeito do sistema tributário brasileiro. As exportações de manufaturados são isentas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), mas as vendas externas de bens primários e semielaborados são tributadas, em contraste com as melhores práticas internacionais.

De acordo com a Lei Kandir, os Estados estenderiam a isenção a todas as categorias de produtos e seriam indenizados pela União. Os Estados teriam um prazo para se adaptar e o esquema seria extinto em pouco tempo. O arranjo foi prorrogado várias vezes, no entanto, e continua em vigor, como se a própria expansão das exportações daqueles produtos nunca tivesse beneficiado outros setores e reforçado a tributação, ou, ainda, como se ninguém devesse ter trabalhado para racionalizar o sistema tributário.

Se a proposta de ajuste da Lei Kandir for aprovada, as novas normas custarão ao Tesouro Nacional R$ 9 bilhões por ano. Pelos detalhes da reportagem, é fácil chegar aos R$ 20 bilhões, ou pouco mais, no primeiro ano de vigência da farra proposta nos novos projetos.

A orgia é defendida tanto por parlamentares da oposição como por deputados e senadores da chamada base governista. Para os oposicionistas, criar dificuldades para o governo pode até parecer uma obrigação. Além disso, é preciso levar em conta seu apoio a administrações marcadas, desde o segundo mandato do presidente Lula, por indisfarçável desprezo à boa gestão das finanças públicas. Mas os cidadãos deveriam ter, supostamente, o direito de esperar da tal base aliada algum compromisso com as metas de responsabilidade financeira do atual governo. 

Essa expectativa, no entanto, seria uma ilusão. Se existisse o tal compromisso, o governo seria dispensado, por exemplo, de barganhas para conseguir apoio à reforma da Previdência, uma das mudanças mais importantes para o futuro do País. Mas quantos parlamentares se preocupam de fato com este país?