sábado, 9 de julho de 2016

Furo Privilegiado

Eduardo Cunha sai da Câmara para entrar na cadeia, 
mas presos protestam...


Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Agamenon Mendes Pedreira


Em mais um furo de reportagem, eu, Agamenon Mendes Pedreira, o único jornalista investigativo heterossexual e impotente da América Latina, tive acesso exclusivo (e inclusivo) à verdadeira carta que a quase ex-presidenta em exercício, Zica Roskoff, enviou ao Senado Federal. Disfarçado de lagosta ao Thermidor consigo circular tranquilamente pelo Palácio da Alvorada sem ser incomodado pelos ocupantes que preferem bife à parmegiana, picanha na brasa ou macarronada, culinária mais ao gosto do governo popular.



Como todos sabem, a presidanta se recusou a comparecer à Comissão de Impeachment. A princípio, pensou em arrumar um atestado médico falsificado do SUS, mas desistiu depois de ficar mais de quatro horas na fila e ser avisada que o posto estava fechado por falta de papel higiênico.



Depois de botar a culpa no Temer, embicou na direção da papelaria onde comprou um papel de carta bem bonito da Hello Kitty, onde escreveu a seguinte missiva para os senadores, que depois foi copidescada por seu adevogado José Eduardo Pomposo:


"Prezados Senadores e Senadoras, e por que não também saudar os parlamentares transgêneros e também aqueles que ainda não se identificam com nenhuma forma de sexualidade uma vez que a nossa espécie não se resume ao Homo e a Mulher Sapiens sem esquecer, é claro, da Criança Sapiens, que, por sinal, representa o futuro, muito embora o passado tenha muito a nos ensinar no que se refere ao tempo que passou e aos nossos ancestrais como os macacos, os orangotangos e os gorilas dos tempos da Ditadura Militar. Portanto, em resumo, para não ferir nenhuma das minorias que compõem a diversidade da raça brasiliana, saúdo a Mandioca.


Escrevo, porque se escrevo e porque aí não estou uma vez que estarei ausente como os senhores, as senhoras e os transgêneros bem como aqueles que como disse não se identificam com gênero nenhum podem constatar pessoalmente e por isso mesmo e mais uma vez saúdo a mandioca.


Não irei por única e exclusivamente dois motivos: falta de grana. Assim sendo não poderei requisitar um uma aeronave a jato da FAB com o propósito no que se refere ao meu comparecimento a esta comissão de 20 por cento, que desde já, esclareço, nada recebi uma vez que sou uma mulher proba e honesta. 



E mesmo porque, se recebi, aproveito para garantir que sobre este ou qualquer outro assunto nada sabia nem saberei uma vez que me ocupava da presidência da república inaugurando unidades do Minha Casa Minha Vida e frequentando as aulas do Pronatec. 


Como milhões de brasileiros acho que vou ficar desempregada em breve e, assim sendo, tenho que economizar muito. Tenho economizado até o vento, muito embora, como já disse a tecnologia humana não descobriu uma forma de armazenar o vento que não seja o intestino grosso.


Uma vez que o Senado Federal não possui um local adequado para o estacionamento de bicicletas oficiais, não vou comparecer a esta comissão de 30 por cento, comissão esta que, desde já esclareço, mais uma vez, não recebi. No que se refere ao meu transporte poderia ser questionada por que não vou a cavalo ou mesmo no lombo de um burro mais uma vez esclareço que o ex-presidente Lula se encontra em São Bernardo".


Agamenon Mendes Pedreira é jornalista investigativo e investigado. Originalmente publicado no espaço do Marcelo Madureira em 8 de julho de 2016. 

Blog: http://www.casseta.com.br/madureira/

Facebook: https://www.facebook.com/marcelo.madureira1


Twitter: @marcelomadu


Delação ou Danação para Cunha? Culpar juiz é melhor?

sábado, 9 de julho de 2016




Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net



A guerra de todos contra todos os poderes tem um componente preocupante e perigoso. Os esquemas organizadíssimos do crime institucionalizado tentam, de todo jeito, desmoralizar o senso de Justiça. Para isso, os mafiosos de plantão tiram proveito da falha estrutural do judiciário em um País com regramento excessivo e péssima tradição de abuso do poder estatal contra o cidadão. Infindáveis leis, regras, instruções normativas, burocracia processual, combinada com a apologia ao crime e cultura da impunidade, facilitam a Oclocracia (governo dos ladrões) em detrimento da Democracia (segurança do Direito, através do exercício da razão pública).



Traduzindo para o popular essa base teórica que só não enxerga quem sofre de cinismo - e não necessariamente de cegueira: em parceria com a máquina corrupta estatal, os bandidos desafiam os cidadãos e agora abrem fogo contra a banda do judiciário que tenta combater a corrupção - embora isso seja o mesmo que enxugar gelo, se não forem mudadas as condições estruturais do Brasil, um País concebido para ser uma rica e corrupta colônia de exploração artificialmente mantida na miséria, apesar de suas riquezas. A classe política - que fatura alto para obedecer às ordens de seus patrões e financiadores transnacionais para deixar o Brasil como sempre esteve - abre fogo contra magistrados e promotores.



A ministra Nancy Andrighi, Corregedora do Conselho Nacional de Justiça, já arquivou 14 reclamações contra o juiz Sérgio Fernando Moro, transformado em "Herói Nacional" por sua atuação nos processos da Lava Jato. As diferentes acusações contra o titular da 13a Vara Federal em Curitiba são sempre as mesmas: usurpação de competência. Indiretamente, advogados que acionam Moro reclamam que ele abusa de autoridade. Este é exatamente o mesmo argumento do Projeto de Lei 6418, do ano de 2009, que agora Renan Calheiros - presidente do Senado e notório réu na Lava Jato e em vários outros processos - comete a ousadia de defender.


A Associação dos Juízes Federais do Brasil critica duramente as intenções dos políticos, justamente no momento em que juízes, desembargadores e ministros do poder judiciário promovem um intenso enfrentamento contra a corrupção: "A Ajufe rechaça quaisquer medidas que enfraqueçam as garantias da magistratura, em especial aquelas que têm o objetivo de gerar, nos juízes, o receio da punição em desacordo com os trâmites constitucionais e legalmente previstos na Loman - Lei Orgânica da Magistratura".



A Ajufe bate forte: "A independência judicial existe para assegurar julgamentos imparciais, imunes a pressões de grupos sociais, econômicos, políticos ou religiosos. Ela garante que o Estado de Direito será respeitado e usado como defesa contra todo tipo de usurpação. Trata-se de uma conquista da cidadania, que é garantia do Estado Democrático de Direito e essencial à proteção dos direitos fundamentais do cidadão. As prerrogativas da magistratura são invioláveis porque agem em benefício da sociedade como um todo. Não cabe à lei ordinária restringi-las, nem, mais gravemente, aboli-las. A Ajufe e os magistrados federais esperam ser convidados para apresentar sugestões e debater publicamente matéria tão importante para o País".



Enquanto o debate não acontece seriamente, decisões judiciais polêmicas entram na berlinda... Mais uma vez, vigora a tese de que ricos e poderosos ficam pouco tempo na cadeia. O ministro Nefi Cordeiro, do Superior Tribunal de Justiça, determinou a soltura dos presos da Operação Saqueador, entre eles o bicheiro Carlinhos Cachoeira, o ex-dono da Delta Fernando Cavendish, o ex-diretor da Delta Cláudio Abreu e os empresários Adir Assad e Marcelo Abreu. A Justiça Federal no RJ tinha aceitado denúncia contra Cavendish, Cachoeira, Assad e mais 20 pessoas por envolvimento num esquema de lavagem de pelo menos R$ 370 milhões em verbas públicas federais.



Diante de mais uma decisão judicial que alimenta o clima de impunidade, o Brasil assiste à petética novela Eduardo Cunha. O cabra que renunciou à presidência da Câmara, muito a contragosto, depois de já ter sido afastado judicialmente pelo Supremo Tribunal Federal, faz de tudo para não perder o mandato e garantir seu foro privilegiado para julgamento. A manobra depende da eleição de um aliado para o comando da Câmara, contando com o temerário apoio velado do Presidento interino Michel Temer. Se Cunha não for bem sucedido, só lhe restará a alternativa que a maioria dos políicos não deseja: partir para a "transação penal".


Uma delação premiada de Eduardo Cunha seria o maior passo para as transformações institucionais no Brasil. Cunha é o homem bomba perfeito. Ele tem plenas condições de revelar quem são e como operam os maiores promotores da corrupção no Brasil. Por enquanto, excelente ator, Cunha insiste na complicada tese de "inocência". Ele não vai admitir que cometeu qualquer crime, a não ser que perca o mandato ou que sua mulher e filha acabem presas preventivamente por ordem do juiz Sérgio Moro. Cunha ainda aposta na remota chance de continuar deputado e ora feito doido para que consiga trazer de volta ao STF as broncas contra Claudia Cruz e Daniele Cunha.



A tática da politicagem corrupta é fazer de tudo para garantir o foro privilegiado de Cunha, para ganhar tempo. Aposta-se que o caso dele, no STF, possa demorar uns dez anos para chegar a um julgamento final, com aquele famoso "trânsito em julgado". Se Cunha não for bem sucedido na manobra, ele se credencia como o mais perigoso delator premiado da História brasileira. Concretamente, Cunha teme pela própria vida, caso chegue a tal estágio. Por isso, enquanto nada se resolve concretamente, o negócio é meter o pau nos magistrados


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O jogo bruto promete capítulos de tirar o fôlego, a liberdade e, em caso extremo, até a vida dos vários personagens envolvidos na trama.



Cunha ainda pode escolher entre a delação ou a danação. Tomara que o "Malfado Favorito" se torne o "Traidor Espetacular". 

Defesa dos atacados



https://youtu.be/ikMhFqnBPAU



Desembargador Laercio Laurelli defende que é preciso agir contra a corrupção em defesa da Magistratura e de Juízes atacados por acusados desesperados.

Na entrada, durante e na saída


Tudo pela família




Sortudo na Câmara