sexta-feira, 20 de maio de 2016

Estamos perdidos

 

20 de Maio de 2016


Por Mario Sabino
A criminalidade que mata, fere e aleija é um assunto lateral da política, reservado ao discurso dos demagogos. E, no entanto, a criminalidade é onipresente no cotidiano de todas as classes sociais, em especial as mais pobres, que não têm o refrigério de, às vezes, experimentar a libertação de andar numa rua de nação desenvolvida.
O Brasil é o país com o maior número absoluto de homicídios por ano. Em  2014, foram 59.627. Ou 29 em cada 100.000 habitantes. Para mostrar como estamos longe da civilização, na Itália, a proporção é de 0,9 por 100.000 habitantes. Sim, a Itália das grandes máfias.
Mais um susto estatístico: somos responsáveis por 10% de todos os assassinatos cometidos no planeta, embora sejamos apenas 3% da população mundial. O Brasil é de uma ferocidade bem calculada.
Em 2006, coordenei uma edição da Veja dedicada à criminalidade brasileira. Os repórteres levantaram as suas causas. Falta de policiamento ostensivo, investigação precária, leniência penal e sistema prisional em ruínas estão na base do nosso medo de levar um tiro. A porosidade das fronteiras também. Publicamos um mapa detalhado, para mostrar por onde entram drogas, armas e contrabando de bens. A edição foi muito elogiada por políticos, mas desde então a situação só fez piorar.
Recentemente, ouvi de um ministro que o Exército não queria ajudar no combate a traficantes e contrabandistas, porque os comandantes tinham medo de que oficiais e soldados passassem para o lado dos bandidos.
Estamos perdidos.

FALAR É POUCO, SERRA



O ministro das Relações Exteriores, José Serra, discursa na transmissão de cargo no Itamaraty

Para ser fiel ao discurso de posse, em que prometeu ser vigilante com violações da "democracia, liberdades e direitos humanos em qualquer país", o ministro José Serra deve apoiar a iniciativa da Human Rights Watch de pedir à Organização dos Estados Americanos a aplicação da cláusula democrática à Venezuela.

A HRW alega que "o colapso da independência judicial na Venezuela e a consequente propagação das violações aos direitos humanos e da impunidade afetam princípios fundamentais consagrados na Carta [da OEA] e em outros acordos regionais".

Tem toda a razão, mas, para que a OEA possa de fato considerar a petição, é fundamental que um país-membro a respalde.

O Brasil deveria ser o primeiro a fazê-lo. Se a Venezuela de Nicolás Maduro pode dar palpites sobre assuntos internos do Brasil, como o fez ao considerar golpe o impeachment de Dilma, por que o Brasil não pode fazer o mesmo?

Como ensina Marcos Troyjo, em sua coluna online desta quarta-feira (18), "só na superfície, ou no senso comum, agir diplomaticamente é 'colocar panos quentes', 'engolir sapos' ou 'ficar numa boa com a turma toda'. Às vezes, diplomacia é abandonar meias palavras; deve-se falar e agir no tom mais severo possível".

No caso venezuelano não se trata de defender só a democracia, claramente violada pelo governo de Nicolás Maduro, mas de tentar salvar a própria Venezuela.

O cenário atual é descrito à perfeição por Moisés Naïm e Francisco Toro, em artigo para "The Atlantic":

"Nos últimos dois anos, a Venezuela experimentou o tipo de explosão que raramente ocorre em país de renda média como ela, exceto em caso de guerra. As taxas de mortalidade estão disparando; um serviço público depois do outro está entrando em colapso; inflação de três dígitos [720% este ano] deixou mais de 70% da população na pobreza [76%, para ser exato]; uma onda incontrolável de crime mantém as pessoas trancadas em casa à noite; consumidores têm que permanecer na fila por horas para comprar comida; bebês morrem em grande número por falta de remédios simples e baratos e de equipamento nos hospitais, assim como os mais velhos e os que sofrem de doenças crônicas."

Até a esquerda "chavista" (a do Chávez original, não a de seu sucessor desastrado) critica o governo e duvida de sua alegação que trava uma "guerra econômica" e acena com uma invasão que só ele vê.

Escrevem para o sítio "Aporrea", em que essa esquerda se expressa, Toby Valderrama e Antonio Aponte: "Outra vez, o governo fala de guerra, de invasões, de perigos estrangeiros, comportando-se como a criança que fez estragos na cozinha e acusa a irmã, a empregada (...). Que estranho esse governo que nunca se equivoca, não retifica nada, ao contrário, reafirma os decretos e condutas que todos veem que não funcionaram."

Só o referendo revogatório daria aos venezuelanos a chance de escolher um novo governo capaz de tentar condutas que, de repente, funcionem. Mas só a pressão externa permitiria, eventualmente, que ele se torne realidade.



19 de maio de 2016
Clovis Rossi, Folha de SP

PROVA DE FOGO



Uma nova política externa precisa de diplomatas leais ao interesse nacional, não aos dogmas ideológicos do lulopetismo

‘Não vamos calar, mas não vamos escalar”. Foi assim que o novo ministro das Relações Exteriores, José Serra, sintetizou sua orientação sobre o estremecimento diplomático com a Venezuela e outros países da Aliança Bolivariana para as Américas (Alba). Nas duas notas emitidas pelo Itamaraty, o Brasil “rejeita enfaticamente” as “falsidades” propagadas pelos governos daqueles países sobre “o processo político interno”, “repudia” as declarações de Ernesto Samper, secretário-geral da Unasul, e qualifica seus juízos como “incompatíveis com as funções que exerce e o mandato que recebeu”. São duras respostas à escalada retórica de líderes que subordinam os interesses de suas nações a conveniências táticas específicas.

Nicolás Maduro descreveu o impeachment no Brasil como “golpe de Estado parlamentar” e, na sequência, aplicou um golpe de Estado contra o Parlamento de seu país, decretando o estado de exceção. O regime chavista em declínio teme, mais que tudo, as repercussões do impedimento de Dilma Rousseff sobre a Venezuela. Significativamente, o que assusta o chavismo aparece refletido na nota da presidente afastada, que enxerga na “farsa jurídica aqui montada” (isto é, o impeachment supervisionado por um STF independente) o risco de “desestabilização de governos legítimos” (isto é, a tirania venezuelana).

No país vizinho, vergado pelo colapso da economia, a maioria parlamentar eleita deflagrou um processo de revogação constitucional do mandato de Maduro por via plebiscitária. Sob o efeito demonstração do Brasil, os eleitores tendem a se libertar do medo e exigir que uma corte suprema servil ao chavismo obedeça à lei, dando seguimento à convocação da consulta popular. A escalada diplomática é uma tentativa de dissolver o impacto da substituição legal do governo Dilma. Os demais países da Alba apenas fazem eco à gritaria insultuosa oriunda da Venezuela.

O Brasil terá que tomar a iniciativa, em meio à tempestade. Os EUA são carta fora desse baralho, pois os focos regionais de Barack Obama são a abertura para Cuba e a conclusão da paz na Colômbia, que depende da cooperação de Havana e Caracas. No governo e no Itamaraty, uma corrente quer tomar o “não escalar” ao pé da letra, circunscrevendo a resposta às notas diplomáticas. Atrás disso, está a crença de que o governo Temer precisa se firmar internamente, antes de avançar no campo minado da política latino-americana. Uma corrente oposta argumenta que, nesse caso, política externa e política interna encontram-se indissoluvelmente conectadas, não oferecendo ao governo outra alternativa senão a contraescalada.

De fato, as narrativas “interna” e “externa” sobre o “golpe” são faces complementares de uma estratégia única. A acusação de ilegitimidade do governo Temer nasce no PT e desdobra-se na campanha diplomática da Alba. Serra só podia declarar publicamente que não pretende “escalar”, pois países sérios não emulam os discursos histéricos de regimes como o da Venezuela. Contudo, o ministro enfrenta sua prova de fogo, que também é um teste crucial para o governo Temer. Uma reação tímida, apenas reativa, redundará em desmoralização do Itamaraty e retardará a consolidação externa e interna do novo governo.

Na linha da contraescalada, o regime chavista surge como alvo óbvio. A Venezuela ruma ao abismo econômico, conduzida por um sistema de poder autoritário e corrupto. Analistas preveem que, no futuro próximo, o país precisará de ajuda humanitária internacional. O regime controla o Judiciário, a alta oficialidade militar foi parcialmente incorporada ao partido oficial e milícias armadas chavistas atemorizam a população. Líderes opositores encontram-se encarcerados, sob sentenças emanadas de farsas judiciais. Bloqueando o caminho legal da consulta revogatória, Maduro semeia a explosão social. O isolamento do governo venezuelano alinha-se com o interesse nacional brasileiro de prevenir uma guerra civil em país fronteiriço e atende ao princípio constitucional de defesa dos direitos humanos no âmbito da política externa.

Não basta, embora seja um bom começo, invocar a cláusula democrática do Mercosul. A articulação para isolar o regime venezuelano só terá sucesso se envolver diversos parceiros regionais, especialmente a Argentina de Mauricio Macri e o México de Enrique Peña Nieto, na denúncia do autoritarismo chavista e no amparo à Assembleia Nacional eleita. A necessária contraescalada enseja uma oportunidade para a reconstrução da arquitetura estratégica da América Latina, por meio da aproximação do núcleo do Mercosul com a Aliança do Pacífico. No horizonte de Serra, brilham as luzes de uma ativa diplomacia comercial. Mas, para abrir essa comporta, o Brasil deve enfrentar o desafio geopolítico evidenciado pela crise em curso.

A embaixada em Caracas é um ativo valioso na contraescalada. Sem exageros ou encenações teatrais, ela pode organizar a interlocução cotidiana com os líderes da Assembleia Nacional e repercutir informações sobre violações de direitos humanos. Contudo, sabotará as ações do Itamaraty se continuar sob o comando do embaixador Ruy Pereira, antigo chefe de gabinete de Samuel Pinheiro Guimarães, que abandonou à própria sorte a delegação parlamentar brasileira encarregada de prestar respaldo aos presos políticos venezuelanos. Uma nova política externa precisa de diplomatas leais ao interesse nacional, não aos dogmas ideológicos do lulopetismo.

A crise aberta pela escalada do chavismo coloca Serra numa encruzilhada. Se sucumbir às hesitações inerentes ao governo Temer e aos conselhos de diplomatas profissionais imersos no pensamento rotineiro, o ministro será confrontado com um desafio maior no futuro próximo — e terá que enfrentá-lo em condições piores. Resta-lhe o caminho de assumir a iniciativa, articulando uma contraescalada serena, mas persistente e decisiva.



20 de maio de 2016
Demértrio Magnoli, O Globo

GUERRA DA PREVIDÊNCIA COMEÇA



Henrique Meirelles deu os primeiros tiros de uma das duas maiores batalhas do governo Michel Temer, a reforma da Previdência. A outra frente de combate será o aumento de impostos, caso em que o governo parece mais disposto a se render.

Sim, a Previdência parece estar em pauta desde o início dos tempos, mas o ministro da Fazenda e da Previdência disse que a mudança deve afetar quem já trabalha. Sim, é óbvio, mas tal coisa não saía da boca de uma autoridade importante faz quase 20 anos.

Os sindicatos vão fazer guerra contra a idade mínima. Argumentam, com razão, que, com essa reforma, os mais pobres em geral teriam de trabalhar mais tempo para se aposentar –começam mais cedo. O problema de financiamento, no entanto, permanece.

A fim de abater o rombo, sugerem reduzir sonegação, cobrar entidades filantrópicas, clubes de futebol, impostos sobre o jogo (um contrabando vulgar e contraproducente, a jogatina). Em relação à escala ciclópica do deficit, não resolve. Reduzir desonerações ajuda mais.

Mesmo com uma regra de transição bem severa, que eleve rapidamente a idade mínima, a contenção de despesas não deve aliviar de modo relevante o buraco previdenciário pelos próximos anos. Mas deve alterar as projeções para o futuro de deficit e dívida do governo, que hoje cresce sem limite.

Considere-se o tamanho do problema. Para começar, note-se que a despesa da Previdência (INSS) toma uns 38% de toda a despesa federal, afora gastos com juros.

O deficit andava pela casa de R$ 97 bilhões, em março passado, dado mais recente disponível para a conta do rombo acumulada em 12 meses. Um ano antes, era de R$ 72 bilhões. Dois anos antes, em março de 2014, de R$ 57 bilhões.

O grosso dessa bola de neve do deficit se deve à crise econômica, à recessão, ao desemprego, à dificuldade de pagar contribuições e às reduções de contribuições patronais ao INSS, concessão de Dilma 1.

Difícil agora destrinchar exatamente quanto há de facada de crise e quanto há de talho das desonerações nessa alta do deficit, mas esses fatores do rombo não serão contidos sem que o país saia da recessão, e olhe lá.

O buraco quase inteiro se deve ao deficit da Previdência dita "rural", dos trabalhadores rurais, que mal contribuem e, na prática, se aposentam por um regime diferente daquele dos trabalhadores da Previdência "urbana".

Dos R$ 96,7 bilhões do deficit, R$ 93,6 bilhões são da conta da Previdência "rural", na verdade programa assistencial que despende o equivalente a três Bolsa Família e meio.

Em relação ao tamanho da economia, o deficit da Previdência é de 1,62% do PIB. O deficit federal total é de 2,32% do PIB, embora até esse número seja hoje controverso, graças às fraudes e às bagunças dos governos Dilma.

No ano passado, houve um pagamento extraordinário de atrasados dos governos Dilma, a conta das pedaladas. Descontadas essas pedaladas, o deficit acumulado em 12 meses cai para 1,34% do PIB. No entanto, o governo Temer vem dizendo, talvez um tantinho por terrorismo, que o deficit ao final deste ano pode chegar a perto de 2,5% do PIB.

Em suma, estamos no escuro. Sabemos apenas que o problema é muito ruim ou pavorosamente ruim e que a Previdência é parte da solução.



20 de maio de 2016
Vinicius Torres Freire, Folha de SP

O "NEW YORK TIMES" ERROU



Não era difícil observar, mesmo para um jornalista estrangeiro, que Dilma era fator de acirramento das duas crises

O editorial do “New York Times” que critica o afastamento de Dilma Rousseff começa equivocado logo pelo título: “Piorando a crise política brasileira”.

Ora, está na cara que a crise não piorou. Ao contrário, o ambiente é mais tranquilo. Ok, estamos falando com uma semana de vantagem em relação à publicação do editorial, no último dia 13. Mas não era nem um pouco difícil observar, mesmo para um jornalista estrangeiro, sempre com visões mais superficiais, que Dilma no governo era fator de acirramento das duas crises, a política e a econômica. Aliás, bastaria consultar analistas de Wall Street, ali pertinho da sede do jornal.

Analistas do mercado não são torcedores. Eles só querem saber como será o desempenho deste ou daquele presidente para avaliar se é o caso de colocar ou retirar dinheiro no país.

O "NEW YORK TIMES" ERROU

Em resumo, e sem juízo de valor, era quase unânime a conclusão: sem Dilma, a crise política arrefece e abre espaço para medidas econômicas, quebrando a paralisia em que se encontrava o país.

É o que está acontecendo.

O “Times” erra também quando examina as causas do impeachment. Diz que a presidente é acusada por uma “suposta trapaça financeira”, apenas uma “tática” empregada por outros presidentes.

Curioso que o jornalão chega perto das pedaladas, quando descreve, en passant, parte do mecanismo: “usar dinheiro dos bancos públicos para cobrir déficits orçamentários”.

Mas alguém lá no board de editores tinha que ter reparado que a explicação estava incompleta. Talvez porque não existam bancos públicos nos EUA, não do tamanho dos nossos, o editorialista do “Times” não tenha cogitado da extensão do caso.

De todo modo, existe aqui uma imprecisão jornalística: usar como? Mandar o banco público pagar obras? Pagar salários?

Importante especificar, porque o uso do objeto da acusação foi algo expressamente proibido pela lei: o governo tomando dinheiro emprestado nos seus próprios bancos.

E aqui o “Times” poderia facilmente fazer a comparação com o que ocorre no setor privado. É regra praticamente universal que o dono não pode se financiar no seu próprio banco. Não apenas essa prática criaria uma concorrência desleal, como colocaria todo o sistema financeiro sob risco.

Imaginem: os acionistas de um grande banco tomam emprestado, no seu banco, para investir numa empresa de petróleo, de sua propriedade. A companhia de petróleo entra em dificuldades. Os acionistas deixam de pagar ao seu banco para salvar sua petrolífera — e quebram todos os outros que têm conta ou investimentos com o banco.

No caso da relação governo/banco público, o risco é macroeconômico. Tomando empréstimo no seu banco, o governo cria dinheiro do nada e, com isso, gera inflação, dívida e juros altos para toda a sociedade.

Isso acontecia direto no Brasil antes das atuais regras de estabilidade fiscal. Bancos estaduais quebraram, incluindo o maior deles, o Banespa, assim como, é lógico, também quebraram os governos que eram seus donos. O BB e a Caixa tiveram que ser capitalizados nos anos 90 por causa dessa prática.

Eis a “trapaça financeira” — uma violação da responsabilidade fiscal, que gerou um déficit de quase 2% do PIB e disparou a dívida pública.

O jornal também compra a versão de Dilma segundo a qual ela fez o que outros presidentes fizeram.

Equívoco jornalístico de novo. Bastaria ter observado um gráfico — o que mostra a movimentação das contas entre o Tesouro (governo) e seus bancos. Por essas contas, o Tesouro manda dinheiro para o banco, a Caixa, por exemplo, pagar o seguro-desemprego ou o Bolsa-Família ou para o BB cobrir juros subsidiados.

Nas administrações FH e Lula, o Tesouro ora ficava credor, ora ficava devedor nessas contas. Quando devedor, por períodos curtos e na casa das centenas de milhões de reais. Dilma simplesmente parou de pagar por meses seguidos a partir de 2013 e acumulou dívidas — ou tomou um crédito — que beiraram os R$ 100 bilhões.

É certo que um jornal de fora não tem como entrar nesses detalhes. Mas o “Times” poderia ter apurado melhor.

Assim, não diria que Dilma está sendo injustiçada porque não roubou dinheiro do petrolão. Ela não está sendo acusada disso.

Também não diria: “muitos suspeitam” que Dilma está sendo atacada porque permitiu o andamento da Lava-Jato, que apanhou políticos que a condenaram.

De novo, o “Times” simplesmente compra a narrativa da presidente e comete outra imprecisão jornalística. “Muitos” quem? Suspeitam como? Além disso, os indícios já bem apurados mostram o contrário, que Dilma tentou obstruir a Lava-Jato. E mais: ela não permitiu nada, simplesmente nem ela nem Temer têm como impedir a operação. Aliás, na última terça, o PT jogou fora essa história e disse que a Lava-Jato é “golpista”.

O “Times” erra de novo quando aceita a hipótese de que os políticos que acusam Dilma estejam apenas querendo trazer de volta a política do “toma lá, dá cá”. Trazer de volta? O governo petista fez isso largamente, desde Lula.

Entre os que votaram pelo impeachment, há muitos deputados e senadores investigados e/ou citados na Lava-Jato. Mas as razões do impeachment são outras. E a operação vai apanhando os envolvidos, antes e depois, como foi com o Eduardo Cunha.



20 de maio de 2016
Carlos Alberto Sardenberg, O Globo

GUARDA DE SEGURANÇA É PRESA POR REMOVER HOMEM DE BANHEIRO FEMININO


Uma guarda de segurança que trabalhava num supermercado em Washington, D.C, capital dos EUA, foi presa na segunda-feira de tarde por escoltar um homem para fora do banheiro feminino depois que ele se recusou a sair porque ele se identificou como mulher.

O cliente — um jovem negro que se identificou como Ebony Belcher para os meios de comunicações locais — teria passado pela guarda de segurança na sua ida ao banheiro feminino no supermercado Giant na capital dos EUA.

Depois de ver Belcher entrar no banheiro feminino, a guarda de segurança o seguiu e ordenou que o homem saísse. Quando ele recusou, a guarda de segurança teve de escoltá-lo para fora do banheiro feminino.

Ao deixar o supermercado, Belcher telefonou para a polícia pedindo que prendessem a guarda. A polícia da capital dos EUA confirmou para o canal de televisão NBC4 Washington que a mulher foi presa e acusada de agressão simples. 

A polícia da capital dos EUA disse ao canal de TV que está tratando o incidente como “suspeito crime de ódio.”
Belcher disse à NBC4 que a guarda de segurança lhe disse: “Você homem não pode ficar entrando aqui e usando nosso banheiro feminino. Ainda não aprovaram a lei.”

Ele disse ao canal de TV WJLA que acredita que “a mulher não tinha razão para colocar as mãos dela em mim,” acrescentando que ele ficou emocionalmente traumatizado com o incidente. “Isso me deixou machucado. Foi horrível… Estou transtornado,” ele disse. “Não deveriam discriminar as pessoas com base em sua identidade de gênero.”

Pelo menos uma mulher ficou agradecida com as ações da guarda de segurança. A cliente Deana Chisholm disse à TV WJLA: “Se você nasceu homem, vá para o banheiro masculino. Se você tem um pênis, vá para o banheiro masculino. Se você nasceu mulher, vá para o banheiro feminino. Ponto final!”

DILMA, LULA E O CRIMINOSO 'PANAMÁ' DO PT.


Na equipe do presidente interino Michel Temer, as derradeiras canetadas da petista Dilma Rousseff são tratadas no dia a dia do Palácio do Planalto como pautas-bombas, medidas estrategicamente assinadas para deteriorar a imagem do ainda temporário governo peemedebista. 

Diante da maquiagem na previsão do rombo fiscal de 2016 - se os 96 bilhões de reais já não fossem preocupantes, as novas projeções beiram um déficit de 200 bilhões de reais -, e até da liberação de última hora de reajustes salariais cujas negociações estavam adormecidas há quase um ano, os ministros do governo Temer passaram a primeira semana de governo listando medidas impopulares que terão de ser tomadas para devolver a economia aos eixos e não desvirtuar programas sociais e políticas de governo, no apagar das luzes direcionados silenciosamente a apoiadores do PT.


As primeiras, por mais desgastantes que sejam, já foram tomadas, e incluem, por exemplo, suspensão de convênios com universidades e a sustação da construção de mais de 11.000 moradias populares para beneficiários como o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). 

Outra pauta bomba a ser desarmada são os acordos de reajuste salarial que o governo Dilma fechou, um dia antes da sessão de debates para o afastamento da presidente Dilma Rousseff, com oito categorias do funcionalismo público. 


As categorias prometem pressionar a equipe de Michel Temer, mas segundo o ministro do Planejamento Romero Jucá, apenas os acordos já em tramitação no Congresso estão garantidos. Clique AQUI para ver o tamanho do rombo com as canetadas finais da Dilma


A COISA É GRAVE
Que a Dilma não volta mais para o Planalto isto é já um fato. Mas não será surpresa nenhuma se for levada do Alvorada diretamente para a cadeia, juntamente com seus áulicos tendo Lula à frente.


Pelo rombo nas contas públicas, pela roubalheira desvairada dos recursos públicos e pelo 'panamá' aplicado pouco antes da admissibilidade do impeachment pelo Senado, quando Dilma assinou as denominadas 'pautas-bombas', ampliando as despesas para inviabilizar o Governo Temer, se antevê que a cúpula do PT poderá terminar seus dias na cadeia.


O que eles fizeram nos últimos dias no poder é inacreditável. O que se sabe é a ponta do iceberg. A coisa é grave, muito grave. 

N.B.: Além de ser o nome de um país centro-americano, a palavra 'panamá' em português designa também roubalheira em empresa (pública ou privada) ou repartição governamental.


O JORNALISMO BUNDALELÊ DO 'ESTADÃO'. OU: O COMEÇO DO FIM DOS JORNALÕES.



Estadão faz chamada com destaque para véus islâmicos
Quem será o editor internacional bundalelê do jornal O Estado de S. Paulo, o ex-Estadão? Sim, ex-Estadão, já que foi transformando em mais uma pocilga de difusão do pensamento politicamente correto.

Tanto é que o noticiário internacional do site do ex-Estadão traz como destaque matéria sobre "véus islâmicos". Foi assim que tudo começou na Europa hoje alvo dos fanáticos islâmicos que já cometeram uma série de atentados contra a população majoritariamente cristã, como é a do Brasil e das américas. 

Quando os editorialistas do ex-Estadão se aposentarem esse jornal tende a desaparecer dentro de pouco tempo. Aliás, os jornalões vão desaparecer. E não é apenas pelo impacto da internet, mas porque não refletem mais a realidade dos fatos e se transformaram em mecanismos de difusão do pensamento politicamente correto, a novilíngua introduzida pelos vagabundos da ONU e da União Européia. O plano sinistro desses criminosos é a destruição da liberdade individual que é o passo decisivo para o domínio totalitário pela dita elite global, amante de primeira hora do neocomunismo do século XXI.

Mas não é apenas o ex-Estadão. O mesmo esquema está em toda a grande mídia nacional e internacional. Os jornalistas, em praticamente a sua totalidade, são os executores dessa sacanagem e por isso ninguém mas compra e assina esses veículos de mídia mentirosos e ridículos.

Constatei ontem numa da mais prestigiadas bancas de jornais e revistas de Florianópolis, que fica dentro de um dos principais shoppings da capital catarinense, que a Folha de S. Paulo, por exemplo, vende no máximo uns 10 exemplares por dia. O jornal O Globo já não é mais vendido na capital catarinense. E o resto é o resto. As revistas semanais boiam solenemente. Nem sei como sobrevivem financeiramente.

Mais um pouco e esses jornalões desaparecerão para sempre! A internet com as redes sociais, blogs e sites independentes está fazendo picadinho dessa imprensa de antanho, velha, feia, vagabunda e mentirosa.


O ex-presidente Lula é mesmo o principal alvo da investigação que resultou na Operação Janus, deflagrada nesta sexta-feira (20) pela Polícia Federal em colaboração com o Ministério Público Federal.

Operação Janus investiga atuação de Lula com a Odebrecht no exterior
Dinheiro do BNDES para o Porto Mariel (Cuba) é um dos alvos
Publicado: 20 de maio de 2016 às 12:14


Todas as democracias das Américas dizem que não teve golpe



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Já podemos estabelecer um critério para definir uma democracia nas Américas: ouvir a opinião de seus líderes em relação ao discursinho barraqueiro do PT – o qual diz, em estilo mimizento, que “impeachment é golpe”, mas só se for impeachment de uma presidente petista, claro – e aplicar o crivo. Se o lider concordar com o PT é uma ditadura, mas se discordar é uma democracia. Por exemplo, tiranias como Venezuela, Cuba e Nicarágua ficaram do lado do PT. Democracias como Estados Unidos, Paraguai e Argentina mandaram o teatrinho às favas. Leia mais, a partir do Implicante:
Diplomata americano lembrou, inclusive, que os Estados Unidos já passaram por processo semelhante duas vezes. 
Nações que tiveram relações obscuras com os governos Lula/Dilma e morrem de medo do que pode vir à tona após o impeachment, tomaram a palavra na OEA para denunciar que o Brasil teria passado recentemente por um golpe de Estado. O protesto se deu após o Paraguai dizer que a queda de Dilma se deu inteiramente dentro da legalidade democrática. Mas os bolivarianos ouviriam o que não queriam.
 José Luiz Machado e Costa, embaixador brasileiro na OEA, interveio e defendeu a normalidade do processo, no que contaria com o apoio dos Estados Unidos e Argentina, que concordaram com o impeachment de Dilma. Em especial, Michael Fitzpatrick, representante da diplomacia americana: 

“Não acredito que há um golpe de Estado brando ou de outro tipo. O que ocorreu no Brasil foi feito seguindo o processo legal constitucional e respeitando completamente à democracia“.

Fitzpatrick ainda destacaria que dois processos semelhantes já ocorreram na história dos Estados Unidos, reduzindo ainda mais a postura patética dos bolivarianos.
O mundo sério sabe o que se passa no Brasil.
E enquanto isso, Maduro planeja fechar o Congresso de seu país. E com o apoio de todos os líderes que estão do lado do PT. Acho que há um divisor de águas aqui: a escória que se posiciona em favor de Dilma é perigosa para a democracia, além de viver de dar golpes. Não podemos confiar nessa gente quando eles se declaram “vítimas de golpes”.

Fonte: Estados Unidos, Argentina e Paraguai defendem o Brasil na OEA: NÃO houve golpe – Implicante

PT irrita Exército ao confessar que não conseguiu dar golpe militar


RUI-FALCÃO
É para isto que serve o Exército! Não é para dar “golpe militar”, mas, entre outras coisas, para evitar golpes. Ou então para denunciar a tentativa de totalitários (ambicionando dar golpes) sabotarem o Exército. Vemos que o general Eduardo Villas Boas agiu bem ao repelir uma resolução petista onde o partido afirmava sua intenção de dar um golpe militar no estilo chavista. Leia a coluna de Eliane Cantanhede:
O comandante do Exército, general Eduardo Villas Boas, reagiu com irritação à Resolução do Diretório Nacional do PT sobre Conjuntura, aprovada na última terça-feira, em que o partido, em meio críticas à própria atuação e ao governo Dilma Rousseff, incluiu um “mea culpa” por não ter aproveitado seus 13 anos no poder para duas providências em relação às Forças Armadas: modificar o currículo das academias militares e promover oficiais com “compromisso democrático e nacionalista”.
“Com esse tipo de coisa, estão plantando um forte antipetismo no Exército”, disse o comandante ao Estado, considerando que os termos da resolução petista _ e não apenas às Forças Armadas _ “remetem para as décadas de 1960 e de 1970″ e têm um tom “bolivariano”, ou seja, semelhante ao usado pelos regimes de Hugo Chávez e agora de Nicolás Maduro na Venezuela e também por outros países da América do Sul, como Bolívia e Equador.
Segundo o general Villas Boas, o Exército, como Marinha e Aeronáutica, atravessam todo esse momento de crises cumprindo estritamente seu papel constitucional e profissional, sem se manifestar e muito menos sem tentar interferir na vida política do país. Ele espera, no mínimo, reciprocidade. Além dele, oficiais de altas patentes se diziam indignados contra a resolução do PT. Há intensa troca de telefonemas nas Forças Armadas nestes dois últimos dias.
Eis o parágrafo da Resolução do PT que irritou o Exército, na página 4 do documento:“Fomos igualmente descuidados com a necessidade de reformar o Estado, o que implicaria impedir a sabotagem conservadora nas estruturas de mando da Polícia Federal e do Ministério Público Federal; modificar os currículos das academias militares; promover oficiais com compromisso democrático e nacionalista; fortalecer a ala mais avançada do Itamaraty e redimensionar sensivelmente a distribuição de 5 verbas publicitárias para os monopólios da informação.”
Mas por que o PT quereria tanto dar um golpe? Ora, basta estudarmos a história recente da Venezuela para saber que o plano bolivariano sempre resulta em tirania. Sorte que descobrimos a tempo.


Fonte: PT irrita Exército

Roberto Jefferson expõe o papelão dos artistas ligados ao PT



jefferson
Roberton Jefferson, presidente do PTB, explica a barbaridade contida no comportamento dos artistas milionários, que hoje fizeram barraco em alguns pontos do país. Nada de muito relevante, claro (pois está acabando a mortadela grátis), mas é sempre um estorvo acompanhar cínicos de uma elite desumana encherem o saco atrás de verba estatal que deveria fluir para atender os reais interesses do pagador de impostos.
Enfim, assista o vídeo:


Dilma critica fusão entre ministérios da Cultura e da Educação




  • 19/05/2016 15h37
  • Brasília
Yara Aquino - Repórter da Agência Brasil
Afastada da Presidência da República, Dilma Rousseff tem usado as redes sociais para se posicionar sobre medidas do governo do presidente interino Michel Temer. Na manhã de hoje (19), ela respondeu perguntas de internautas relativas à fusão do Ministério da Cultura com o da Educação.


Em sua página oficial do Facebook, Dilma afirmou que uma Secretaria Nacional de Cultura não tem capacidade de atender às necessidades culturais da população com a mesma eficiência que um ministério.



José Cruz/Agência Brasil
Para Dilma Rousseff,  uma secretaria nacional de Cultura não tem capacidade de atender às demandas e necessidades culturais da populaçãoArquivo/José Cruz/Agência Brasil
Dilma lembrou que a criação do Ministério da Cultura foi uma das primeiras medidas tomadas após a conquista das eleições diretas para a Presidência da República. De acordo com a presidenta afastada, com a fusão da pasta “é como se eles quisessem voltar ao passado autoritário”.


“Uma Secretaria Nacional de Cultura não tem capacidade de atender às demandas e necessidades culturais da população. Não tem a estrutura necessária para atuar, levando em conta a amplitude, a complexidade e a diversidade cultural brasileira”, disse Dilma. Segundo ela, a construção do conjunto de políticas e programas exige uma estrutura capaz de dialogar com o conjunto da sociedade, com o meio cultural, artistas e produtores.


Ao ser perguntada se a continuidade do ministério comprometeria o Orçamento da União, a presidenta afastada respondeu negativamente. Afirmou que orçamento da Cultura corresponde a menos de 1% do Orçamento Geral da União. “E o que esses investimentos trazem de benefícios: fortalecimento da coesão social, melhoria da qualidade de vida, redução da violência, e capacitação da sociedade para resolver os grandes desafios do século 21”.


Nos últimos dias, manifestantes contrários ao fim do Ministério da Cultura iniciaram ocupações em prédios do ministério em cidades como Rio de Janeiro, Belo Horizonte, São Paulo, Salvador, Recife e Curitiba. Em nota, a Associação dos Servidores do Ministério da Cultura disse considerar que a fusão “coloca as conquistas históricas do campo das políticas públicas de cultura em risco”.


Ontem (18), Michel Temer divulgou um áudio informando que a fusão dos ministérios não vai significar a redução da atividade cultural no Brasil e que os recursos para a área aumentarão.
As respostas às perguntas de internautas foram feitas no Face to Face com Dilma, com a participação do ex-ministro da Cultura, Juca Ferreira.


Essa atividade na rede social era adotada por Dilma enquanto ela estava na Presidência da República para tratar de programas de governo como o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) e o Bolsa Família.


Ontem, Dilma e a ex-ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, responderam a perguntas de internautas sobre o programa Bolsa Família.


Edição: Armando Cardoso

Golpe estapafúrdio

A interpelação judicial que deputados de diversos partidos da nova base aliada governista PP, PSDB, DEM, PPS e SD encaminharam ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que a presidente afastada Dilma Rousseff explique porque chama de golpe o processo de impeachment que sofre no Congresso é um marco importante nessa luta política que está sendo travada pela correta narrativa do que ocorre neste momento no Brasil.


 A ministra Rosa Weber deu prazo de dez dias para as explicações, mas a presidente afastada não precisa responder. O silêncio, ou a confirmação, servirão de base para uma ação em dois níveis: no criminal, um processo por difamação, e no cível, uma indenização por danos morais de valor incalculável, pois para os deputados a acusação é “algo de gravidade ímpar, sobretudo, ao se levar em consideração a recente história nacional e as possibilidades de ruptura que declarações desse jaez podem trazer à sociedade brasileira”.


Fizeram bem os deputados, e melhor ainda faria o governo se atentasse para o estrago institucional que tal campanha está causando ao país. O chanceler José Serra já iniciou um  contra-ataque a nível internacional, respondendo aos governos bolivarianos, mas é preciso um trabalho oficial para repor a verdade.  Não há como impedir a irresponsabilidade de uma presidente afastada que não se importa de prejudicar a imagem do país no exterior, ao assumir o mesmo papel de militantes partidários, que pensam apenas em seus interesses pessoais na luta política que desencadeiam sem trégua.


Os petistas e assemelhados que espalham pelo mundo a narrativa do golpepor enquanto preponderantecumprem uma ação política utilizando-se da democracia para tentar desacreditá-la. Já uma presidente da República que age como militante demonstra que não tem a dimensão do cargo.  Será interessante acompanhar os acontecimentos para verificar que, no final, não prevalecerá essa história  de um golpe cuja suposta vítima permanece morando num palácio do governo, com todas as mordomias do cargo mantidas, até mesmo um avião oficial que, ainda veremos, a levará a vários cantos do país e até mesmo ao exterior para denunciar às nossas custas um golpe, que é acompanhado pelo Supremo Tribunal Federal nomeado em sua ampla maioria pelos governos petistas, e desencadeado por um Congresso que até pouco tempo fazia parte da base aliada governista.


É inacreditável que, neste primeiro momento, esteja ganhando foros de verdade uma versão estapafúrdia que não se sustenta nas evidências. Por isso, a ação dos deputados no STF tem a validade de tentar dar um freio a essa irresponsabilidade, chamando a atenção da presidente afastada que suas palavras, por causarem danos à imagem do país, podem ser penalizadas na Justiça.


O que Dilma chama de “golpe” é, no máximo, uma divergência de opinião sobre o veredicto de um julgamento. Por enquanto, o tribunal político em que se transformou o Congresso a está considerando culpada, com base jurídica bastante sólida ao ver da maioria de seus membros. O ex-Advogado-Geral da União José Eduardo Cardozo, que acabará sendo investigado por seu sucessor por ter extrapolado de suas funções, discorda da decisão, o que está no seu direito, mas vai além e acusa os congressistas de golpistas. Também ele é merecedor de processo, pois, sendo advogado da União, não poderia atacar outras instituições da República – como a Câmara e o Senado – na defesa da ocupante momentânea do Executivo.

Armadilha
O presidente em exercício Michel Temer não conseguiu sair da armadilha que seu passado político lhe armou, e teve que aceitar como seu líder na Câmara o deputado André Moura. Indicado por um grupo de mais de 300 deputados do chamado “centrão”, o deputado é acusado até mesmo de tentativa de assassinato.



Pode ser tudo intriga da oposição, mas enquanto o caso não se esclarece, seria melhor para o governo uma distância acauteladora de figuras como essa. Sua indicação é prova de que Temer não tem muita autonomia diante do baixo clero, controlado sob os panos por Eduardo Cunha. Haja pragmatismo.

Novo líder do governo é suspeito de tentativa de homicídio

Congresso em Foco

Barrado pela Ficha Limpa em 2014, André Moura é réu em três ações penais no Supremo Tribunal Federal por desvio de recursos públicos. Um inquérito apura participação dele em atentado contra um ex-aliado que virou seu inimigo político



Ananda Borges/Ag. Câmara


André Moura nega envolvimento com irregularidades

Suspeita de tentativa de homicídio, de empregar funcionários fantasmas e comprar alimentos e bebidas ilegalmente com dinheiro público e réu no Supremo Tribunal Federal (STF). Suspeita, ainda, de receber recursos do esquema de corrupção na Petrobras. Este é o currículo mais recente do deputado André Moura (PSC-SE), escolhido pelo presidente interino Michel Temer para ser o novo líder do governo na Câmara. 

Ele também teve que recorrer à Justiça para concorrer nas últimas eleições porque tinha sido barrado pela Lei da Ficha Limpa. Moura é o deputado com maior intimidade política e pessoal com o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Em 2014 André Moura teve candidatura indeferida pelo Tribunal Regional Eleitoral do seu estado porque teve problemas com sua atuação como gestor público. A Ficha Limpa veda candidaturas de candidatos com as contas rejeitadas ou condenados judicialmente por órgãos colegiados.

 Os 71 mil votos recebidos por Moura em outubro daquele ano só foram validados dois meses depois, quando o deputado conseguiu anular o indeferimento de sua candidatura graças à decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que suspendeu a condenação inicial por improbidade administrativa. Ele teve as contas rejeitadas quando era prefeito de Pirambu (SE).

Sua gestão à frente do município sergipano deixou um rastro de complicações para o provável novo líder do governo. André Moura é réu em três ações penais e investigado em três inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF), dois deles relacionados à Operação Lava Jato.

As acusações contra o parlamentar vão de desvio ou utilização de bens públicos, improbidade administrativa, apropriação indébita e crime de responsabilidade. Na Lava Jato, é suspeito de atuar em conjunto com aliados de Cunha para chantagear empresas na Câmara.

Em junho do ano passado, o Supremo aceitou de uma só vez a abertura de três processos contra André Moura por crimes conexos. Ele é acusado de se apropriar ou desviar bens públicos do município de Pirambu na gestão do então prefeito Juarez Batista dos Santos, entre 2005 e 2007. Então aliado, Juarez deu continuidade à gestão de André Moura, que foi prefeito do município por oito anos até o fim de 2004.

Segundo a acusação, após deixar a prefeitura, Moura continuou usufruindo de bens e serviços custeados pela administração municipal. Entre os itens citados, gêneros alimentícios, telefones celulares e veículos da frota municipal. A denúncia sustenta que alimentos comprados pela prefeitura no comércio de Pirambu eram entregues na casa do deputado.

Após o rompimento político entre os dois, Juarez confessou ter cometido irregularidades e revelou que André Moura indicou funcionários fantasmas, entre eles, sua mulher Lara Adriana Moura, para trabalhar na prefeitura. O ex-prefeito também confessou que o líder do PSC recebia uma mesada de R$ 30 mil a R$ 50 mil.





André Luiz Dantas Ferreira é o novo de batismo de André Moura. Caso ainda envolve outras sete pessoas


O ex-prefeito ainda disse que Moura aumentou as exigências nas eleições de 2006 quando foi candidato a deputado estadual. Segundo ele, seu antecessor lhe pediu o repasse de R$ 1 milhão entre abril e setembro daquele ano. Ele afirmou que, sem conseguir atender às demandas do ex-prefeito, passou a receber ameaças que resultaram em uma troca de tiros que feriram o vigilante de sua casa.

Quatro homens encapuzados foram apontados como autores dos disparos. Moura é o suspeito de ser o mandante.

O inquérito por tentativa de homicídio do vigia chegou há dois anos no Supremo, mas ainda não houve apresentação de denúncia para a abertura de ação penal. Em 12 de abril, dias antes da votação do impeachment na Câmara, o ministro Gilmar Mendes, que relata o inquérito, prorrogou por mais 60 dias o prazo para a conclusão das investigações.

Deputado nega
Em sua defesa ao Supremo, o deputado negou todas condutas denunciadas e afirmou que, embora tenha apoiado o prefeito que o sucedeu, razões políticas fizeram com que ele e Juarez dos Santos se tornassem desafetos políticos, o que teria levado o então prefeito a prejudicá-lo, apresentando denúncias falsas. A defesa alega que as acusações do Ministério Público se baseiam somente nos depoimentos de Juarez e não foram confirmadas por qualquer prova.

Mas, para o ministro Gilmar Mendes, que relatou as denúncias, há indícios suficientes de que André Moura praticou os crimes a ele atribuídos, argumento utilizado pelo ministro para recomendar a abertura da ação penal. Todos os ministros que participaram da sessão acompanharam o relator.

“Nos três casos, a meu ver, parece que a descrição é suficientemente adequada para projetar os tipos penais dos incisos I e II do artigo 1º do Decreto-Lei 201/1967, portanto estou rejeitando a ideia de que as denúncias são ineptas”, disse Gilmar em seu voto, aprovado por unanimidade. Segundo o relator, as investigações que deram origem às denúncias do MP se iniciaram com a confissão e delação do então prefeito, que procurou espontaneamente a Polícia Civil.

O Congresso em Foco procurou a assessoria do deputado, mas ainda não houve retorno.
Um dos sub-relatores da CPI da Petrobras, André Moura foi protagonista de duas polêmicas na comissão no ano passado. Foi autor de um pedido de acareação entre a presidente Dilma e o doleiro Alberto Youssef e pivô da contratação da empresa Kroll, contratada pela pelo deputado Hugo Motta (PMDB-PB), que presidia o colegiado.


Os dois definiram quem seriam os 12 suspeitos de participar do esquema de corrupção que teriam suas contas bancárias devassadas no exterior. O contrato, no valor de R$ 1 milhão, acabou interrompido em meio à polêmica.


Mais sobre processos

Deputados criam blocos informais para ganhar poder

Quatro grupos de partidos criam bancadas, três delas de apoio a Temer, e isolam legendas contra o impeachment. Com 76 nomes, PMDB anuncia que vai atuar sozinho em um primeiro momento


Luis Macedo/Câmara dos Deputados

Depois do afastamento de Dilma, o que era base virou oposição

Com o governo do presidente interino Michel Temer, de fortes características congressuais, as bancadas de deputados vão se dividir em quatro grandes blocos de atuação. Estes agrupamentos não serão formalizados para evitar que cada bancada partidária perca cargos em comissões permanentes e postos na Mesa Diretora. Vão atuar à revelia dos blocos formais acertados no início da legislatura.



A nova oposição na Câmara, formada por PT, PCdoB, PDT, Rede e Psol não conseguirá barrar ou alterar, de forma significativa, as propostas de reformas polêmicas, entre elas a administrativa e a da previdência, além das medidas de ajuste fiscal que o Palácio doPlanalto enviará ao Legislativo nas próximas semanas. 

Com 99 deputados formais, estas legendas – - todas foram contra o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, com raras exceções de alguns deputados — serão derrotadas facilmente em plenário. Com a ajuda de um pequeno grupo que pode chegar a 120 parlamentares, o máximo que poderão fazer será adiar discussões e decisões finais sobre projetos de lei e emendas à Constituição.


O maior dos blocos informais será o do chamado novo “centrão”, composto por 13 partidos pequenos e médios que arregimentam mais de 200 parlamentares. São siglas já conhecidas como PP, PR, PTB, PRB, PSC, PSD, SDD, entre outras. O conglomerado já conseguiu a primeira vitória na Câmara: a nomeação do deputado André Moura (PSC-SE) para a liderança do governo Temer. Mesmo na condição de coordenador de uma bancada com apenas nove deputados, Moura teve o “centrão” como padrinho e arregimentou apoio suficiente para obrigar Temer a desistir do seu preferido para a função, Rodrigo Maia (DEM-RJ).


Bloco do Cunha
Com pequenas alterações, o “centrão” compõe o mesmo grupo que dá sustentação ao presidente afastado da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O grupo tenta salvar o mandato de Cunha, tanto no Conselho de Ética quanto em plenário. Esse bloco vai tentar aprovar no Colegiado uma punição mais branda para o peemedebista e deixar a definição sobre o futuro dele em suspenso, para decisão final do Supremo Tribunal Federal, onde o parlamentar passou à condição de réu na Operação Lava Jato depois de votação unânime.

Ao mesmo tempo em que é o maior agrupamento de apoio a Temer, o “centrão” é o que mais pode criar problemas para o novo governo. Faz parte do agrupamento o Solidariedade, partido dirigido pelo deputado Paulo Pereira da Silva (SP), que também é o principal líder da central Força Sindical. Ele já se posicionou contra a reforma da Previdência nos moldes pretendidos pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

Apoio crítico
O segundo bloco informal de atuação é composto por PSDB, DEM, PPS e PSB. Conta com 121 deputados e também apoia o presidente interino, apesar das restrições a medidas como o aumento de imposto previsto no cardápio do novo governo. Se conseguir atrair o PV, esse grupo terá mais seis deputados.

“Este bloco precisa ter nome, mostrar a cara, ter uma identidade”, diz o deputado Marcus Pestana (PSDB-MG).

Após o descarte do deputado Rodrigo Maia como líder do governo, esse grupo decidiu adotar uma atuação mais independente do Palácio do Planalto. “Este governo não é nosso. Estamos apoiando para fazer uma gestão de reconstrução nacional”, explica Pestana. As quatro legendas são contra, por exemplo, a recriação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) ou de um imposto com qualquer outro nome que o governo estuda adotar.


Partido do presidente interino, o PMDB forma o quarto mais numeroso bloco de apoio ao Planalto e anuncia que vai atuar sozinho. Não quer formalizar a aliança congressual – como fez no início do ano com o PTN – para evitar perder cargos no Legislativo, já que é a maior bancada, com 76 deputados.


“Nossa bancada deve atuar sozinha, mas ainda estamos analisando a formação dos blocos”, disse Carlos Marun (PMDB-MS).