Por Luiz Antônio P. Valle
As
peças se mexem no jogo segundo a estratégia de cada parte. A estratégia
está ligada a capacidade de monitoramento, coleta de dados, análise
correta dos vetores (que depende basicamente do “status” do Sistema de
Crenças do analista), conclusão adequada, e pôr fim a produção do
conhecimento visando a modelagem de cenários prospectivos que permitam
ao gestor antecipar-se ao adversário. A metodologia sendo aplicada
corretamente leva, com alta probabilidade de acerto, ao diagnóstico e
cenário mais provável.
Eu
já havia alertado sobre esta crise que se aproxima em 23/12/2014, no
artigo intitulado “Momento Estratégico Global Crítico e a Carta Brasil”,
quando escrevi: “Nas projeções de cenário para os próximos anos,
algumas reveladas no meu último artigo citado acima, fica bastante clara
a alta probabilidade da eclosão de uma grave crise financeira, pior que
a de 2008, e de um conflito bélico em escala considerável. O que virá
primeiro, ou qual dará origem ao outro, é um entendimento ainda não
pacificado; entretanto está pacificado que não existe mais o “se” vai
acontecer, a questão agora é apenas “quando”. Penso que a crise,
artificialmente projetada, detonará o conflito já esperado.” (grifo meu
atual). Escrevi este texto a quase seis anos atrás.
Na
reportagem do Globo é citado: “O mercado está se preparando para uma
mudança de ciclo e isso tem feito (o preço do) ouro disparar", diz
Javier Molina, porta-voz da plataforma de negociação de moedas eToro.
Como acontece em todas as crises, o precioso metal segue sendo uma das
pistas a serem analisadas com cuidado quando o cenário econômico global
se deteriora – que parece ser o caso agora.” E segue dizendo vários
fatores que já salientamos em nossos artigos.
Na
reportagem mostra que o Brasil exporta praticamente todo o ouro que
produz “oficialmente”. Sua produção é estimada em 97,1 toneladas e ele
exportou em 2018 algo em torno de 95 toneladas. Claro que estes números
não contabilizam a produção e envio ao exterior de forma “irregular”,
que certamente é um montante considerável.
No
meu artigo intitulado “Passos Estratégicos Globais e a carta Brasil”,
escrito em 13/11/14, eu já avisava que Rússia e China estavam comprando
ouro numa voracidade sem precedentes e citei a seguinte declaração de um
parlamentar russo: “Quanto mais ouro um país tem, mais soberania ele
terá se houver um cataclismo com o dólar, com o euro, a libra ou
qualquer outra moeda de reserva” declarou Evgeny Fedorov, um parlamentar
do Partido Para Rússia Unida, de Vladimir Putin.”
Portanto,
minhas previsões já existem e estão documentadas há quase seis anos,
prevendo o cenário que ora se consolida. O sábio teria analisado as
premissas expostas à época e, encontrando o fundamento, teria tempo
hábil para se preparar para o evento, como os EUA fizeram – vide meu
artigo “O xeque-mate antecipa o contrataque”.
Na
época avisei e ofereci blocos de conhecimento para um Plano de Ação
preventivo. Todavia, a Imunização Cognitiva cumpriu seu papel. O Brasil
encontra-se totalmente vulnerável a crise que se aproxima e isso não
pode ser uma simples “coincidência”. Ele não tem reservas cambiais, base
jurídica adequada, ativos (tropas, equipamentos, etc....) para
contenção e detenção, planejamento, etc.... O preço será elevado, não só em bens materiais, mas em vidas. Ignorar ou fingir não ver não vai evitar o evento.
Se desejarem se aprofundar nos temas estratégicos podem ler meus artigos de 2013 e 2014.
No
tabuleiro não há lugar para amadores, soberbos ou ingênuos, exceto se
for para cair. Olhando o movimento das peças no jogo é possível perceber
que um dos pilares de apoio ao Governo Trump é a economia. Tirar Trump
do poder, e ele tem contrariado diversos interesses poderosos, implica
acabar com a percepção de que a economia vai bem. Assim, o que a
“oposição” precisa desesperadamente é que a recessão/crise comece no
segundo semestre de 2019 ou, na pior hipótese, no primeiro semestre de
2020. É necessário haver tempo para que os estadunidenses tenham
verdadeiramente sentido o sofrimento na carne quando a eleição chegar.
Todavia,
no embate para tirar Trump e outros, sobrará para aqueles que se
alinham com ele (como o nosso Presidente), mas não tem a mesma
retaguarda que ele.
O
analista Mike Adams escreveu: “que a luta pelo poder, está chegando a
limites, que se ultrapassados, desencadearão uma grave crise global com
provável ruptura do tecido social em muitos países e um crash mundial
sem precedentes.” A grande maioria dos analistas bem posicionados
entendem que a disputa entre China e EUA, as duas maiores economias do
mundo, chegou a um ponto sem retorno, notadamente após a explosão de
protestos em Hong Kong, que a China atribuiu à inteligência dos EUA.
Para dar fundamento a sua alegação a China usou uma foto de uma
funcionária do Departamento de Estado – Julie Eadeh, reunida com os
“líderes” dos protestos. O que importa é que as “diferenças” entre as
duas maiores potencias econômicas do planeta chegaram a um ponto de
difícil, praticamente impossível, reversão.

Um
dos líderes pró-independência de Hong Kong, Chen Haotian, sugeriu em
16/08/19 uma corrida aos bancos chineses, pedindo aos seus aliados que
todos saquem seu dinheiro no mesmo dia. Observe que isto poderia causar
um colapso do sistema financeiro em Hong Kong, que é profundamente
interligado com o sistema financeiro internacional, desencadeando uma
enorme incerteza nos mercados globais.
Conforme
a Fox Business, um dos indicadores favoritos de Wall Street de uma
recessão iminente é o spread entre os rendimentos do Tesouro de três
meses e de 10 anos. Ao olhar para o gráfico abaixo fica evidente uma
séria advertência sobre a mais grave recessão desde 2007 se aproximando.
Enquanto
isso, o rendimento dos bônus de 30 anos do Tesouro americano atingiu
seu ponto mais baixo, com exceção apenas a julho de 2016.
"Passamos
de um certo grau de incerteza para mais um monte de incertezas", disse
Fraser Howie, com mais de 20 anos de experiência nos mercados
financeiros. Esta perda consistente e longa no rendimento dos bônus de
30 anos do Tesouro americano demonstra uma diluição da confiança nos EUA
poder honrar seus compromissos, sendo que o Brasil mantém
“credulamente” papeis desta natureza em suas reservas, no lugar de ouro
físico.
Existem
muitos catalisadores que podem deflagrar os acontecimentos. Na questão
de segurança interna dos EUA um deles pode ser quando James Comey (foi o
sétimo diretor do Federal Bureau of Investigation de 2013 até sua
demissão em maio de 2017) e John Brennan (ex diretor da CIA também
demitido em 2017) forem oficialmente indiciados e presos. Isso poderia
iniciar uma série de detenções com base nos processos selados, com a
consequente reação da parte contrária.
Tudo
leva a crer que uma combinação de crise econômica, radicalização da
disputa política interna e um grande número de armas disponíveis
(estima-se que milhões de estadunidenses têm em seu poder cerca de 393
milhões de armas) poderão levar os EUA a uma Guerra Civil, cuja projeção
da extensão e profundidade está sendo aprimorada permanentemente, uma
vez que este cenário prospectivo não é novidade.
No meu artigo intitulado “Passos Estratégicos Globais e a carta Brasil”, escrito em 13/11/14, eu já alertava que haviam projeções preocupantes quanto a cenários futuros. Na
época escrevi: “Neste trabalho de projetar cenários nos defrontamos com
as surpreendentes previsões, sobre vários países, da página Deagel.com,
que é uma página respeitada por oferecer dados da aviação civil e
militar, armamento e exércitos, mísseis e munição, tecnologia militar e
aeroespacial e outros dados estratégicos e econômicos.
Para
cada país, a Deagel.com realiza uma previsão estimada de seu nível de
população, sua renda per capita e seu Produto Interno Bruto previsto
para o ano de 2025.” É interessante notar que em 2014 o site fazia
previsões que os EUA teriam em 2025 uma população de 69 milhões e um PIB
de US$ 921 bilhões (contra uma população em 2013 de 316 milhões e um
PIB de US$ 17 trilhões).
A Deagel.com, pouco tempo depois de ter postado o estudo, retirou-o rapidamente do site. Todavia, temos um print da tela:
Claro
que vários jogadores ficarão de “camarote” observando e aguardando sua
vez de desferir um xeque. A infraestrutura é uma fraqueza a ser
explorada, notadamente a questão da energia. Imaginem um país sem
energia elétrica por uma semana?
O
tempo está passando e não vai esperar os incautos. Existe um antigo
adágio: “casa que falta o pão todo mundo grita e ninguém tem razão”.
O efeito dominó começou, na medida que a cada movimento um novo dominó cai e empurra outro para a queda seguinte!
Todo jogo acaba ou muda de fase. O xeque-mate se aproxima.
Luiz Antonio Peixoto Valle é Professor e Administrador de Empresas.
