| 17 Maio 2016
Artigos - Governo do PT
Artigos - Governo do PT
Os treze anos do PT no poder terminam assim, com essa espetacular queda de Rousseff (e, portanto, de seu mentor Luiz Inácio ‘Lula’ da Silva) e em uma perda enorme de adeptos.
O que se joga hoje no Brasil é de importância capital para a democracia representativa não só do Brasil, senão do continente americano e do mundo.
Dilma Rousseff não suporta a realidade de seu processo de destituição. Não admite que tenha sido suspensa de funções legitimamente pelo poder legislativo de seu país. Não concebe que esse poder lhe reprove haver cometido graves delitos. Não aceita outra condição diferente à de vítima inocente. Não agüenta que lhe provem que foi posta fora do jogo por falsificar as contas do Estado, em uma tentativa para fazer os brasileiros acreditarem que sua gestão econômica era impecável. Não tolera que lhe cobrem ter encoberto os déficits orçamentários de seu país e ter dissimulado a crise criada por seu falso “Estado de bem-estar” levando às arcas públicas, sem permissão do Congresso, dinheiros emprestados pelos bancos estatais.
Dilma
Rousseff, de 68 anos, não admite que foi defenestrada (embora seja
provisoriamente e por até 180 dias, enquanto é julgada definitivamente
pela Câmara Alta), e que perdeu a confiança dos brasileiros, por ter
também jogado provavelmente um papel central no tremendo caso da
Petrobras, que a imprensa internacional descreve como “o maior escândalo de corrupção político-econômico da história da América Latina”. Trata-se, com efeito, de um affaire
descoberto há dois anos. Seu montante poderia ser de mais de 2.000
milhões de dólares. Este processo dará muito o que falar pois, além
disso, o Supremo Tribunal Federal acusa a presidente suspensa de
obstrução da justiça por sua atitude ante o assunto. O índice atual de
favorabilidade de Rousseff, segundo as pesquisas, é de apenas 10%.
Para
esquivar a humilhação de se ver destituída por essas razões, por ter
faltado com seu dever de chefe de Estado, Dilma Rousseff monta um show
patético. Ameaça o país com seis meses de tumultos e violências de rua: “A população saberá dizer não ao golpe”.
Ela acusa os outros, seus ex-aliados, e cospe sobre seu juiz natural, o
poder legislativo. Diz que eles, o Senado e a Câmara dos Deputados,
orquestraram “um golpe” [de Estado] contra ela, um “golpe moderno” e “inconstitucional” destinado, diz, a satisfazer os mais baixos instintos “da direita” e do “fascismo”, pois querem tirar ela e o Partido dos Trabalhadores do poder para matar o povo de fome: “O que está em jogo são as conquistas dos últimos 13 anos, os ganhos das pessoas mais pobres e da classe média”.
A
responsável pela atual recessão econômica diz que os delinqüentes são
os outros. Ela é inocente e as maiorias que a destituíram são vis
“inimigos do povo”. E reitera: “O que está em jogo é o respeito às urnas, à vontade soberana do povo brasileiro e à Constituição”.
Dilma
não quer aceitar que a esquerda que ela representa no continente pode
cair na lama da grande desonestidade, que pode ser corrompida e
corruptora e que pode ser ladra. Essa esquerda é, segundo ela, sempre
límpida, honesta, pacífica e desinteressada. É o que quer que
acreditemos. Na realidade, o que os congressistas brasileiros estão
provando é que, pelo contrário, essa esquerda é lamentável, e pior, é
depravada, sem coragem e sem valores. A credibilidade da esquerda
latino-americana cai de novo pelo caso de Rousseff.
O
processo de impeachment em curso prova que ter levado a presidência de
um grande país uma ex-guerrilheira que nunca se arrependeu de seus
crimes, não é jamais um ato banal, que pode acabar de forma satisfatória
para as maiorias, para a economia e para as instituições democráticas.
Essa é uma lição importante que deve ser aprendida sobretudo pelos
colombianos, no momento em que desde a cúpula do governo se quer impor
ao país, arbitrariamente, a impunidade e a liderança política de
criminosos endurecidos, os chefes das FARC.
Certos
analistas pró-PT sugerem que o processo de impeachment foi uma
conspiração de uns poucos. Na verdade, foi o resultado de mobilizações
populares de grande amplitude contra o governo. As maiorias respaldam de
fato esse processo. 61% dos brasileiros é a favor do impeachment de
Rousseff. Sem esse apoio massivo tal evolução não teria sido possível.
Os
treze anos do PT no poder terminam assim, com essa espetacular queda de
Rousseff (e, portanto, de seu mentor Luiz Inácio ‘Lula’ da Silva) e em
uma perda enorme de adeptos. Salvo um espetacular retorno à situação
anterior, esse experimento termina com o fracasso do capítulo melhor
obtido até agora na longa aventura da esquerda continental. O do PT foi
muito mais importante do que a catástrofe violenta e depredadora do
castrismo em Cuba, mais que o convulsivo governo de Salvador Allende,
mais do que a dramática destruição da Venezuela, vítima de um Chávez que
acabou com as liberdades e saqueou os recursos de seu próprio país para
sustentar, por razões ideológicas, a ditadura agônica de Cuba.
Os
governos de Lula e de Rousseff foram o máximo êxito da esquerda do
hemisfério. Nunca antes essa corrente havia chegado tão longe. O de Cuba
é apenas um avatar, sangrento e expansionista, mas de pouco valor
estratégico por aparecer como um regime detestável e não viável. A
chegada ao poder do lulo-petismo no Brasil, e sua permanência no Palácio
do Planalto durante 13 anos, foi o autêntico triunfo, se tem-se em
conta o grande peso demográfico, econômico e geo-político do Brasil.
A
plataforma assim montada nesse país reforçou todos os grupos e projetos
anti-liberais das diferentes frações de esquerdas do hemisfério, desde
as mais moderadas até as mais violentas, como a das FARC na Colômbia.
Não é por casualidade que a seita internacional subversiva mais perigosa
do continente, o Foro de São Paulo, tenha sido fundada no Brasil por
Lula e Fidel Castro.
Esses
bandos, grupos e partidos foram nutridos pelas estruturas de corrupção
do PT, onde se cruzam dinheiros opacos dos governos chavistas, junto com
dinheiros mal havidos do PT. Tudo isso, no episódio da Lava Jato está
sendo investigado. Para tratar de frear tal dinâmica, o PT acode aos
organismos “amigos”, inventados pelo chavismo como UNASUL, MERCOSUL,
PARLASUL e TELESUL. Todos estão iracundos e no plano de luta para salvar
o que resta.
O
que se joga hoje no Brasil é de importância capital para a democracia
representativa não só do Brasil, senão do continente americano e do
mundo. Em seis meses saberemos se o horrível pesadelo criado pelo
castro-comunismo no continente perde realmente terreno em benefício da
economia de mercado e das idéias democráticas tão atacadas hoje.
Tradução: Graça Salgueiro
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