| 15 Maio 2016
Notícias Faltantes - Foro de São Paulo
Notícias Faltantes - Foro de São Paulo
A reação oficial ainda está distante de uma reação justa e necessária.
É digno de nota que o Itamaraty tenha "repudiado" as declarações dos governantes da Bolívia, do Equador, da Venezuela e de Cuba, além da Unasul, que se recusam a reconhecer o presidente Michel Temer e insistem em chamar o processo constitucional do impeachment de golpe.[1]
Contudo, a atitude do Itamaraty ainda está longe, muito longe, do realmente necessário.
Em primeiro lugar, os argumentos dos governos bolivarianos não são "errôneos"; não se trata de meros erros de interpretação jurídica, aos quais cabem esclarecimentos jurídicos. São posicionamentos político-ideológicos, que não levam o ordenamento jurídico em consideração de forma alguma. Pouco lhes importa o respeito ou o desrespeito às leis, desde que os "companheiros" estejam no poder.
Entretanto, o principal erro (digamos assim) do Itamaraty é não citar o real motivo do posicionamento desses países: o Foro de São Paulo (FSP).
O FSP foi criado no início dos anos 90 por Lula e Fidel Castro, que uniram associações de esquerda de toda a América Latina, incluindo grupos terroristas, a fim de restaurar a força socialista e conquistar o poder na região. Com grandes articulações e financiamento do narcotráfico e dos desfalques que iam cometendo onde chegavam ao governo, o grupo foi, de fato, conquistando o poder em boa parte desses continentes. Para poderem coordenar o poder institucional que iam conquistando ou mesmo tomando e direcioná-lo para seus interesses, com um ar de autoridade e oficialidade, criaram a UNASUL.
Os governantes filiados a partidos ligados ao FSP agem respeitando as resoluções do Foro e procuram auxiliar-se mutuamente, para conquista e manutenção do poder. Não foi por acaso que o BNDES, nas mãos de Lula e Dilma, despejou dinheiro em países como Bolívia, Cuba, Venezuela, Argentina (de Kirchner) e Equador. Aliás, o fato de um partido brasileiro tomar decisões seguindo determinações de um grupo internacional fere a soberania nacional e justifica a dissolução do PT.
Além de denunciar essa ação articulada, descomprometida com a materialidade dos fatos, orientada por um projeto de poder continental, o Itamaraty deveria inclusive declarar não-reconhecimento à autoridade da UNASUL e de países como Cuba, Venezuela, Bolívia e Equador, governados por ditadores ou postulantes a ditadores.
Na realidade, o ministro das Relações Exteriores, José Serra, e o presidente Michel Temer sabem de tudo isso. Contudo, resolveram -- digamos com muita boa vontade -- manter a discrição. Mas, quem vai dizer que a postura do Itamaraty já não é um grande avanço? Considerando o que tínhamos com o PT, uma situação em que o conselho consultivo e deliberativo de governo estava instalado em Havana, enfim, considerando isso, de fato, as notas assinadas por José Serra possuem seu valor. Todavia, conforme expus aqui, a reação oficial ainda está distante de uma reação justa e necessária.
A propósito, essas notas (assim como as mudanças nos ministérios, mais enxutos e assertivos mas ainda não-técnicos e com gente envolvida na Lava Jato) têm a cara daquilo que promete ser o Governo Temer: muito, muito melhor do que aquilo que tínhamos, mas muito, muito distante daquilo de que precisamos de fato.
[1] “O Ministério das Relações Exteriores divulgou duas notas oficiais na noite desta sexta-feira (13) para criticar manifestações públicas de representantes de cinco países latino-americanos e também uma declaração do secretário-geral da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), Ernesto Samper, sobre o afastamento de Dilma Rousseff da Presidência.
Desde que Michel Temer assumiu interinamente o comando do Palácio do Planalto nesta quinta (12), o Itamaraty passou a ser chefiado pelo senador licenciado José Serra (PSDB-SP).
Ao longo desta quinta, alguns países, instituições e líderes internacionais se manifestaram sobre a instauração do processo de impeachment e consequente afastamento de Dilma do comando do país por até 180 dias.” (G1)
http://colombomendes.blogspot.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário