A educação e os presidenciáveis
O Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior
Particular preparou um documento, em forma de decálogo, que será
entregue aos candidatos à Presidência da República. São propostas do
segmento privado que podem colaborar para a construção de programas de
governo visando à melhoria o ensino em todos os níveis. São ações
inadiáveis, levando-se em conta o estágio em que se encontra o setor no
país.
Não é exagero afirmar que, no Brasil de hoje, a educação superior é,
marcadamente, particular, quanto à sua oferta. Enquanto isso, o Poder
Público não consegue suprir a necessidade da demanda educacional do país
em nenhum nível de ensino. Apesar de defender os legítimos interesses
do ensino superior particular, o Fórum tem se posicionado como um órgão
formulador de propostas que visam ao desenvolvimento do setor
educacional como um todo. É o que podemos inferir, analisando os dez
itens que fazem parte do decálogo, que enumeramos abaixo:
1) Combater o analfabetismo e suas consequências ao longo do processo
educacional: Segundo o IBGE, o analfabetismo das pessoas com idade
acima de 15 anos alcançou 7,0% (11,5 milhões), em 2017, contra 7,2% em
2016 (11,8 milhões).
2) Avançar na reformulação da educação básica de forma a atender as
metas do Plano Nacional de Educação: O Fórum afirma seu compromisso pela
reforma do ensino médio, a partir das novas necessidades que serão
criadas pela Base Nacional Comum Curricular. Sem educação básica de
qualidade, não se consegue dar uma formação acadêmica e profissional
qualificada.
3) Investir na formação de professores e estimular a carreira
docente: O atendimento da educação fundamental está praticamente
universalizado, mas há falhas no capítulo da qualidade. É preciso
aumentar de 3 para 4 anos a duração da formação de professores e
modernizar os currículos, para que todos fiquem sintonizados com as
novas tecnologias.
4) Estimular a inovação na educação superior, modernizando o processo
de ensino-aprendizagem: O Fórum entende ser necessário estimular a
inovação através de uma legislação mais apropriada e de linhas de
financiamento compatíveis com as necessidades requeridas nesta área,
inclusive com benefícios fiscais que se somem ao esforço privado também
necessário.
5) Fomentar a formação tecnológica para atender as novas profissões e
potencializar a empregabilidade: Uma nova educação para o mundo do
trabalho requer, hoje, a compreensão global do processo produtivo, com a
apreensão do saber tecnológico e a valorização da cultura do trabalho. A
educação profissional deve ser colocada entre as prioridades da
política educacional.
6) Defender o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior,
adequando a legislação vigente para que seja efetivamente cumprida: O
padrão de avaliação do ensino superior continua subordinado a um modelo
acadêmico incompatível com os requisitos de modernidade. O Fórum sugere
que o novo governo promova ampla reforma na política de avaliação da
educação superior.
7) Ampliar e diversificar o acesso ao ensino superior com ênfase em
programas de inclusão social, como Fies e ProUni: O Fórum propõe a
duplicação do número da oferta em programas de inclusão social, como
Fies e ProUni, e o uso de critérios mais adequados na ampliação dos
limites de renda: para até cinco salários mínimos no ProUni e para até
10 salários mínimos no Fies.
8) Fortalecer a educação à distância (EAD) como fator estratégico
para o desenvolvimento regional, econômico e social do país: Ao se
considerar as enormes distâncias continentais do país, associadas ao
deficit da oferta de atendimento educacional no nível superior em
regiões remotas do território nacional, a política para o incremento da
educação à distância necessita estar na pauta prioritária da política
pública educacional.
9) Ampliar a participação do setor privado na elaboração das
políticas públicas para a educação superior: É sempre útil relembrar que
o setor privado representa 88% das instituições de educação superior e é
responsável por 75% das respectivas matrículas.
10) Estabelecer uma política de Estado e não de governo para a
educação superior, conferindo segurança jurídica aos agentes envolvidos:
O Brasil precisa estabelecer uma política de longo prazo na educação
superior, sem que a eventual mudança dos ocupantes dos cargos
governamentais incida necessariamente numa alteração nas diretrizes
traçadas para o setor.
Fonte: “Site Arnaldo Niskier”, 20/08/2018
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