sexta-feira, 24 de junho de 2016

Meu pai é um herói.

Correio Braziliense

Filho do homem que socorreu menino atacado por ariranhas no zoológico acredita em exemplo de amor ao próximo. 





postado em 10/08/2014 06:02 / atualizado em 09/08/2014 20:35
Manoela Alcântara




Carlos Vieira/CB/D.A Pres
Nos desenhos ou nos filmes, os heróis salvam mocinhas, crianças e vítimas em perigo. Mexem com o imaginário dos pequenos, que logo acreditam em superpoderes. Os personagens são capazes de voar, perceber situações de risco a quilômetros de distância e ainda ter fôlego para proteger o mundo. Qual criança não imagina que o pai se encaixa nesses padrões? Um salvador. Se, para muitos, essas histórias só existem na ficção, para alguns homens reais, as fatalidades do dia a dia os tornam verdadeiros exemplos para a sociedade. Em homenagem ao Dia dos Pais, o Correio conta hoje as histórias de brasilienses que conseguiram ultrapassar as barreiras do comum. Viraram heróis. A habilidade especial deles é a vontade de ajudar o próximo.



Silvio Delmar Hollenbach Júnior, 44 anos, teve motivos que o inspiraram a seguir a profissão de médico e para construir o seu caráter. Aos 7, viu o pai ser arrastado por dezenas de ariranhas no fosso do Zoológico de Brasília. Com o mesmo nome do filho, o então sargento do Exército Silvio Hollenbach não pensou duas vezes antes de pular a grade que separava os animais dos visitantes para salvar um menino de 13 anos. Conseguiu. Adilson Florêncio da Costa sobreviveu, mas os quatro filhos do sargento perderam o pai poucos dias após o ataque. É um dos momentos mais marcantes da história de Brasília.




O episódio provocou mudanças drásticas na rotina dos Hollenbachs, mas o exemplo de altruísmo não saiu da cabeça dos filhos. A atitude do patriarca permeia a vida dos descendentes. Silvio Hollenbach Júnior se dedica a salvar vidas. Formou-se em Porto Alegre, após concluir os ensinos fundamental e médio no colégio militar da região. “Nessa época, a gente acaba homenageando a mãe, que também se tornou pai. Mas ele me inspira em muito do que faço. Morreu para salvar uma criança. Hoje, quando consigo resolver o problema de um pequeno e vejo a felicidade no rosto dos pais, me sinto gratificado. Eu me lembro dele”, conta o filho mais velho.

Quando concluiu o curso de medicina pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), uma coincidência e uma deferência trouxeram Silvio Hollenbach de volta a Brasília. “Meu irmão estava no quartel e encontrou um general. Ao ver o sobrenome dele, o general perguntou: ‘Você é filho do sargento Hollenbach?’ Ele respondeu que sim e contou sobre minha formação. Logo, o general informou que viria dirigir o HFA no ano seguinte e que me queria na equipe”, conta o médico. Vinte anos depois da tragédia, Silvio voltava ao Hospital das Forças Armadas (HFA), onde há uma homenagem ao pai no auditório da unidade.




Tributos a Hollenbach, aliás, não faltam. Além do busto de bronze na entrada do Zoológico de Brasília, que leva seu nome, há reverências a ele em São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Porto Alegre. “Nunca me vi em uma situação como a que ele passou, de ter que colocar minha vida em risco para salvar outra. Acredito que era o destino dele”, diz.

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  3. 24/06/2016 18h05

    Salvo em fosso de ariranha há 39 anos no DF é preso em ação da PF

    Adilson Florêncio da Costa é ex-diretor do Postalis, investigado pelo MPF.
    Aos 13 anos, ele foi resgatado por militar que morreu mordido por animais.

    Gabriel Luiz G1 DF


    A Polícia Federal prendeu temporariamente nesta sexta-feira (24) em Brasília o ex-diretor financeiro do Postalis – o fundo de pensão dos Correios – Adilson Florêncio da Costa. Em 27 de agosto de 1977, aos 13 anos, ele foi salvo pelo sargento Sílvio Delmar Hollenbach ao cair no fosso de ariranhas do Zoológico de Brasília. O sargento morreu dias depois de infecção generalizada causada pela mordida dos animais. Hoje, como homenagem, o zoo leva o nome dele.

    Costa é um dos sete presos por determinação da Justiça Federal do Rio de Janeiro, na Operação Recomeço. A defesa de Costa considerou a prisão ilegal porque ele já prestou depoimento no inquérito aberto em 2013 e já deu esclarecimentos sobre o caso até na CPI dos Fundos de Pensão, na Câmara. Segundo a defesa, Costa "sempre esteve à disposição das autoridades".

    O objetivo da ação da ação da Polícia Federal é apurar o suposto desvio de recursos dos fundos de pensão Petros, da Petrobras, e Postalis, dos Correios, na aquisição de títulos mobiliários do Grupo Galileo.

    Houve busca e apreensão em Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. Além disso, a Justiça determinou o bloqueio de bens e ativos financeiros de 46 pessoas físicas e jurídicas, em valor superior a R$ 1,35 bilhão. O processo corre em sigilo.

    Da família da lontra, as ariranhas são mamíferos encontrados principalmente no Pantanal e na bacia do Rio Amazonas. São raros os casos em que chegam a atacar humanos. Segundo biólogos, a situação só acontece quando sentem que existe ameaça aos filhotes ou invasão ao seu território. Quando adultas, podem chegar a 1,80 metro de comprimento.

    Gaúcho, o sargento Sílvio Hollenbach servia no Hospital das Forças Armadas (HFA), no Cruzeiro. Hoje, o auditório do prédio também recebe o nome dele.
    Ao jornal Zero Hora, o filho do sargento, Sílvio Delmar Hollenbarch Júnior, afirmou não ter recebido sinal de gratidão pelo gesto do pai desde quando o episódio aconteceu. "Ele [Costa] nunca perguntou por nós. Mas não cobramos nenhuma atitude dele, seguimos nossas vidas", disse em entrevista, em março de 2010.


    Entenda a operação
    Na denúncia sobre supostas irregularidades no Postalis, o Ministério Público Federal alega que, em dezembro de 2010, o Grupo Galileo emitiu debêntures no valor de R$ 100 milhões para captar recursos para recuperar a Universidade Gama Filho.

    As investigações encontraram fortes indícios de que o dinheiro captado foi ilegalmente desviado para outros fins, em especial para contas bancárias dos investigados, de terceiros e de pessoas jurídicas relacionadas aos investigados, o que levou à quebra definitiva da Gama Filho e da UniverCidade, também mantida pelo grupo, e ao descredenciamento delas pelo Ministério da Educação em 2014, com danos a milhares de estudantes.


    O esquema também prejudicou os fundos de Pensão Postalis e Petros, que adquiriram em 2011 as debêntures do Grupo Galileo confiando na recuperação da Gama Filho. A operação causou perdas aos segurados no valor de R$ 90 milhões e também foi apurada pela CPI dos Fundos de Pensão na Câmara dos Deputados, cujo relatório final, aprovado em abril de 2016, concluiu pela irregularidade da compra dos títulos mobiliários e apontou indícios de graves ilícitos penais.

    24 de junho de 2016 17:41

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