domingo, julho 10, 2016
Muito
 já se falou sobre a questão do “Brexit”, que foi a votação histórica 
onde a população britânica decidiu pela saída do bloco da União 
Europeia.
Muitas
 pessoas ficam em dúvida sobre o porquê de ter havido uma adesão maciça 
dos liberais a um rompimento de acordo internacional que integrava 
economicamente o Reino Unido a outras nações, ampliando o mercado dos 
países envolvidos, especificamente a liberdade de comércio de produtos e
 serviços e livre-transporte de pessoas.
Essa adesão ocorreu porque integração econômica com um bloco não significa necessariamente o aumento da liberdade econômica.
Em outro texto,
 esclareci os tipos de acordos de bloco econômico que países podem 
acordar, são eles: área de tarifas preferenciais, área de livre 
comércio, união aduaneira, mercado comum, união econômica e integração 
econômica total.
As
 áreas de tarifas preferenciais e as áreas de livre comércio são acordos
 onde os países signatários concordam em isentar de tributação seus 
produtos e serviços, mas sem nenhuma integração política. Por conta 
disso, tais acordos são sempre benéficos e promotores de liberdade. É o 
caso da Aliança do Pacífico, acordo entre Chile, Colômbia, México e Peru
 para aumento do comércio entre esses países.
Todos
 os demais tipos de acordos internacionais para formação de blocos 
envolvem não somente o livre-comércio entre os signatários, mas também 
algum nível de integração política.
O,
 por exemplo, é uma união aduaneira, que além de liberar tarifas entre 
os signatários, exige dos membros que estes somente celebrem acordos de 
livre-comércio com países fora do bloco com autorização dos parceiros e 
em conjunto.
Esse
 tipo de arranjo claramente reduz a liberdade política, e até econômica,
 do país signatário, que acaba trocando o direito de negociar livremente
 com todos os países, em favor do acesso livre a mercados de alguns 
poucos países. Essa normalmente não é uma boa troca, e no caso do 
Mercosul para o Brasil certamente não é.
A
 União Europeia é um caso ainda mais grave. Como união econômica, a UE 
legisla sobre a circulação de pessoas, bens e serviços dentro e fora do 
bloco, além de possuir moeda comum, parlamento e estruturas de governo, 
notadamente pouco democráticas pela sua própria lógica, excessivamente 
centralizadora.
Para
 um país como o Reino Unido, ele fica proibido de negociar acordos 
comerciais favoráveis com outros países do mundo sem a autorização da 
União Europeia, impondo inclusive regulações econômicas que podem ser 
prejudiciais a aquele membro, tal como ocorre no caso da cota de pesca, 
com privilégio para os países nórdicos.
Na
 prática, a concentração de poder na esfera europeia, com aumento da 
burocracia, da tributação, da máquina pública europeia e das regulações,
 está reduzindo a liberdade política, e principalmente econômica, do 
outrora glorioso império britânico.
Isto
 posto, o “brexit” é, antes de tudo, um grito em defesa da globalização,
 aqui entendido como a liberdade econômica entre nações, e um grito 
contra o globalismo, que é a integração política centralizadora e 
antidemocrática de nações. Globalização e globalismo são duas ideias 
claramente antagônicas.
Se alguém tiver alguma dúvida sobre isso, basta ver o extraordinário discurso do parlamentar europeu britânico Nigel Farage,
 ao dizer que o Reino Unido quer sair da União Europeia, mas pretende 
assinar tratados de livre-comércio com o bloco, nesse espírito de 
liberdade econômica sem subserviência política.
Se
 tais negociações renderem frutos, estaremos de frente com uma nova, e 
melhor, postura dos estados-nação frente ao sensível tema do comércio 
global, com mais liberdade em todas as áreas.
Um
 viva ao “brexit” britânico, e já que estamos brincando com as palavras 
“exit”(saída) e as letras “br” (de Bretanha), por que não usá-las para o
 também “br” Brasil?
Precisamos de um “bra exit” brasileiro, ou seja, é o hora de um “Bradeus”!

 
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