De acordo com o brasileiro Roberto Azêvedo, pronunciamento foi 'propício' e 'muito compatível' com o que ocorre no mundo
Jussara Soares
BRASÍLIA — O diretor–geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), o embaixador brasileiro Roberto Azêvedo, elogiou o discurso de posse do chanceler Ernesto Araújo, que, ao assumir o Ministério das Relações Exteriores, prometeu "libertar a política externa brasileira". Segundo o diplomata, o discurso foi "propício" e "muito compatível" com tudo o que está acontecendo no mundo.
— Acho que (o discurso) foi muito propício, muito compatível com tudo o que está acontecendo — disse Azêvedo, após um encontro na tarde desta quinta–feira com o presidente Jair Bolsonaro e o chanceler no Palácio do Planalto.
Azevêdo defendeu o discurso do chanceler pregou contra o globalismo. Segundo ele, o conceito trata–se da "aceitação das regras, dos conceitos internacionais sem visão crítica" e precisa ser repensado.
— É aceitar como está. Eu entendo que temos que repensar isso (globalismo) — pontuou.
O embaixador afirmou que o Brasil não é o único a ver "deficiência" e "ineficiência" no sistema multilateral de comércio. Segundo ele, a própria OMC está passando por uma reformulação.
— A OMC está sendo reformada porque há uma percepção de vários países membros de que o sistema multilateral precisa se repensar, ele precisa ser arejado, precisa ser modificado, precisar reagir de maneira mais efetiva aos interesses dos países membros. O Brasil, acho, entende as coisas dessa forma também.
O embaixador defendeu que os acordos bilaterais, defendidos pelo governo Bolsonaro, são mais efetivos dos que o sistema multilateral.
— Eles deixaram muito claro que a ideia é usar os mecanismos internacionais, a própria OMC, de uma maneira que evidentemente sirva aos interesses brasileiros. Eu tenho dito que o caminho bilateral é importantíssimo e tem que ser trilhado. Ele é mais rápido, é mais efetivo sobretudo nas negociações tarifárias e de acesso a mercado — disse.
O diretor–geral da OMC evitou comentar os possíveis impactos comerciais com países árabes diante da intenção do governo Bolsonaro de mudar a Embaixada Brasileira em Israel de Tel–Aviv para Jerusalém.
— Não tratamos desses assuntos. Falamos mais em contexto geral, não tratamos de temas particulares, muito menos relações bilaterais ou coisas desse tipo. Falamos mais do fato do Brasil, uma das dez maiores economias do mundo, inevitavelmente terá interesses diversificados, diversos em vários mercados, em que essa complexidade do comércio exterior brasileiro tem que ser muito bem pensada, muito bem avaliada, mas não nos detivemos em nenhum tema.
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