Valor Econômico – OCDE buscará consenso para avançar com ampliação e ingresso do Brasil
Entidade quer tentar, nas reuniões do conselho de representantes na OCDE, definir uma nova sequência de abertura de negociações com os seis países que estão na fila de entrada
Por Assis Moreira — De Riad
A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) quer buscar um consenso em março e abril junto aos países-membros para o início de negociações para entrada novos países à entidade, tendo o Brasil em primeira linha.
“A questão não é mais se temos prioridade pelo Brasil da parte dos EUA. Isso está definido positivamente. [Mas] os países europeus têm interesse também na [entrada] da Romênia, Croácia, Bulgária, que estão há anos esperando”, disse ao Valor o secretário-geral da OCDE, Angel Gurría.
Uma fórmula apresentada no ano passado colocava a Argentina e a Romênia como os primeiros países a começar negociações. Mas, depois da eleição do novo governo na Argentina, em outubro, o governo dos EUA alterou sua posição e agora colocou o Brasil na frente dos outros. Só que o processo de ampliação da entidade como um todo continua paralisado por divergências entre os países.
Gurría diz querer mais que testar, e sim realmente tentar, nas reuniões do conselho de representantes na OCDE definir uma nova sequência de abertura de negociações com os seis países que estão na fila. Isso sem esperar a conferência ministerial anual, em maio, para decidir.
Se nada estiver resolvido até lá, o conselho de representantes pode continuar discutindo sobre a acessão de novos países nos meses seguintes.
Gurría alertou que, uma vez iniciada a negociação, deve-se prever de três a quatro anos para um país concluir o pacote de adesão e tornar-se membro. Significa que, se o Brasil começar ainda as negociações ainda neste ano, dificilmente entrará na OCDE antes de 2022.
Em Riad, capital da Arábia Saudita, à margem da reunião de ministros da Economia e presidentes dos bancos centrais dos países do G-20, o G-20 financeiro, o secretário de assuntos econômicos internacionais do Ministério da Economia, Erivaldo Gomes, sugeriu aos EUA, Reino Unido e França “pragmatismo” para desbloquear o processo de alargamento da OCDE.
Em encontros bilaterais, Gurría observou que, de um lado, a entrada na OCDE ajuda na dinâmica das reformas no Brasil. E, de outro, isso terá impacto significativo para as multinacionais, que passarão a ter redução de custos administrativos e tributários no país.
Por sua vez, uma fonte europeia duvida que alguma decisão sobre a entrada de novos países seja tomada tão cedo. “Os EUA já deram a mensagem de que sua prioridade é sucessão, não acessão” - ou seja, quem vai substituir Gurría na direção da entidade a partir de meados do ano que vem e não quem serão os novos países-membros.
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