20 de Maio de 2016
Por Mario Sabino
A
criminalidade que mata, fere e aleija é um assunto lateral da política,
reservado ao discurso dos demagogos. E, no entanto, a criminalidade é
onipresente no cotidiano de todas as classes sociais, em especial as
mais pobres, que não têm o refrigério de, às vezes, experimentar a
libertação de andar numa rua de nação desenvolvida.
O
Brasil é o país com o maior número absoluto de homicídios por ano. Em
2014, foram 59.627. Ou 29 em cada 100.000
habitantes. Para mostrar como estamos longe da civilização, na Itália, a
proporção é de 0,9 por 100.000 habitantes. Sim, a Itália das grandes
máfias.
Mais
um susto estatístico: somos responsáveis por 10% de todos os
assassinatos cometidos no planeta, embora sejamos apenas 3% da população
mundial. O Brasil é de uma ferocidade bem calculada.
Em
2006, coordenei uma edição da Veja dedicada à criminalidade brasileira.
Os repórteres levantaram as suas causas. Falta de policiamento
ostensivo, investigação precária, leniência penal e sistema prisional em
ruínas estão na base do nosso medo de levar um tiro. A porosidade das
fronteiras também. Publicamos um mapa detalhado, para
mostrar por onde entram drogas, armas e contrabando de bens. A edição
foi muito elogiada por políticos, mas desde então a situação só fez
piorar.
Recentemente,
ouvi de um ministro que o Exército não queria ajudar no combate a
traficantes e contrabandistas, porque os comandantes tinham medo de que
oficiais e soldados passassem para o lado dos bandidos.
Estamos perdidos.
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sexta-feira, 20 de maio de 2016
Estamos perdidos
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