sábado, 21 de maio de 2016

A Perspectiva Conservadora da Nação


O novo cenário político aberto com a derrota da esquerda petista no plano institucional e sua remoção do poder, nos permite estabelecer determinadas certezas, assumindo obviamente os riscos que as pretensas certezas comportam numa análise política. Mas é possível afirmar com bastante segurança que:


a)
 Michel Temer não é presidente interino nem Dilma a presidente afastada, como a imprensa vem tratando cerimoniosamente. Temer governará até as próximas eleições presidenciais, e conforme estabelece o texto constitucional. Da mesma forma, Dilma já é para todos os efeitos que interessam a ex-presidente deposta por meio de um processo de impeachment, também conforme estabelecido no texto constitucional. O que nos permite fazer essa afirmação com razoável segurança é o entendimento de que seria irreal imaginar que o Senado daqui há poucos meses decida simplesmente devolver o poder ao petismo, depois que o presidente Michel Temer tiver dado os contornos finais a seu governo e tiver constituído a maioria em ambas as casas do parlamento.


b)
 Os atalhos que o moribundo petismo e seus aliados na esquerda estão tentando emplacar para retornar ao poder pela porta dos fundos, através da convocação de novas eleições ainda esse ano, não irão prosperar pelas mesmas razões acima: essa proposta demandaria a aprovação de uma emenda constitucional, o que exige dois terços dos votos do parlamento. A esquerda não conseguiu nem mesmo um terço dos votos necessários para barrar o impeachment. Portanto, a chance de tal proposta prosperar é próxima de zero. Dessa forma, entendemos que não faz sentido a direita e os conservadores gastarem energia e tempo contestando tal proposta, pois ela não passa de palavra de ordem de efeito nulo para manter o pouco que restou da militância de base petista se ocupando de alguma coisa para fazer.


c)
 A falsa polarização tucanos versus petistas, que marcou por mais de duas décadas o nosso cenário político, acabou. É o fim dessa polarização que explica em parte o comportamento que beira a insânia que determinado colunista alinhado à socialdemocracia vem adotando em seus ataques histéricos à direita, conforme mostramos em artigo anterior a esse. Essa falsa polarização, que sempre foi adequada e conveniente para tucanos e petistas em vista do muito que ambos têm em comum, teve seu último capítulo na eleição passada. Uma eleição em que a apesar de a vitória petista ter reunido todas as evidências de fraude, o candidato tucano fez questão de reconhecer de imediato sua derrota, desarmando assim a possibilidade de um movimento político na sociedade civil de contestação à legitimidade do pleito. Mas essa falsa polarização não voltará a ocorrer mais no âmbito da disputa real de poder. A disputa de poder no país se dará, principalmente a partir das próximas eleições presidenciais, entre o centro e a direita.


d)
 A derrota do petismo não representou a derrota da esquerda na esfera da guerra cultural. Nessa esfera a esquerda ainda detém os meios necessários para se manter na ofensiva gramsciana em que tem estado nas últimas décadas. Mas é importante ter em mente que a conquista do impeachment se deu também em um ambiente de questionamento, ao menos entre a parcela da população informada, à agenda ideológica que a esquerda vinha há décadas nos impondo sem encontrar resistência. E essa recusa crescente em aceitar passivamente as narrativas da esquerda para a história recente do país, bem suas explicações e pretensas soluções para nossos problemas, ocorre na mesma proporção em que essa parcela informada da população se dá conta dos fracassos das políticas públicas adotadas pela esquerda quando está no poder. Portanto, embora enfatizemos que no âmbito da guerra política a esquerda ainda detenha a dianteira, essa mesma esquerda não irá mais ter capacidade de prosseguir na promoção de sua engenharia social gramsciana com a mesma desenvoltura que fazia ate há pouco tempo.


Diante desse pano de fundo, cabe à direita conservadora compreender as novas perspectivas conservadoras que se abrem para a nação em vista dos limites de atuação que a esquerda tem hoje, tanto na esfera institucional, onde a margem de manobra da esquerda se reduziu dramaticamente, quanto na esfera da guerra cultural, onde ela já não mais atua sozinha sem ser contestada. No entanto, a nossa percepção é que a direita, até mesmo por uma falta de liderança política efetiva, e que não deve ser confundida com a popularidade incontestável desfrutada por alguns de seus integrantes, ainda não se deu conta desse novo cenário e das enormes possibilidades de adotar uma postura política mais agressiva e propositiva.


Em vez de adotar essa postura mais agressiva, a direita ainda se limita a ser apenas responsiva aos embates políticos trazidos pela esquerda, permitindo que essa ainda continue pautando a disputa ideológica. Como dissemos em artigo anterior, a direita conservadora ainda precisa se dar conta da real dimensão da derrota política que a sociedade impôs ao petismo. Uma vez compreendida a dimensão dessa derrota, a direita deverá começar a estabelecer sua estratégia para, pela primeira vez em décadas, ser a força política que vai determinar a pauta e a agenda política do país, numa perspectiva conservadora a qual a nação sempre esperou.





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