sábado, 21 de maio de 2016

Não Podemos Subestimar Nossa Vitória



paulo eneas 16/05/2016

A verdadeira guerra diplomática declarada contra o país pela ditadura socialista cubana e pelas proto-ditaduras bolivariano-socialistas do continente, especialmente a venezuelana, deveria servir de um indicativo da medida do quanto a derrota do projeto de poder do petismo calou fundo em toda a esquerda latino-americana articulada em torno do Foro de São Paulo. Mas em nosso entender, muitos analistas e autores não estão captando ainda a devida dimensão desse fato e, por conseguinte, estão produzindo avaliações que julgamos erradas sobre a natureza do governo Michel Temer e do próprio significado do impeachment.

Em primeiro lugar, como já apontamos aqui, o novo governo não é um governo de direita nem representa a ruptura com o estamento burocrático que domina a vida pública do país desde o advento da república. Em segundo lugar, a despeito disso, o novo governa representa sim a ruptura com um projeto de esquerda específico que estava em curso há treze anos e que levaria o país inevitavelmente a uma venezuelização. Uma ruptura que nunca esteve nos planos petistas e por extensão do próprio Foro de São Paulo.

Essa caracterização é importante para que se tenha claro a real dimensão do impeachment: ele representou uma derrota concreta das estratégias que a esquerda latino-americana vem adotando há décadas no continente. Estratégias essas que incluíam um arranjo geopolítico no qual cabia um papel central e ao mesmo tempo subalterno ao nosso país. O papel de ser o principal financiador dos projetos de poder socialista no continente, enquanto que a liderança política regional ficava a cargo do falecido Hugo Chaves, atuando sob as ordens e supervisão diretas de Cuba.

O impeachment representou a quebra desse arranjo geopolítico e econômico regional. Um arranjo que serviu inclusive para abertura do continente sul-americano à influência russa e para a facilitação do trânsito de terroristas islâmicos e para incrementar os negócios do narcotráfico, o que transformou o Brasil no principal hub do tráfico internacional de drogas. Não foi por coincidência que esse arranjo geopolítico regional começou a se fortalecer há oito anos, quando Barach Obama assumiu a Casa Branca.

Não fossem a conivência e leniência dos EUA nesse período com a expansão de projetos socialistas na região, não teríamos assistido ao paroxismo de uma situação geopolítica na qual o subcontinente latino-americano se transformou por inteiro em zona de influência de uma ilha-prisão governada por uma dinastia ditatorial socialista. E essa leniência e essa conivência foram reafirmadas recentemente na visita de Obama a Cuba.

O impeachment vai ter, e já está tendo, o efeito de desmonte desse arranjo geopolítico regional e trata-se, portanto, de uma vitória que não podemos subestimar. E muito menos podemos enxergar nessa vitória nossa algum ganho estratégico mais sutil por parte do inimigo. O impeachment não representou ganho de qualquer natureza por parte da esquerda, pois não estava em seus planos ser apeada do poder, especialmente em um contexto de rejeição por amplos segmentos da população ao discurso tradicional esquerdista.

O que cabe à direita agora é ser menos reativa, compreender que estamos nesse momento na condição de exercer o protagonismo, de trazermos nossa agenda para o cenário político nacional, para apresentá-la à sociedade, que é conservadora e espera por isso, e para pressionar o novo governo a adotá-la. E exatamente por isso nesse momento resta à esquerda somente espernear, ainda que esse esperneio se dê por meio de uma guerra diplomática. Uma guerra que espelha a dimensão de sua derrota ao mesmo tempo em que mostra sua ausência de opções.



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