paulo
eneas 16/05/2016
A verdadeira guerra diplomática declarada contra o
país pela ditadura socialista cubana e pelas proto-ditaduras
bolivariano-socialistas do continente, especialmente a venezuelana, deveria
servir de um indicativo da medida do quanto a derrota do projeto de poder do
petismo calou fundo em toda a esquerda latino-americana articulada em torno do
Foro de São Paulo. Mas em nosso entender, muitos analistas e autores não estão
captando ainda a devida dimensão desse fato e, por conseguinte, estão
produzindo avaliações que julgamos erradas sobre a natureza do governo Michel
Temer e do próprio significado do impeachment.
Em primeiro lugar, como já apontamos aqui, o novo
governo não é um governo de direita nem representa a ruptura com o estamento
burocrático que domina a vida pública do país desde o advento da república. Em
segundo lugar, a despeito disso, o novo governa representa sim a ruptura com um
projeto de esquerda específico que estava em curso há treze anos e que levaria
o país inevitavelmente a uma venezuelização. Uma ruptura que nunca esteve nos
planos petistas e por extensão do próprio Foro de São Paulo.
Essa caracterização é importante para que se tenha
claro a real dimensão do impeachment: ele representou uma derrota concreta das
estratégias que a esquerda latino-americana vem adotando há décadas no
continente. Estratégias essas que incluíam um arranjo geopolítico no qual cabia
um papel central e ao mesmo tempo subalterno ao nosso país. O papel de ser o
principal financiador dos projetos de poder socialista no continente, enquanto
que a liderança política regional ficava a cargo do falecido Hugo Chaves, atuando
sob as ordens e supervisão diretas de Cuba.
O impeachment representou a quebra desse arranjo
geopolítico e econômico regional. Um arranjo que serviu inclusive para abertura
do continente sul-americano à influência russa e para a facilitação do trânsito
de terroristas islâmicos e para incrementar os negócios do narcotráfico, o que
transformou o Brasil no principal hub do tráfico internacional de
drogas. Não foi por coincidência que esse arranjo geopolítico regional começou
a se fortalecer há oito anos, quando Barach Obama assumiu a Casa Branca.
Não fossem a conivência e leniência dos EUA nesse
período com a expansão de projetos socialistas na região, não teríamos
assistido ao paroxismo de uma situação geopolítica na qual o subcontinente
latino-americano se transformou por inteiro em zona de influência de uma
ilha-prisão governada por uma dinastia ditatorial socialista. E essa leniência
e essa conivência foram reafirmadas recentemente na visita de Obama a Cuba.
O impeachment vai ter, e já está tendo, o efeito de
desmonte desse arranjo geopolítico regional e trata-se, portanto, de uma
vitória que não podemos subestimar. E muito menos podemos enxergar nessa
vitória nossa algum ganho estratégico mais sutil por parte do inimigo. O impeachment
não representou ganho de qualquer natureza por parte da esquerda, pois não
estava em seus planos ser apeada do poder, especialmente em um contexto de
rejeição por amplos segmentos da população ao discurso tradicional esquerdista.
O que cabe à direita agora é ser menos reativa,
compreender que estamos nesse momento na condição de exercer o protagonismo, de
trazermos nossa agenda para o cenário político nacional, para apresentá-la à
sociedade, que é conservadora e espera por isso, e para pressionar o novo
governo a adotá-la. E exatamente por isso nesse momento resta à esquerda
somente espernear, ainda que esse esperneio se dê por meio de uma guerra
diplomática. Uma guerra que espelha a dimensão de sua derrota ao mesmo tempo em
que mostra sua ausência de opções.
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